Cultura e sociedade

O desespero de Sinéad O’Connor e a desumanização da sociedade

Muitos perguntam “Quanto ganhas?”, poucos perguntam “Em que posso ajudar?”; muitos querem saber “Em que trabalhas?”, poucos se preocupam: “És feliz?”
– por António Soares

Esta desumanização é consequência da sociedade de consumo na qual todos somos todos pequenos capitalistas Consumimos e esquecemos quase com a mesma facilidade um produto e uma emoção.

Todos sabemos de um pai abandonado ou uma mãe violentada, um filho rejeitado, um animal espancado. Torna-se ainda mais fácil quando o outro é desconhecido ou um número na engrenagem de uma qualquer indústria. Muitos perguntam “Quanto ganhas?”, poucos perguntam “Em que posso ajudar?”; muitos querem saber “Em que trabalhas?”, poucos se preocupam: “És feliz?”. E afastam-se se não te sentem a utilidade, se não lhes transpira ao faro algum proveito, se lhes fricciona na nuca a maçada que trazes.

O primeiro pecado mortal deveria ser a ingratidão. Humanizar o capitalismo sempre foi utopia; sentir a necessidade humanizar a humanidade é tomar consciência de que talvez nada haja a fazer.

Com depressão, Sinéad O’Connor faz vídeo alarmante sobre a doença

Sinéad O’Connor é uma cantora irlandesa de 50 anos de idade que já lançou dez discos de estúdio e explodiu no mundo inteiro logo na sua estreia com The Lion and the Cobra, de 1987.

Três anos depois veio I Do Not Want What I Haven’t Got e nele aparece a versão incrível de “Nothing Compares 2 U”, do Prince, que tornou uma espécie de marca registrada da artista.

Seu último álbum é I’m Not Bossy, I’m The Boss (2014) e já há algum tempo existem relatos de que Sinéad está passando por problemas bastante sérios relacionados à depressão.

“De repente todas as pessoas que deveriam te amar e tomar conta de você te tratam como merda. É como uma caça às bruxas.”

“Eu estou completamente sozinha. E não há ninguém na minha vida além do meu médico, meu psiquiatra, o homem mais doce do mundo, que diz que eu sou sua heroína, e essa é a única coisa que me mantém viva no momento. E isso é meio patético”, afirma O’Connor.

“Espero que este vídeo de alguma forma ajude, não eu, mas as milhões e milhões de pessoas que são como eu”, diz. “Consegui escapar do meu país, do meu estigma, de tudo o que significava que era ok usar o fato de que eu tenho três transtornos mentais como algo para me bater”, conta O’Connor.

“É o estigma que mata pessoas, não são os transtornos”

“Transtornos mentais são como drogas. Não dão a mínima para quem você é.”

Fonte: Público.pt | G1 

Revista Prosa Verso e Arte

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