Cada um por si, são um assombro. Mas juntos proporcionam um espetáculo musical de espantosa criatividade, na combinação do violão de sete cordas de Yamandu Costa com a gaita-ponto (instrumento semelhante ao acordeão) de Renato Borghetti. Gravaram um CD e DVD resultante desta feérica parceria, em 2017, em quarteto, com Daniel Sá no violão e Guto Wirtti no contrabaixo.
Virtuosismo e equilíbrio
“A gente foi para o estúdio com a ideia de gravar, e na hora veio o repertório”, conta Renato. “Não foi preparado antes. Foram dois dias de gravação e aproveitámos para ver músicas que a gente já tocava e outras que não tocávamos.” O grande desafio de gravar em quarteto (“Individualmente são todos muito bons”) foi, diz ele, “equilibrar tudo isso, porque só com muito virtuosismo e muitas notas, o conteúdo se esvai e não fica tão interessante o resultado. Há uma forma de tocar característica minha, ou do Yamandu, que é o virtuosismo, a velocidade, mas é preciso equilibrar, senão não fica bonito.”
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Já Yamandu diz que procurou adequar-se ao repertório de Borghetti. “Ele tem um repertório que já toca e, quando a gente se encontra, eu me adequo mais ao repertório dele do que outra coisa. A intenção do DVD era registar essa amizade. Porque o Renato foi também, para mim, como um padrinho musical. Porque ele foi o primeiro a levar-me para tocar fora do Rio Grande do Sul, quando eu era adolescente; através dele eu conheci o empresário que trabalha comigo até hoje; e a primeira vez que eu fui para a América [EUA] foi com ele. Então, foi Renato que ‘empurrou’ a minha carreira.”

Disco ‘Borghetti Yamandu’ • Renato Borghetti e Yamandu Costa • Selo Bagual • 2017
Músicas / compositores
1. Redomona (Edson Dutra e Frutuoso Araújo)
2. Barra do Ribeiro (Guinha Ramirez)
– pot-pourri –
3.1. Prenda minha (Domínio público) / folclore do Rio Grande do Sul.
3.2. Hino ao Rio Grande (Simão Goldman)
3.3. Chula (Domínio público) / folclore do Rio Grande do Sul.
3.4. Balaio (Domínio público) / folclore do Rio Grande do Sul.
4. Fronteira (Renato Borghetti e Daniel Sá)
5. Laçador (Alegre Corrêa)
6. La casa del chamamé (Antonio Tarrago Ros)
7. Passo Fundo (Daniel Sá)
8. Pedro no sapato (Renato Borghetti)
9. Pulo do grilo (Renato Borghetti e Daniel Sá)
– pot-pourri –
10.1. Rancheirinha (Geraldo Flach)
10.2. Terça-feira (Alegre Corrêa)
10.3. Rancheira para Don Carlos (Rafael Koller)
11. Hino riograndense (Joaquim José de Mendanha e Francisco Pinto da Fontoura)
12. Sétima do Pontal (Renato Borghetti e Veco Marques)
13. Taquito militar (Mariano Mores)
– ficha técnica –
Renato Borghetti (gaita ponto – fx. 1-13) | Yamandu Costa (violão 7 cordas – fx. 1-13) | Daniel Sá (violão – fx. 2.1, 4, 5, 7, 9, 10.1, 10.2, 10.3) | Guto Wirtti (contrabaixo – fx. 2.1, 2.2, 2.3, 2.4, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10.1, 10.2, 10.3, 12, 13) | Direção musical e arranjos: Renato Borghetti e Yamandu Costa | Direção de produção: Vivian Schäfer | Produção executiva: Luís Eduardo Muniz | Produção dos artistas: Maria Celia Borges e Marcos Borghetti | Estúdio de captação de som e mixagem 2.0: Soma | Técnico de gravação e mixagem: Tiago Becker | Técnico assistente: Clauber Scholles | Projeto gráfico e ilustrações: Rodrigo Rosa | Masterização: Marcos Abreu | Gravado ao vivo em Porto Alegre/2011 e na Barra do Ribeiro/2017 | Selo: Bagual | Formato: CD Físico – Digital / DVD | Ano: 2017 | Lançamento: 18 de setembro | ♪Ouça o álbum: Spotify / Deezer / Apple music / Youtube.
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Mais sobre o disco:
LUCCHESE, Alexandre. Yamandu Costa e Renato Borghettti lançam CD e DVD em que celebram a música regional. In: Zero Hora, 11.9.2017. Disponível no link. (acessado em 7.7.2023)
Sobre os artistas
Renato e Yamandu nasceram ambos no Rio Grande Sul, na região gaúcha do Brasil, com dezassete anos de diferença, o primeiro em Porto Alegre, em 23 de Julho de 1963, e o segundo em Passo Fundo, em 24 de Janeiro de 1980. Renato Borghetti começou na música aos 10 anos, a tocar uma gaita-ponto que recebeu do pai, acabando por tornar-se rapidamente uma atracção no Centro de Tradições Gaúchas que o pai liderava. Gravou até hoje dezenas de discos, e começou bem: Gaita-Ponto, o seu disco de estreia, foi o primeiro álbum instrumental brasileiro a receber um disco de ouro (100 mil cópias).
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Yamandu, também filho de músicos (a cantora Clari Marson e o trompetista e violonista Algacir Costa), recebeu inspiração musical dos pais, mas também dos países vizinhos, Argentina e Uruguai. Começou a estudar violão aos 7 anos, com o pai, e chegou a tocar guitarra eléctrica. A técnica incrível que hoje tem, no violão de 7 cordas, desenvolveu-a de forma autodidacta. Primeiro a ouvir a música de Radamés Gnatalli, e depois Baden Powell, com quem tocou. Tem duas dezenas de discos gravados, a solo ou em parceria.
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LIVRO – Yamandu Costa – Violão Sem Fronteiras, livro escrito por Ricardo Viel
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> Siga: @yamandu.costa.oficial | @renatoborghettioficial
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Série: Discografia da Música Brasileira / Memória da música brasileira / música instrumental / Álbum
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske