Pablo Neruda - foto Eric Atlan
Soneto XV
Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.
Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.
Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.
Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.
Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.
Soneto XV
Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.
Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolía.
Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle con el silencio tuyo.
Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.
Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.
– Pablo Neruda, no livro “Cem sonetos de amor”. [tradução Carlos Nejar]. Porto Alegre: L&PM Editores, 1979, p. 55.
Ouça o poema na voz do próprio poeta Pablo Neruda
Saiba mais sobre Pablo Neruda:
Pablo Neruda – entrevistado por Clarice Lispector
Pablo Neruda – poemas do livro “Crepusculário” (bilíngue português-espanhol)
Pablo Neruda (outros poemas, textos e entrevista)
Todas Elas, novo álbum de Vanessa da Mata apresenta as diversas faces de uma artista…
CCBB São Paulo recebe Nebulosa de Baco, espetáculo inédito inspirado na obra de Luigi Pirandello,…
Há Vagas para Moças de Fino Trato de Alcione Araújo fala, em tempos modernos, das…
Cancioneiro Geral – Tributo a Capinan traz Renato Braz com participações de Capinan, Jards Macalé…
De quinta-feira (15/mai) a sábado (17/mai), Orquestra executa obras de Tchaikovsky e Andrew Norman na…
Torto Arado – O Musical, adaptação do best-seller de Itamar Vieira Junior, chega ao Teatro…