Pobres, verdadeiramente pobres, são os que não têm tempo para perder tempo.
Pobres, verdadeiramente pobres, são os que não têm silêncio e nem podem comprá-lo.
Pobres, verdadeiramente pobres, são os que têm pernas que se esqueceram de andar, como as asas das galinhas, que se esqueceram de voar.
Pobres, verdadeiramente pobres, são os que comem lixo e pagam por ele como se fosse comida.
Pobres, verdadeiramente pobres, são os que têm o direito de respirar merda, como se fosse ar, sem pagar nada por ela.
Pobres, verdadeiramente pobres, são os que não têm liberdade senão para escolher entre um e outro canal de televisão.
Pobres, verdadeiramente pobres, são os que vivem dramas passionais com as máquinas.
Pobres, verdadeiramente pobres, são os que sempre são muitos e sempre estão sós.
Pobres, verdadeiramente pobres, são os que não sabem que são pobres.
Trecho retirado do livro “De pernas pro ar”, de Eduardo Galeano. tradução Sergio Faraco. L&PM, 1998.
Mais sobre Eduardo Galeano:
Eduardo Galeano (textos, vídeos, crônicas e contos)
O cantor, compositor e instrumentista Tiganá Santana lança seu sétimo disco 'Caçada Noturna', pelo selo…
O grupo Os Tapetes Contadores de Histórias, com 25 anos de uma trajetória premiada e…
Cia. do Despejo faz crítica à necropolítica brasileira no espetáculo de teatro-dança ‘IRETI’, inspirado na…
Cia do Polvo une a magia do circo com teatro e dança em novo espetáculo Dual .…
O Núcleo de Criação do Pequeno Ato celebra uma década premiada de trabalho com o…
Espetáculo da cantora carioca e do compositor paulista acontece no dia 15 de maio, no…