CCBB SP estreia mostra de filmes produzidos exclusivamente por mulheres árabes. A programação, totalmente gratuita, traz debates, sessões comentadas, masterclass e seleção diversa de curtas e longas-metragens.
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De 22/4 a 14/5 o Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo (CCBB SP) recebe a 3ª Edição da Mostra de Cinema Árabe Feminino, com uma  seleção de 34 obras cinematográficas dirigidas por mulheres, que apresenta a diversidade do cinema árabe contemporâneo para o público brasileiro.

A programação reúne filmes de diversos formatos e gêneros – curtas, médias e longas-metragens de ficção e documentários – que trazem à tona a multiplicidade dessas cinematografias através do olhar de mulheres de diversos países e regiões: Egito, Líbano, Palestina, Sudão, Iêmen, Síria, Argélia e Marrocos. A mostra é gratuita e conta com patrocínio do Banco do Brasil.

Questões políticas, críticas sociais, vivências LGBTQIAP+, utopias, memória, tempo, família e masculinidades permeiam as produções e somam-se a uma programação que inclui também sessões comentadas, mesas redondas e uma masterclass, no dia 6 de maio, com a premiada cineasta palestina Jumana Manna – quem vem ao Brasil especialmente para o evento.

3ª Mostra de Cinema Árabe Feminino começa em 22 de abril, às 14h, com a exibição de Miguel’s War”, de Eliane Raheb, filme inédito no Brasil, que estreou no Panorama da Berlinale em 2021 e ganhou o Teddy de melhor longa-metragem, o Grande Prêmio do Júri no NewFEST, o prêmio de documentário no festival de cinema LGBT de Paris e o de melhor documentário no Festival de Cinema de Mizna. Outro longa de Rehab que está na programação é “Blessed Blessed Oblivion”. De Jumana Manna, a mostra apresenta Foragers”, que traz os dramas em torno da prática de busca e coleta de plantas silvestres comestíveis na Palestina/Israel, com humor sarcástico e um ritmo meditativo.

Outro destaque da programação é Nezouh”, da premiada diretora síria Soudade Kaadan. O drama apresenta a história de Zeina, de 14 anos, e sua família, que são os últimos a permanecer em sua cidade natal, Damasco, na Síria. O longa foi vencedor dos Prêmios do Público/Armani Beauty e Lanterna Mágica, no Festival de Veneza 2022 e do Prêmio Direitos Humanos da Anistia Internacional, no Med Film Festival 2022, em Roma.

Também inédito no Brasil, a mostra exibe o longa-metragem “Lift like a girl”da diretora egípcia Mayye Zayed. O documentário, premiado com o Golden Dove no festival DOK Leipzig, acompanha uma garota egípcia de 14 anos que treina no local de treinamento das campeãs de elite do Egito para competir internacionalmente com levantamento de peso.

Outros longas da programação que estreiam no Brasil: Purple Sea”,  de  Amel Alzakout e Khaled Abdulwahed, documentário que traz o percurso de bote da Turquia para a Grécia realizado pela diretora; “The Zerda and the Songs of Forgetting” “La Nouba des Femmes du Mont-Chenoua”ambos os filmes da importante escritora argelina Assia Djebar, que faleceu em 2015 e é homenageada nesta edição; e “The hour of liberation has arrived”, da diretora libanesa Heiny Srour, considerado o primeiro longa-metragem de uma mulher árabe a ser selecionado para o Festival de Cannes, em cópia restaurada. Entre os 21 curtas exibidos, 14 são estreias no país, como “As If No Misfortune Had Occurred in the Night, realizado pela renomada diretora palestina Larissa Sansour e o filme “The Window”, da libanesa Sarah Kaskas, são outros dos vários destaques da mostra.

A vasta programação inclui, ainda, focos às realizadoras Meriem Bennani (artista visual marroquina que trabalha com animação e arte contemporânea), Azza El Hassan (diretora palestina que, além da realização, fundou o projeto de restauração fílmica, curadoria e produção chamado The Void Project) e Basma Alsharif (artista visual e diretora de origem palestina). De Meriem Bennani, a mostra exibe a sua trilogia “Life on the Caps” e seu curta-metragem “2 Lizards”todos inéditos no Brasil.  Da palestina Basma AlSharif, três curtas-metragens: “Home Movies Gaza”, “A field guide to the ferns” e “We began by measuring distance”.  A diretora palestina Azza El Hassan é representada por seus dois longas-metragens: “News Time” e “Kings & Extras”.  

A curadoria desta terceira edição é das brasileiras Analu BambirraCarol Almeida e da egípcia Alia Ayman.  “Em sua terceira edição, a mostra reafirma seu interesse em apresentar um recorte da produção cinematográfica árabe. Nesta edição, além de percebermos a interseção entre o cinema e as artes visuais (através de diretoras como Meriem Bennani, Basma Alsharif, Larissa Sansour e Jumana Manna), reforçamos o quão diverso e rico é o cinema árabe, indo de narrativas tradicionais até novas formas e experimentos cinematográficos. Os filmes que apresentamos representam imagens ‘frescas’, imagens às quais acreditamos que pessoas brasileiras deveriam ter mais acesso”, dizem as curadoras Analu Bambirra, Carol Almeida e Alia Ayman.

Ao receber este projeto, o Centro Cultural Banco do Brasil reafirma seu apoio à arte cinematográfica e o compromisso de ampliar a conexão do brasileiro com a cultura, oferecendo uma mostra que valoriza a diversidade da indústria do cinema com produções femininas.

A 3ª Mostra de Cinema Árabe Feminino é uma realização da Partisane Filmes, com patrocínio do Banco do Brasil e apoio da Arsenal – Institut für Film und Videokunst.

revistaprosaversoearte.com - Mostra de Cinema Árabe Feminino chega ao Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo
Their Algeria [A Argélia Deles] (dir. Lina Soualem, França/ Argélia/ Suíça/ Catar, 2020, 72’)

PROGRAMAÇÃO COMPLETA

22/4 (Sábado)

14h – Miguel’s War [A Guerra de Miguel] (dir. Eliane Raheb, Líbano/Espanha/ Alemanha, 2021, 127’) – 18 anos

18h – SESSÃO DE CURTAS 06 – A Field Guide To The Ferns [Um Guia de Campo das Samambaias] (dir. Basma al-Sharif, Estados Unidos, 2015, 10’); Home Movies Gaza [Filmes Caseiros Gaza] (dir. Basma Alsharif , França/Territórios Palestinos, 2013, 24’); We Began by Measuring Distance [Nós Começamos Medindo Distâncias] (dir. Basma Alsharif, Egito, 2009, 19’) – 10 anos. Seguido de Debate com Mariana Queen.

23/4 (Domingo)

14h – The hour of liberation has arrived (dir. Heiny Srour, Líbano/França, 1974, 62’) – Livre

16h – Life on the CAPS Trilogy [Trilogia: Vida na CAPS] (dir. Meriem Bennani, Estados Unidos/Marrocos, 2022, 76’) – 14 anos

24/4 (Segunda-feira)

17h – Kings & Extras [Reis & Figurantes] (dir. Azza El Hassan, Palestina/ Alemanha/França/Reino Unido, 2004, 64’) – Livre

18:30h – SOUAD (dir. Ayten Amin, Egito/Tunísia/Alemanha, 2020, 96’) – 16 anos

25/4 (Terça-feira)

Fechado

26/4 (Quarta-feira)

15h – Lift Like a Girl [Levante Como uma Garota] (dir. Mayye Zayed, Egito/Alemanha/Dinamarca, 2020, 92’) – 10 anos

18h – SESSÃO DE CURTAS 02 – Don’t Get Too Comfortable [Não Fique Muito Confortável] (dir. Shaima Al Tamimi, Iêmen/Quênia/EUA/Catar/ Emirados Árabes Unidos, 2021, 9’); Sahbety My Girl Friend [Minha Amiga] (dir. Kawthar Younis, Egito, 2022, 17’); Al-Sit (dir. Suzannah Mirghani, Sudão/Catar, 2020, 20’); Toutes les Nuits | Behind Closed Doors [Todas as Noites] (dir. Latifa Said, França, 2021, 21’); Three Disappearances and a Song [Três Desaparecimentos e uma Canção] (dir. Nadia Ghanem, Egito, 2021, 27’) – 10 anos

27/4 (Quinta-feira)

16h – NEZOUH (dir. Soudade Kaadan, Reino Unido/Síria/França/Catar, 2022, 103’) – 14 anos – Sessão com legendagem descritiva

18:30h – SESSÃO DE CURTAS 01 – Canada Park (dir. Razan AlSalah, Canadá/Palestina, 2020, 8’); Moonscape (dir. Mona Benyamin, Palestina, 2020, 17’); Who Is Afraid of Ideology? Part 4: Reverse Shot [Quem Tem Medo de Ideologia? Parte 4: Contraplano] (dir. Marwa Arsanios, Alemanha/Líbano, 2022, 35’) – 12 anos

28/4 (sexta-feira)

16h – La Nouba des Femmes du Mont-Chenoua [A Nouba das Mulheres do Mont – Chenoua] (dir. Assia Djebar, Argélia, 1977, 115’) – Livre

18:30h – Their Algeria [A Argélia Deles] (dir. Lina Soualem, França/ Argélia/ Suíça/ Catar, 2020, 72’) – Livre

29/4 (Sábado)

16h – Kings & Extras [Reis & Figurantes] (dir. Azza El Hassan, Palestina/ Alemanha/França/Reino Unido, 2004, 64’) – Livre

18h – Costa Brava, Lebanon [Costa Brava, Líbano] (dir. Mounia Akl, Líbano/França/ Espanha/Suécia/Dinamarca/Noruega/Catar 2021, 107’) – Livre

30/4 (Domingo)

13h – News Time [Hora das Notícias] (dir. Azza El Hassan, Palestina, 2001, 54’) – Livre

14:30hs – SESSÃO DE CURTAS 02 – Don’t Get Too Comfortable [Não Fique Muito Confortável] (dir. Shaima Al Tamimi, Iêmen/Quênia/EUA/Catar/ Emirados Árabes Unidos, 2021, 9’); Sahbety My Girl Friend [Minha Amiga] (dir. Kawthar Younis, Egito, 2022, 17’); Al-Sit (dir. Suzannah Mirghani, Sudão/Catar, 2020, 20’); Toutes les Nuits | Behind Closed Doors [Todas as Noites] (dir. Latifa Said, França, 2021, 21’); Three Disappearances and a Song [Três Desaparecimentos e uma Canção] (dir. Nadia Ghanem, Egito, 2021, 27’) – 10 anos

1/5 (Segunda-feira)

16h – Life on the CAPS Trilogy [Trilogia: Vida na CAPS] (dir. Meriem Bennani, Estados Unidos/Marrocos, 2022, 76’) – 14 anos – Sessão com legendagem descritiva.

18h – The hour of liberation has arrived (dir. Heiny Srour, Líbano/França, 1974, 62’) – Livre

2/5 (Terça-feira)

Fechado

3/5 (Quarta-feira)

16h – Purple Sea [Mar Roxo] (dir. Amel Alzakout e Khaled Abdulwahed, Alemanha, 2020, 67’) – 16 anos

18:30h – Their Algeria [A Argélia Deles] (dir. Lina Soualem, França/ Argélia/ Suíça/ Catar, 2020, 72’) – Livre

4/5 (Quinta-feira)

17h – SESSÃO DE CURTAS 04 – 2 Lizards [2 Lagartos] (dir. Meriem Bennani, Orian Barki, Estados Unidos USA, 2020, 22’); The Window [A Janela] (dir. Sarah Kaskas, Líbano, 2021, 16’); Let My Body Speak [Deixe Meu Corpo Falar] (dir. Madonna Adib, Reino Unido, 2020, 10’); WARSHA (dir. Dania Bdeir, França/Líbano France/Lebanon, 2022, 16’) – 14 anos

18:30h – SESSÃO DE CURTAS 03 – Mubarak Mubarak al-Nisyan | Blessed Blessed Oblivion [Abençoado Abençoado Esquecimento] (dir. Jumana Manna, Palestina, 2010, 21’); Electrical Gaza [Gaza Elétrica] (dir. Rosalind Nashashibi, Reino Unido, 2015, 18’); As If No Misfortune Had Occurred in the Night [Como Se Nenhum Infortúnio Tivesse Ocorrido à Noite] (dir. Larissa Sansour e Søren Lind, Reino Unido, 2022, 20’) – 16 ANOS

5/5 (Sexta-feira)

15h – Mesa redonda: Curadoria: de onde os filmes vêm, modos de financiamento e de circulação. Palestrantes: Alia Ayman, Analu Bambirra e Carol Almeida.

18h – Foragers [Forrageadores] (dir. Jumana Manna, Palestina, 2022, 64’) – Livre. – Sessão com legendagem descritiva seguida de debate com a diretora Jumana Manna.

6/5 (Sábado)

15h – Lift Like a Girl [Levante Como uma Garota] (dir. Mayye Zayed, Egito/Alemanha/Dinamarca, 2020, 92’) – 10 anos

17h – Masterclass com a diretora Jumanna Mana

7/5 (Domingo)

13h – La zerda et les chants de l’oubli [A Zerda e os cantos do esquecimento] (dir. Assia Djebar, Argélia, 1982, 59’) – Livre – Sessão seguida de debate com Samira Osman (Unifesp).

15:30h – SESSÃO DE CURTAS 01 – Canada Park (dir. Razan AlSalah, Canadá/Palestina, 2020, 8’); Moonscape (dir. Mona Benyamin, Palestina, 2020, 17’); Who Is Afraid of Ideology? Part 4: Reverse Shot [Quem Tem Medo de Ideologia? Parte 4: Contraplano] (dir. Marwa Arsanios, Alemanha/Líbano, 2022, 35’) – 12 anos

8/5 (Segunda-feira)

16h – SOUAD (dir. Ayten Amin, Egito/Tunísia/Alemanha, 2020, 96’) – 16 anos

18h – La Nouba des Femmes du Mont-Chenoua [A Nouba das Mulheres do Mont – Chenoua] (dir. Assia Djebar, Argélia, 1977, 115’) – Livre

9/5 (Terça-feira)
Fechado

10/5 (Quarta-feira)

16h – NEZOUH (dir. Soudade Kaadan, Reino Unido/Síria/França/Catar, 2022, 103’) – 14 anos – Sessão com legendagem descritiva

18:30h – SESSÃO DE CURTAS 04 – 2 Lizards [2 Lagartos] (dir. Meriem Bennani, Orian Barki, Estados Unidos USA, 2020, 22’); The Window [A Janela] (dir. Sarah Kaskas, Líbano, 2021, 16’); Let My Body Speak [Deixe Meu Corpo Falar] (dir. Madonna Adib, Reino Unido, 2020, 10’); WARSHA (dir. Dania Bdeir, França/Líbano France/Lebanon, 2022, 16’) – 14 anos

11/5 (Quinta-feira)

15:30h – Miguel’s War [A Guerra de Miguel] (dir. Eliane Raheb, Líbano/Espanha/ Alemanha, 2021, 127’) – 18 anos

18:30h – Purple Sea [Mar Roxo] (dir. Amel Alzakout e Khaled Abdulwahed, Alemanha, 2020, 67’) – 16 anos

12/5 (Sexta-feira)

16h –  La zerda et les chants de l’oubli [A Zerda e os cantos do esquecimento] (dir. Assia Djebar, Argélia, 1982, 59’) – Livre

18h – Mesa redonda: Falar sobre a Palestina: Disputas e Desafios de Curadoria. Palestrantes: Prof. Dra. Arlene Elizabeth Clemesha (DLO/USP), Fernando Resende (PPGCOM/UFF) e Mariane Gennari (CEAI/UFS).

13/5 (Sábado)

14h –  Foragers [Forrageadores] (dir. Jumana Manna, Palestina, 2022, 64’) – Livre – Sessão com legendagem descritiva

16h – News Time [Hora das Notícias] (dir. Azza El Hassan, Palestina, 2001, 54’) – Livre

14/5 (Domingo)

13h – SESSÃO DE CURTAS 03 – Mubarak Mubarak al-Nisyan | Blessed Blessed Oblivion [Abençoado Abençoado Esquecimento] (dir. Jumana Manna, Palestina, 2010, 21’); Electrical Gaza [Gaza Elétrica] (dir. Rosalind Nashashibi, Reino Unido, 2015, 18’); As If No Misfortune Had Occurred in the Night [Como Se Nenhum Infortúnio Tivesse Ocorrido à Noite] (dir. Larissa Sansour e Søren Lind, Reino Unido, 2022, 20’) – 16 ANOS

14:30h – SESSÃO DE CURTAS 06 – A Field Guide To The Ferns [Um Guia de Campo das Samambaias] (dir. Basma al-Sharif, Estados Unidos, 2015, 10’); Home Movies Gaza [Filmes Caseiros Gaza] (dir. Basma Alsharif , França/Territórios Palestinos, 2013, 24’); We Began by Measuring Distance [Nós Começamos Medindo Distâncias] (dir. Basma Alsharif, Egito, 2009, 19’) – 10 anos

 

ATIVIDADES:

6/mai (sábado), 17h

Masterclass “Entre o cinema e as artes visuais”, com Jumana Manna
Inscrições até 04/05/2023 pelo e-mail [email protected]
Carga horária: 03 horas
Tradução em português e em Libras

5/mai (sexta-feira), 15h

Mesa redonda: Mesa da curadoria: de onde os filmes vêm, modos de financiamento e de circulação.
Palestrantes: Alia Ayman, Analu Bambirra e Carol Almeida.
Carga horária: 02 horas

12/mai (sexta-feira), 18h

Mesa redondaFalar sobre a Palestina: Disputas e Desafios de Curadoria.
Palestrantes: Prof. Dra. Arlene Elizabeth Clemesha (DLO/USP), Fernando Resende (PPGCOM/UFF) e Mariane Gennari (CEAI/UFS)

Carga horária: 2 horas

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Leur Algérie | Their Algeria [A Argélia Deles] (dir. Lina Soualem, França/Argélia/Suíça/ Catar, 2020, 72’)

SINOPSES:

LONGAS-METRAGENS:

Aanaf Hob | Miguel’s War [A Guerra de Miguel] (dir. Eliane Raheb, Líbano/Espanha/ Alemanha, 2021, 127’) – 18 ANOS
Miguel’s War retrata um homem libanês gay, sensível, fortemente oprimido e envergonhado por sua sociedade por toda a sua juventude. Em 1983, ele participa da guerra civil do Líbano para provar que pode lutar como um “homem de verdade”, mas fracassa. Traumatizado com a experiência, Miguel parte para a Espanha. Somente agora – 37 anos após ter deixado o Líbano – que Miguel se dispõe a confrontar os fantasmas de seu passado para encontrar, enfim, algum equilíbrio emocional. Utilizando das formas do documentário, da animação, do teatro e do arquivo, este filme híbrido oferece uma experiência de autoconfrontação e catarse.

Costa Brava, Lebanon [Costa Brava, Líbano] (dir. Mounia Akl, Líbano/França/ Espanha/Suécia/Dinamarca/Noruega/Catar 2021, 107’) – LIVRE
Na Costa Brava, no Líbano, a família de espírito livre Badri, foge da poluição avassaladora e da inquietação social de Beirute, buscando refúgio em uma utópica casa de montanha que eles construíram. De repente, um aterro sanitário ilegal começa a ser construído bem ao lado. Com ele vem justamente o lixo e a corrupção de que tentavam escapar. À medida que o aterro cresce, aumentam as tensões familiares. Aos Badris resta uma escolha: ficar fora do sistema ou deixar sua idílica casa e enfrentar a realidade da qual fugiram, na esperança de se manterem fiéis aos seus ideais. Costa Brava, Lebanon [Costa Brava, Líbano] é, em última análise, sobre o que é preciso para uma família se unir e reafirmar o compromisso com seus valores e entre si.

Foragers [Forrageadores] (dir. Jumana Manna, Palestina, 2022, 64’) – LIVRE
Foragers retrata os dramas em torno da prática de busca e coleta de plantas silvestres comestíveis na Palestina/Israel, com humor sarcástico e um ritmo meditativo. Filmado nas Colinas de Golã, na Galileia e em Jerusalém, ele emprega ficção, documentário e imagens de arquivo para retratar o impacto das leis israelenses de proteção da natureza nesses costumes. As restrições proíbem a coleta do ‘akkoub andza’atar (espécie de tomilho), e resultaram em multas e julgamentos em tribunais para centenas de pessoas, que foram capturadas coletando essas plantas nativas. Para os palestinos, essas leis são um “véu ecológico” de uma legislação que os aliena ainda mais de suas terras, enquanto os representantes do Estado israelense insistem nos argumentos de “experiência científica” e do dever de proteger. Seguindo as plantas da selva até a cozinha, das perseguições entre os forrageadores e a patrulha da natureza, até as defesas no tribunal, Foragers captura a alegria e o conhecimento que estão incorporados nessas tradições, assim como a resistência às proibições da lei. Ao retratar os termos e restrições da preservação, o filme levanta questões em torno da política de extinção, ou seja, quem determina o que é extinto e o que pode continuar vivo.

La Nouba des Femmes du Mont-Chenoua [A Nouba das Mulheres do Mont-Chenoua] (dir. Assia Djebar, Argélia, 1977, 115’) – LIVRE
Utilizando o título e a estrutura da “Nouba”, uma música tradicional de cinco movimentos, este filme assombroso mistura ficção e documentário para documentar a criação de histórias pessoais e culturais de mulheres.

La zerda et les chants de l’oubli [A Zerda e os cantos do esquecimento] (dir. Assia Djebar, Argélia, 1982, 59’) – LIVRE
A artista Assia Djebar mudou de profissões a fim de recapitular a colonização do Magrebe utilizando imagens de jornais franceses. O filme utiliza da montagem para buscar a verdade nestas “imagens de um olhar mortal”, uma verdade a qual esses periódicos claramente não mostram: a “resistência por detrás da máscara”. A trilha sonora une cantos multi-vocais e música experimental para formar um último ato furioso para a violência colonial.

Leur Algérie | Their Algeria [A Argélia Deles] (dir. Lina Soualem, França/Argélia/Suíça/ Catar, 2020, 72’) – LIVRE
Depois de 62 anos morando juntos, os avós de Lina, Aïcha e Mabrouk, decidiram se separar. Juntos, eles vieram da Argélia para Thiers, uma pequena cidade medieval no meio da França, há mais de 60 anos. Lado a lado, eles vivenciaram a caótica vida de imigrante. Para Lina, a separação dos avós é uma oportunidade de questionar a longa jornada de exílio e o silêncio deles.

Ash Ya Captain | Lift Like a Girl [Levante Como uma Garota] (dir. Mayye Zayed, Egito/Alemanha/Dinamarca, 2020, 92’) – 10 ANOS
Em uma esquina movimentada e barulhenta em Alexandria, no Egito, um lote aparentemente vazio, cercado por grades, é o local de treinamento das campeãs de elite do Egito – as levantadoras de peso femininas. Zebiba (“passas” em árabe) treina no local há cinco anos, desde que ela tinha 9, seguindo os passos dos atletas mais famosos do Egito de todos os tempos – incluindo a primeira levantadora de peso árabe, duas vezes medalhista olímpica, Abeer Abdel Rahman, e a campeã mundial e atleta olímpica, Nahla Ramadan. O pai de Nahla, o visionário capitão Ramadan, criou campeões e campeãs em seu terreno improvisado por mais de duas décadas – 4 campeões olímpicos, 9 mundiais e 17 pan-africanos. Agora é a vez de Zebiba. Mas Zebiba pode deixar de lado seus instintos juvenis e direcionar seu foco para ser a campeã de levantamento de peso que o capitão tem certeza de que ela é?

Molok Wa Kombarse | Kings & Extras [Reis & Figurantes] (dir. Azza El Hassan, Palestina/ Alemanha/França/Reino Unido, 2004, 64’) – LIVRE
Os filmes da Unidade da PLO Media Unit deveriam mostrar uma imagem autodeterminada da realidade palestina, mas eles desapareceram durante a invasão israelense de Beirute em 1982. Num “filme de estrada” da Palestina até a Jordânia, a Síria e o Líbano, a diretora Azza El-Hassan segue as pistas confusas e contraditórias sobre o paradeiro dos arquivos perdidos. Essa busca, cada vez mais absurda, finalmente a leva a um cemitério de mártires, onde dizem que os filmes estão enterrados – mas ninguém quer cavar todo o lugar. Enquanto a busca de Azza pelas imagens perdidas a leva a vários becos sem saída, ela se depara com novas pistas e começa a construir sua própria história. O filme reflete a situação no Oriente Médio – uma revolução fracassada, o relacionamento problemático com os vizinhos árabes, a questão da identidade palestina nos dias de hoje. Azza El-Hassan mostra mitos, histórias de vida e mentiras da vida, os efeitos da derrota e da perda na vida de alguém. Ela traz até um humor à tragédia da situação – à qual ela se sente simultaneamente pertencente e em oposição. Vencedor do Prêmio Luchino Visconti.

NEZOUH (dir. Soudade Kaadan, Reino Unido/Síria/França/Catar, 2022, 103’) – 14 ANOS
Zeina, de 14 anos, e sua família são os últimos a permanecer em sua cidade natal sitiada, Damasco, na Síria. Um míssil abre um buraco enorme na casa deles, expondo-os ao mundo exterior. Quando uma corda é misteriosamente descida ao buraco, Zeina sente o primeiro gostinho de liberdade, e um mundo inimaginável de possibilidades se abre para ela. À medida que a violência lá fora aumenta, a família é pressionada a ir embora, mas Mutaz, seu pai, insiste em que eles fiquem, recusando-se a fugir para a vida incerta de um refugiado. Diante de um dilema de vida ou morte, Zeina e Hala, sua mãe, devem fazer a escolha entre ficar ou partir.

Purple Sea [Mar Roxo] (dir. Amel Alzakout e Khaled Abdulwahed, Alemanha, 2020, 67’) – 16 ANOS
“Eu vejo tudo”, ela diz como se fosse uma maldição. Sol brilhante, céu completamente azul. O mar está calmo, cercado por uma grade. Um momento de paz, se não fosse pelo fato que o mar está de pé, na vertical, como uma cachoeira. Uma torrente de imagens, girando, de cabeça para baixo, sacudindo. Pessoas no barco, na água, gritos, coletes salva-vidas, apitos de emergência. Não há mais horizonte, nem céu, nem alto, nem baixo, apenas profundidade e nada em que se agarrar. Até mesmo o fluxo do tempo para, contraindo-se ao presente brutal. Ela está filmando e falando. Para vencer o cansaço, o frio, o fato de que a ajuda não está vindo. Para vencer a morte, apenas para que alguma coisa permaneça.

SOUAD (dir. Ayten Amin, Egito/Tunísia/Alemanha, 2020, 96’) – 16 ANOS
Zagazig, uma pequena cidade no Delta do Nilo, no Egito. Hoje. Souad, uma jovem de 19 anos, leva uma vida dupla. Enquanto se mantém conservadora e recatada com sua família e perante a sociedade, Souad é obcecada por sua imagem nas redes sociais e sustenta alguns relacionamentos virtuais secretos com homens. Ela mente constantemente sobre a sua vida pessoal. Suas ambições, contudo, são lentamente destruídas pela invasão da realidade. Uma série de pequenos incidentes leva a um acontecimento trágico, que faz com que Rabab, sua irmãzinha de 13 anos, embarque em uma jornada, na vida real, em busca de respostas.

The hour of liberation has arrived (dir. Heiny Srour, Líbano/França, 1974, 62’) – LIVRE
No fim dos anos 1960, a província de Dhofar se levantou contra o sultanato de Oman, em um movimento de guerrilha democrático e feminista. A diretora Heiny Srour e sua equipe capturam este registro raro de uma guerra quase esquecida.

Zaman Al Akbar | News Time [Hora das Notícias] (dir. Azza El Hassan, Palestina, 2001, 54’) – LIVRE
Durante a Segunda Intifada, a cineasta decide filmar uma história de amor que se desenrola entre seu senhorio e a esposa dele, mas logo as coisas mudam e ela se vê sozinha na vizinhança com quatro meninos que se tornam os protagonistas do seu filme. Com várias camadas de temas, News Time, questiona o efeito da ocupação e da mídia na vida cotidiana de um bairro palestino. Vencedor do The British Grierson Documentary Award e do Jazeera Jury Award.

revistaprosaversoearte.com - Mostra de Cinema Árabe Feminino chega ao Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo
Toutes les Nuits | Behind Closed Doors [Todas as Noites] (dir. Latifa Said, França, 2021, 21’)
CURTAS-METRAGENS
2 Lizards [2 Lagartos] (dir. Meriem Bennani, Orian Barki, Estados Unidos USA, 2020, 22’) – 14 ANOS
Este filme, dos artistas Meriem e Orian Barki, retrata uma visão surrealista dos primeiros meses da pandemia de COVID-19 conforme ela se desenvolveu na cidade de Nova York. No filme, dois lagartos animados e antropomorfizados servem como protagonistas, movendo-se por uma cidade tomada por uma pandemia, por um isolamento prolongado e por gritos que pedem mudanças por justiça social. Ele destaca o desamparo e a incerteza experimentados por muitos na época, bem como os momentos inesperados de comunidade e conexão compartilhadas. Originalmente lançado como uma série de oito partes na conta do Instagram de Bennani.

 A Field Guide To The Ferns [Um Guia de Campo das Samambaias] (dir. Basma al-Sharif, Estados Unidos, 2015, 10’) – 10 ANOS
Um filme de terror de natureza. “A selvageria primitiva encontra a brutalidade do mundo moderno na fatia atemporal do horror visceral de Ruggero Deodato”. O Holocausto Canibal é revivido nas profundezas da floresta de New Hampshire, onde a apatia e a violência se confundem.,

Al-Sit (dir. Suzannah Mirghani, Sudão/Catar, 2020, 20’) – 10 ANOS
Em uma aldeia de cultivo de algodão no Sudão, Nafisa, de 15 anos, tem uma queda por Babiker, mas seus pais arranjaram seu casamento com Nadir, um jovem empresário sudanês que mora no exterior. A avó de Nafisa, Al-Sit, a poderosa matriarca da aldeia, tem seus próprios planos para o futuro de Nafisa. Mas pode Nafisa fazer suas próprias escolhas?

As If No Misfortune Had Occurred in the Night [Como Se Nenhum Infortúnio Tivesse Ocorrido à Noite] (dir. Larissa Sansour e Søren Lind, Reino Unido, 2022, 20’) – 16 ANOS
Embebido em preto e branco, a cantora soprano palestina, Nour Darwish  entrega uma ária em árabe sobre sofrimento intergeracional e luto materno. A composição assombrosa, baseada na Kindertotenlieder de Gustav Mahler e na canção tradicional palestina Mashaal, traça um século de perdas e conflito angustiante com poder e graça extraordinários.

Don’t Get Too Comfortable [Não Fique Muito Confortável] (dir. Shaima Al Tamimi, Iêmen/Quênia/EUA/Catar/ Emirados Árabes Unidos, 2021, 9’) – 10 ANOS
Don’t Get Too Comfortable é uma carta introspectiva sincera para meu falecido avô. A carta questiona o padrão contínuo de movimento entre os iemenitas na diáspora. O filme combina fotografias de arquivo, filmagens originais, animação parallax e vídeos abstratos para criar um corpo de trabalho audiovisual que chame atenção para o sentimento coletivo de ser apátrida e para a sensação de ser compreendido pelos migrantes iemenitas (ou não iemenitas).

Electrical Gaza [Gaza Elétrica] (dir. Rosalind Nashashibi, Reino Unido, 2015, 18’) – 16 ANOS
Em Electrical Gaza , Nashashibi combina as suas filmagens de Gaza às do faz-tudo, dos motoristas e do tradutor que a acompanharam até lá, com cenas animadas. Ela apresenta Gaza como um lugar do mito; isolado, suspenso no tempo, de difícil acesso e com a tensão no ar. Comissionado pelos curadores do Imperial War Museum.

Home Movies Gaza [Filmes Caseiros Gaza] (dir. Basma Alsharif , França/Territórios Palestinos, 2013, 24’) – 10 ANOS
Home Movies Gaza nos apresenta a Faixa de Gaza como um microcosmo para o fracasso da civilização. Na tentativa de descrever o cotidiano de um lugar que luta pelos direitos humanos mais básicos, este filme reivindica uma perspectiva de dentro dos espaços domésticos de um território complicado, abandonado e totalmente indissociável de sua identidade política.

Let My Body Speak [Deixe Meu Corpo Falar] (dir. Madonna Adib, Reino Unido, 2020, 10’) – 14 ANOS
Este documentário é uma jornada pessoal e íntima que explora a experiência de repressão da cineasta durante a sua infância, quando ela enfrentou o controle sexual em Damasco enquanto também experimentava uma crescente repressão sociopolítica no final dos anos 80, início dos anos 90. Através do uso criativo do arquivo familiar em Damasco junto a imagens atuais de seu corpo, ela reconstrói a dor do passado absorvida por este corpo.

Life on the CAPS Trilogy [Trilogia: Vida na CAPS] (dir. Meriem Bennani, Estados Unidos/Marrocos, 2022, 76’) – 14 ANOS
Ambientada em um futuro sobrenatural e distópico, Life on the CAPS Trilogy retrata uma ilha fictícia no meio do Oceano Atlântico. No mundo da CAPS (abreviação de “cápsula”), o teletransporte substituiu as viagens aéreas e as populações desalojadas utilizam esse meio de transporte para cruzar oceanos e fronteiras. Cercada por um escudo magnético, a CAPS abriga migrantes que foram pegos se teletransportando ilegalmente. Instalados em enclaves movimentados, os cidadãos da CAPS desenvolveram sua própria cultura híbrida e seus modos de se opor e desafiar as tropas estadunidenses que patrulham a ilha.

Moonscape (dir. Mona Benyamin, Palestina, 2020, 17’) – 12 ANOS
Moonscape é um curta-metragem que assume a forma de um videoclipe de uma música de estrada, realizada em dueto entre um cantor e uma cantora, em árabe. A música traça a história de um homem chamado Dennis M. Hope, que reivindicou a propriedade da Lua em 1980 e assim fundou a Embaixada Lunar – uma empresa que vende terras em vários planetas e luas –, criando uma conexão entre sua história e a da diretora – uma jovem palestina que vive sob a ocupação israelense, desejando acabar com a miséria de seu povo de qualquer maneira possível. Um híbrido de cenas surrealistas da indústria da música árabe, reencenadas pelos pais do artista que também interpretam os papéis dos cantores, além de imagens dos arquivos da NASA e referência ao filme noir.

Sahbety | My Girl Friend [Minha Amiga] (dir. Kawthar Younis, Egito, 2022, 17’) – 10 ANOS
Desesperado por intimidade, Ali segue a sugestão da namorada, o que coloca o relacionamento deles à prova. O plano se desenrola inesperadamente quando os papéis de gênero se confundem.

Toutes les Nuits | Behind Closed Doors [Todas as Noites] (dir. Latifa Said, França, 2021, 21’) – 10 ANOS
Belleville. Um bairro operário parisiense. Há dois anos Nadia mora sozinha com o filho, Samy, de 15 anos. Ela ensina francês para prostitutas chinesas em uma associação. Comprometida com o trabalho, ela se aproxima de uma de suas alunas, Mei, que está juntando dinheiro para o filho viajar para a França. Mas uma noite, Mei é presa e corre o risco de ser expulsa. Nadia fará o que for preciso para protegê-la, mesmo arriscando perder o seu filho.

WARSHA (dir. Dania Bdeir, França/Líbano France/Lebanon, 2022, 16’) – 14 ANOS
Mohammad é um operador de guindastes que trabalha em Beirute. Em uma certa manhã, ele se voluntaria para ficar responsável por um dos guindastes mais altos e notoriamente mais perigosos do Líbano. Longe dos olhos de todos, ele consegue viver sua paixão secreta e encontrar a liberdade.

We Began by Measuring Distance [Nós Começamos Medindo Distâncias] (dir. Basma Alsharif, Egito, 2009, 19’) – 10 ANOS
Longos quadros estáticos, texto, linguagem e som são costurados para desenvolver a narrativa de um grupo anônimo que ocupa o seu tempo medindo distâncias. Medidas inocentes transitam para medidas políticas, examinando como a imagem e o som comunicam a história. We Began by Measuring Distance explora um desencanto final com a realidade quando o visual falha em comunicar o trágico.

Who Is Afraid of Ideology? Part 4: Reverse Shot [Quem Tem Medo de Ideologia? Parte 4: Contraplano] (dir. Marwa Arsanios, Alemanha/Líbano, 2022, 35’) – 12 ANOS
O filme Who Is Afraid of Ideology? Part 4: Reverse Shot surge de um projeto colaborativo que está tentando mudar a situação de uma terra privada no norte do Líbano para um waqf (doação de terra para fins comuns ou sociais). O objetivo seria promover o direito de uso da propriedade. A terra seria usada apenas por pessoas que não possuem uma propriedade para fins agrícolas. O filme segue esse processo e a ele acrescenta uma reflexão sobre como a terra, um objeto vivo, resiste inerentemente à propriedade. A matéria e a terra tornam-se testemunhas de uma certa história de não-propriedade. A interconexão do geológico, do histórico, do legal e do agrícola traz uma espécie de ecologia do pensamento, cujo objetivo é a comunalização e a reabilitação.

Three Disappearances and a Song [Três Desaparecimentos e uma Canção] (dir. Nadia Ghanem, Egito, 2021, 27’) – 10 ANOS
À medida que a presença de meu avô no país se torna cada vez mais problemática, minha mãe decide, pouco a pouco, nunca mais tocar em uma câmera, meu pai se convence obsessivamente do seu próprio desaparecimento e algo quase milagroso acontece em 1976, em Montreux: Nina Simone volta da aposentadoria. Em Three Disappearances and a Song, revisito o arquivo da família, pego minha câmera e filmo três pessoas lutando para encontrar novas maneiras de existir: minha mãe, meu pai e eu.

The Window [A Janela] (dir. Sarah Kaskas, Líbano, 2021, 16’) – 14 ANOS
Um ano após a explosão do porto de Beirute, Basma e Mariam se reencontram em seu antigo quarto. Cercadas por uma vista das ruínas do porto, as duas mulheres tentam resolver seu trauma compartilhado e seu relacionamento rompido.

Mubarak Mubarak al-Nisyan | Blessed Blessed Oblivion [Abençoado Abençoado Esquecimento] (dir. Jumana Manna, Palestina, 2010, 21’) – 16 ANOS
Blessed Blessed Oblivion tece um retrato da performatividade masculina na Jerusalém Oriental, vista em academias, oficinas e barbearias. Inspirado em Scorpio Rising (1963), de Kenneth Anger, o vídeo usa colagem visual e trilha sonora como um comentário irônico. Os temas de Anger – motociclistas vestidos de couro –, servem como um contraponto à cultura que Manna tenta retratar, a cultura masculina “bandida” em Jerusalém Oriental. Ao mesmo tempo que psicologiza os personagens e se seduz por eles, Manna se vê em um vínculo duplo, parecido com o desejo conflituoso que move seu protagonista enquanto ele vai de discursos degradantes a declamações de poemas heroicos ou a uma autoexaltação sem limites.

Canada Park (dir. Razan AlSalah, Canadá/Palestina, 2020, 8’) – 12 ANOS
Eu ando na neve para cair no deserto. Eu me encontro em território indígena não cedido que chamam de Canadá – uma exilada incapaz de retornar à Palestina. Eu ultrapasso a fronteira colonial como um espectro digital que flutua pelo Parque Ayalon-Canadá, transplantado para três aldeias palestinas arrasadas pelas Forças de Defesa de Israel em 1967.

AS CURADORAS:
Carol Almeida
Carol Almeida é doutora pelo programa de pós-graduação em Comunicação na UFPE, com pesquisa centrada no cinema contemporâneo brasileiro. Faz parte da equipe curatorial desta edição da Mostra de Cinema Árabe Feminino e integra a equipe curatorial do Festival Olhar de Cinema/Curitiba desde 2017, bem como da Mostra que Desejo, promovida pelo Mirante Cineclube. Dá oficinas sobre crítica de cinema, curadoria, cinema brasileiro contemporâneo e representação de mulheres no cinema. No momento, trabalha como professora substituta de oficina de produção audiovisual e linguagens e culturas visuais da Universidade Federal de Alagoas.

Alia Ayman
Alia Ayman realiza e programa filmes, vídeos e lives entre Cairo e Nova York. Ela é cofundadora da Zawya, um cinema de arte no Cairo, e é doutoranda em antropologia social na New York University. Ela é consultora de curadoria para a Berlinale Forum, International Documentary Film Festival in Amsterdam (IDFA) e para a BlackStar Film Festival. Ela já realizou curadorias para o Images Festival em Toronto, Canadá, Flaherty NYC, Arsenal Institute for Film and Video, entre outros.

Analu Bambirra
Analu Bambirra é formada em Cinema e Audiovisual pelo Centro Universitário UNA, em Belo Horizonte/MG. Sócia da Partisane Filmes, atua nas áreas de produção executiva, curadoria e distribuição. Colaborou com a empresa produtora Anavilhana de 2014 a 2022, e desde então colabora com a Ocean Films como gestora de projetos. É curadora, diretora e produtora da Mostra de Cinema Árabe Feminino.

SERVIÇO
3ª Mostra de Cinema Árabe Feminino
Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Período: 22 de abril a 14 de maio
Ingressos: Gratuitos em bb.com.br/cultura e bilheteria do CCBB
Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico, São Paulo – SP
Funcionamento: Aberto todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças
Entrada acessível: Pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e outras pessoas que necessitem da rampa de acesso podem utilizar a porta lateral localizada à esquerda da entrada principal.
Informações: (11) 4297-0600
Estacionamento: O CCBB possui estacionamento conveniado na Rua da Consolação, 228 (R$ 14 pelo período de 6 horas – necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB). O traslado pela van do CCBB é gratuito para o trajeto de ida e volta ao estacionamento e funciona das 12h às 21h.
Transporte público: O Centro Cultural Banco do Brasil fica a 5 minutos da estação São Bento do Metrô. Pesquise linhas de ônibus com embarque e desembarque nas Ruas Líbero Badaró e Boa Vista.
Táxi ou Aplicativo: Desembarque na Praça do Patriarca e siga a pé pela Rua da Quitanda até o CCBB (200 m).
Van: Ida e volta gratuita, saindo da Rua da Consolação, 228. No trajeto de volta, há também uma parada no metrô República. De 12h até o encerramento das atividades do CCBB.

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