Mais uma vez o Cordão do Boitatá aproveitou o tempo entre um carnaval e outro para sair um instante da rua e se dedicar a um “concentra mais não sai” em estúdio de gravação, brindando a música popular brasileira com mais um álbum de tirar o fôlego, como é capaz de fazer um consagrado bloco de carnaval.
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“DOS PÉS À CABEÇA NA PRAÇA” é o repertório autoral do Cordão, o da casa, o do palco, o do barracão, com composições próprias de seus integrantes e canções consagradas de autores brasileiros, um álbum reflexivo, mas não menos dançante.

Este novo lançamento do Cordão do Boitatá é a confirmação, sem medo de errar, de que o carnaval carioca se tornou outro desde que o Cordão se lançou às ruas da cidade e tem ocupado palcos do Brasil e do mundo ao longo de seus vinte oito anos de existência.
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O Boitatá é o carnaval da música instrumental, da música cantada, mas que rejeita qualquer canto que passe por preconceitos. Um carnaval das nossas matrizes africanas culturais e religiosas. Um carnaval político, atuante, um carnaval da democracia, um carnaval da utopia.

Seguindo a força do axé que alimenta o Cordão, o grupo irá lançar em abril o segundo álbum deste projeto, já gravado, contemplando outros aspectos de sua criatividade, o trabalho chamado “DOS PÉS À CABEÇA NA RUA”. Um álbum dedicado ao cortejo nas ruas, Exú abrindo caminho garantindo a festa. Repertório também potente de canções para brincar, pular o carnaval e cantar, mas com a característica dos bem cuidados arranjos orquestrais, uma marca do Cordão.
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Enquanto NA RUA não chega, nos deliciemos com NA PRAÇA, o carnaval do Cordão do Boitatá, o carnaval da música, da alegria e da fé.

revistaprosaversoearte.com - Música, alegria e fé. O espírito carioca do Cordão do Boitatá no álbum 'Dos Pés à Cabeça na Praça'
Cordão do Boitatá – foto ©Micael Hocherman

DOS PÉS À CABEÇA NA PRAÇA – Faixa a faixa
1 – CANTIGA DE CABOCLO (Domínio público – Texto de Wanda D’ Omolu)
A abertura que precede a primeira canção do álbum, localiza o universo da fé nos ancestrais africanos, elemento fundamental na estrutura cultural do Cordão do Boitatá. Pelas vozes de Buka, saudando o Caboclo Roxo e Yá Wanda de Omulu saudando Exú, ambientados por envolvente som de flauta, o ouvinte é convidado a ingressar no espaço de positividade e axé que o Cordão irá desfilar ao longo do álbum.
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2 – COISA N. 4 (Moacir Santos)
Consagrada composição de Moacir Santos, abertura dos carnavais do Cordão na Praça XV, apresentada aqui com belo arranjo de metais sublinhado pela percussão vigorosa do Cordão capitaneada por Paulino Dias.
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3 – SAMBA DE OSWALDO CRUZ (Kiko Horta e Marquinhos de Oswaldo Cruz)
Kiko Horta e Marquinhos de Oswaldo Cruz, parceria inédita, fazem a ponte entre Madureira e Botafogo para falar de um romântico carnaval de tempos passados, na voz marcante de Moyséis Marques, um dos vocalistas do Cordão. Paulão 7 Cordas, craque em arranjos de samba, divide a autoria do arranjo com Kiko Horta. Paulão na base e Kiko nos sopros.

4 – ESTAÇÃO DERRADEIRA (Chico Buarque)
Bela homenagem à Mangueira através do samba de Chico Buarque recheado de elementos do universo do Cordão do Boitatá. Mariana Baltar, uma das vocalistas do Cordão, se destaca no bonito e elaborado arranjo de Josimar Carneiro.
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5 – CHEGANDO NO RIO (Edu Neves)
A matriz africana do Ijexá abre o arranjo e composição de Edu Neves apontando o caminho na direção das mais saudosas gafieiras cariocas. Os improvisos de Edu e Kiko Horta nos remetem aos grandes nomes da música instrumental para dança, bailado de flauta e acordeon, com muito suingue.
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6 – DOS PÉS À CABEÇA (Marina Iris e Manu da Cuíca)
Faixa título dos álbuns, de autoria de Marina Iris e Manu da Cuíca, no mais elevado espírito carnavalesco na levada do ijexá, conclamam o folião a esquecer de tudo, se deixar se levar pelo cortejo do Boitatá e beijar o sol da manhã. Melhor dos mundos. Bem-sucedida parceria de arranjo com base de Kiko Horta e sopros de Thiago Queiroz.
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7 – NAÇÃO VERTENTE (Alcinéia Martins e Walmir Aragão) Homenagem ao bloco afro Agbara Dudu de Madureira.
O histórico grupo afro carioca Agbara Dudu é aqui recebido pelo Cordão do Boitatá. Símbolos de atitude e resistência cultural, Agbara e Boitatá são frutos de uma mesma nação. A nação do respeito, da liberdade e da igualdade. Comemoração de trinta e cinco anos de Agbara numa pegada samba reggae, com inspiração baiana, caprichosamente orquestrada por Kiko Horta. A autora Alcinéia Martins interpreta a canção.

8 – CABANA DE XANGÔ (Kiko Horta e Lazir Sinval)
Kiko Horta e Lazir Sinval, outra intérprete do Cordão, se uniram para compor esse jongo em homenagem ao terreiro de Vovó Maria Joana, símbolo maior do Jongo da Serrinha. É o Cordão do Boitatá desfilando por mais um ritmo ancestral homenageando mais uma vez que tem que ser homenageado sempre. Jongo e candomblé. É a fé de origem africana mais uma vez sendo base para o carnaval do Cordão. E nada mais preciso que ter Lazir solando o tema, uma integrante histórica do Jongo da Serrinha. Destaque para o respeitoso e saboroso arranjo de Kiko Horta.
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9 – JOGO DO AMOR (Kiko Horta, HBC e Vidal Assis)
Mais Brasil, impossível. Samba, carnaval e futebol nessa bela parceria do craque e experiente Hermínio Bello de Carvalho com os jovens e talentosos Kiko Horta e Vidal Assis, na voz suingada de Marina Iris. Simbolismos e metáforas na letra da canção, nos remetem aos tristes episódios políticos vividos pelo Brasil antes das mais recentes eleições. Essas têm sido marcas de destaque na trajetória do Cordão do Boitatá, que consiste em se posicionar, musicalmente, politicamente e religiosamente, tudo na base da maior alegria. Dessa vez a troca de passes na parceria do arranjo ficou entre a base de Kiko Horta e os sopros escritos por Josimar Carneiro.
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10 – LINDA COLOMBINA (Thiago Queiroz)
Mariana Baltar, outra das vocalistas do Cordão, divide com Moyséis Marques a interpretação dessa marchinha romântica de autoria de Thiago Queiroz, gênero mais tradicional do carnaval carioca de todos os tempos. Arranjo bem elaborado a cargo do próprio autor.
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11 – POMBO CORREIO (Dodô Nascimento, Moraes Moreira e Osmar Macedo)
Mais do que justa homenagem a Moraes Moreira neste arranjo de Josimar Carneiro para a precisa interpretação de Marianna Baltar. Como em todo o álbum, destaque para o acordeom de Kiko Horta, marca sonora do Cordão do Boitatá.
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12 – FECHAMENTO: PONDO DE CABOCLO EM GUARATIBA, ILÊ AXÉ EGI OMNI
A saudação aos caboclos do Brasil, gravada no Ilê Axé Egi Omim, encerra este trabalho eminentemente brasileiro do Cordão do Boitatá. A referência ao caboclos, às matas, à jurema, fazem parte também da atuação da grande rede de carnaval do Cordão do Boitatá que envolve vários coletivos atuando na luta pela preservação de nossas matas, que são o habitat dos caboclos, o habitat do boitatá que inspira o Cordão.
por Cláudio Jorge (violonista, compositor e cronista digital). com edição, incluindo informações de autoria, e colocando na ordem disponível nas plataformas digitais.

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Capa do álbum ‘Dos Pés à Cabeça na Praça’ • Cordão do Boitatá • Selo Biscoito Fino • 2024

DISCO ‘DOS PÉS À CABEÇA NA RUA’ • Cordão do Boitatá • Selo Biscoito Fino • 2024
Canções / compositores
1. Cantiga de caboclo (Domínio público – Texto de Wanda D’ Omolu) / abertura | Participação especial Mestre Buka e Yalorixá Wanda D’ Omolu
2. Coisa N. 4 (Moacir Santos)
3. Samba de Oswaldo Cruz (Kiko Horta e Marquinhos de Oswaldo Cruz) | Participação especial Moyses Marques
4. Estação derradeira (Chico Buarque) | Participação especial Mariana Baltar
5. Chegando no Rio (Edu Neves) | Participação especial Edu Neves
6. Dos pés a cabeça (Manu da Cuíca e Marina Iris) | Participação especial Marina Iris
7. Nação vertente (Alcinéia Martins e Walmir Aragão) | Participação especial Alcinéia Martins
8. Jongo cabana de Xangô (Kiko Horta e Lazir Sinval) | Participação especial Lazir Silval
9. Jogo empatado (Herminio Bello de Carvalho, Kiko Horta e Vidal Assis)
10. Linda colombina (Thiago Queiroz) | Participação especial Mariana Baltar e Moyses Marques
11. Pombo correio (Dodô Nascimento, Moraes Moreira e Osmar Macedo) | Participação especial Mariana Baltar
12. Cantiga de caboclo (Domínio público – Texto de Wanda D’ Omolu) / Encerramento | Participação especial Centro de Tradições Ilê Axé Egi Omin
– ficha técnica –
Orquestra do Cordão do Boitatá: Kiko Horta (sanfona, agogô) | Thiago Queiroz (sax alto, barítono) | Cristiane Cotrim (cavaco) | Everson Moraes (trombone) | Alexandre Romanazzi (flauta) | Paulino Dias (conga, surdo, tamborim, frigideira, garrafa) | Quininho da Serrinha (conga, tan-tan, ganzá, reco-reco, agogô e cuica) | Maju Nunes (xequerê) | Luiz Flavio Alcofra (violão) | Cassius Theperson (bateria) | Ivan Machado (baixo) | Maico Lopes (trompete) | Edu Neves (sax alto, tenor) | Mestre Mangueirinha (tamborim, caixa e repique) | Participações especiais: Mestre Buka e Yalorixá Wanda D’ Omolu (vocais – fx. 1); Moyses Marques (voz – fx. 3, 10); Mariana Baltar (voz – fx. 4, 10, 11); Edu Neves (flauta – fx. 5); Marina Iris (voz – fx. 6); Alcinéia Martins (voz – fx. 7); Lazir Silval (voz – fx. 8); Centro de Tradições Ilê Axé Egi Omin (vocais – fx. 12) || Produção musical: Kiko Horta, Thiago Queiroz, Paulino Dias, Celso Filho | Direção musical: Kiko Horta | Arranjos: Paulão 7 Cordas (fx. 3); Josimar Carneiro (fx. 4, 11); Edu Neves (fx. 5) | Kiko Horta (fx. 6, 7, 8, 9) | Thiago Queiroz (fx. 10) | Arranjo de percussão: Paulino Dias (fx. 2) | Arranjo de metais: ? (fx. 2) | Arranjo de sopros: Kiko Horta (fx. 3); Thiago Queiroz (fx. 6); Josimar Carneiro (fx. 9) | Estúdio de gravação: Fibra Estúdio RJ | Engenheiro de gravação: Kaique del Giudice, Pedro Emmanuel | Assessoria de gravação: Lucas Fernandes | Engenheiro de mixagem: Filipe Soares, Celso Filho | Estúdio de masterização: FDMASTERING | Engenheiro de masterização: Fernando Delgado | Assessoria de masterização: Breno Amorim | Capa / arte: Philippe Leon | Assessoria de imprensa: Somar Comunicação Integrada / Miriam Roia e Vivi Drumond | Selo: Biscoito Fino | Formato: CD / Digital | Ano: 2024 | Lançamento: 2 de fevereiro | ♪Ouça o álbum: clique aqui

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Série: Discografia da Música Brasileira / Canção popular / Música instrumental / Carnaval / Samba / Álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske
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