Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
Veja esse belo vídeo com Pedro Lamares recitando “Quando vier a primavera”
7-11-1915
– Alberto Caeiro “Quando vier a Primavera” de “Poemas Inconjuntos”. in: Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (10ª ed. 1993). – 87.
1ª publicação. in “Poemas Inconjuntos”. In Athena, nº 5. Lisboa: Fev. 1925.
Mais sobre e com Fernando Pessoa
Fernando Pessoa – o poeta de múltiplos eus
Fernando Pessoa (poemas e textos)
por Rone Carvalho . Quando a dançarina e coreógrafa americana Katherine Dunham (1909-2006) chegou para…
“Todos os projetos musicais e artísticos que abordam a vida e obra de Heitor Villa-Lobos…
por Edison Veiga* . Em 11 de janeiro de 1928, a pintora Tarsila do Amaral…
De longa experiência e contribuição na música brasileira, acompanhando nomes como Paulinho da Viola, Roberto…
O ano de 2024 marca as celebrações dos 70 anos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo…
“O Som É Cruel” acaba de chegar nas plataformas digitais, com uma peculiaridade - é…