quinta-feira, novembro 7, 2024

Entrevista com o poeta e letrista Geraldo Carneiro, por Daniela Aragão

Geraldo Carneiro – poeta, compositor e roteirista de teatro, cinema e televisão. Carneiro nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 11 de junho de 1952, mas mora no Rio desde os três anos de idade. É autor de sete livros, traduções de Shakespeare, centenas de letras de música, de peças para teatro e roteiros premiados para TV e cinema, entre as quais Sônia: Morta & Viva, Eternamente Pagu, O judeu e O sorriso do lagarto, para TV. Participou da criação do programa Você decide.

Daniela Aragão: Como começou a música em sua vida?
Geraldo Carneiro: A música começou desde sempre, aliás  a música e a palavra. Eu era muito estimulado pelas tias e segundo o anedotário familiar, não sei se isso era verdade, mas eu teria dito no meu primeiro aniversário a palavra liquidificador e nunca mais deixei de ser liquidificado pelas palavras. A música veio com uma fascinação total, mas eu não percebia que a palavra era tão forte. Eu perseguia a música, amava a música e supunha que a minha praia fosse ela. Supus até muito tarde, mas todos os meus amigos me empurravam para a palavra, pediam para que eu  escrevesse letras de música para eles. Até que pelos dezesseis, dezessete anos de fato me empurraram para a palavra, talvez porque fizessem música muito melhor que eu. Era verdade, pois eu tinha um certo censo crítico, até que aos dezessete anos conheci o Egberto Gismonti que foi um divisor de águas em minha vida. Eu já fazia letras para Eduardo Souto Neto, entretanto Egberto foi responsável por essa transformação. Encantado pela variedade e grandeza de sua música ele me elegeu parceiro muito menino.

Daniela Aragão: Então você teve parceiros antes de Egberto?
Geraldo Carneiro: Sim, tive Eduardo Souto Neto, parceiro em umas trinta músicas. Também com Peri Reis fiz outras trinta, fora alguns parceiros eventuais. Tive banda com Danilo Caymmi, Paulinho Jobim, Peri Reis chamada “Poder Salvador da Lapa”. Nessa banda eu era pianista e violonista, mas de vez em quando me pediam letras. A partir do encontro com Egberto virei só letrista, deixei de fazer música. Começaram a pedir poemas para publicar em lugares, então virei escritor a princípio sob encomenda. Não era uma iniciativa minha, embora gostasse de escrever. Eu tinha má impressão dos poetas, principalmente os que conhecia na infância pareciam figuras suspeitíssimas. Um deles era o grande Paulo Mendes Campos, com o qual tive uma rixa futebolística. Ele tentou me enforcar no restaurante La Mole, do Leblon, quando eu tinha onze anos de idade. Nunca deixei de ter admiração por ele, embora tivesse tentado me enforcar. Outro que achava estranhíssimo e que vinha muito raramente buscar as filhas no colégio, com os cabelos compridos, figura estranhíssima e suspeitíssima era Vinícius de Moraes. Então esse negócio de poesia não me parecia uma atividade muito séria e eu preferia a música como uma atividade mais séria. Tentei me enturmar nesse campo, mas fui rechaçado e me puseram nessa atividade subalterna de escrever. Meus amigos e parceiros sempre encomendavam textos para as músicas deles. Me conformei e percebi que tinha cultivado esse ofício desde sempre sem perceber e que os meus traumas anteriores em relação a poesia não eram tão graves. Acabei fazendo da palavra a minha companheira de todos os dias.

Daniela Aragão: Mas com Egberto se deu uma parceria consistente não é?
Geraldo Carneiro: Fizemos umas cinquenta músicas. Nosso ídolo maior na época, por volta de 1971, 1972 era Astor Piazzolla. Quando ele veio ao Brasil, Nana Caymmi me telefonou dizendo que Piazzolla queria fazer música comigo, pois tinha gostado de minhas parcerias com Egberto. Fiz então em parceria com Piazzolla umas quinze músicas e passei uns quinze anos me dedicando muito a música. Depois surgiram outras frentes de atividade, comecei a me dedicar muito ao teatro, cinema e jornalismo. Tudo que dissesse respeito a palavra.

Daniela Aragão: Você entrou no “26 poetas hoje”, reunião de poetas em ascensão  na década de setenta, mais precisamente os poetas da chamada “geração mimeógrafo”. Obra organizada por Heloísa Buarque de Hollanda.
Geraldo Carneiro: Eu era o mais novo, talvez um dia a menos que Ana Cristina César e o Antonio Carlos Secchin. Éramos os três do mesmo ano e mês. Fui sempre um irresponsável em relação a poesia, nunca me dediquei, ela tomou conta de mim e me tornou seu vassalo. Ela me cultivou muito mais que eu a cultivei e até me arrependo disso, pois deveria ter ouvido mais o chamado da poesia. Hoje em dia diante de qualquer chamadinha estou sempre disponível, quero me encontrar com ela a qualquer momento. Fazia parte também do ideário de nossa geração ter uma atitude crítica em relação a poesia, achar que a poesia tinha que ser antiliterária. Uma contradição grande.

Daniela Aragão: Esse abandono da poesia diz respeito a própria produção, a feitura, ou a leitura dos demais poetas?
Geraldo Carneiro: Sempre tive o maior interesse pelos outros, não tinha é interesse em mim.  Era engraçado, sempre tive uma falta de sintonia com a minha geração, pois era comum que as pessoas desprezassem os clássicos, o literário como fruto de uma elaboração humana complexa. Sempre tive admiração desde a infância por figuras como Augusto dos Anjos, depois Carlos Drummond de Andrade, Jorge de Lima, Vinícius de Moraes. Minha infância foi muito ligada a Drummond e Vinícius, sempre tive fascinação por poetas de grande elaboração e refinamento verbal. Nunca concordei com a minha geração quando dizia que a poesia era uma atividade antiliterária, digamos assim.

Daniela Aragão: Era comum os poetas da época, a exemplo de Chacal, fazerem uma espécie de coro com aquele lema que os versos de Cacaso sintetizam com muita propriedade “Poesia eu não te escrevo eu te vivo”.
Geraldo Carneiro: Pois é, acreditei muito nisso durante um certo tempo, quer dizer, acreditei mais na vida que na poesia, mas nunca supus que a poesia fosse feita só de vida. Sempre imaginei que fosse uma combinação, a poesia quando é desvitalizada, desprovida de vida, é inócua, desinteressante. Um exercício beletrista que não me interessa. Ao mesmo tempo quando a poesia não tem um refinamento literário, quando não tem uma espécie de visão crítica dessa tradição clássica toda, ela sofre de um empobrecimento que me parece irremediável. Sempre pensei que a poesia deveria conjugar as duas qualidades, ser expressão original de uma vida e ser expressão original de uma linguagem. Essa procura é evidentemente muito difícil, tornar esses encontros, esses bacanais que envolvem a vida e a linguagem. Sempre foi a fascinação  da minha vida a convergência desses dois mundos, nem sempre conjugados. A poesia então foi se tornando cada vez mais central em minha vida, percebi que tudo que havia em minha vida era de certa maneira poesia e tudo o que eu de certa maneira escrevia era vida. Foi muito estranho quando percebi que as duas se entrecruzavam, me enche de pudor perceber que certos poemas meus eram retratos aterrorizantes  de determinados momentos ou conjunturas psíquicas, ou amorosas, ou conceituais. Era muito estranho me reconhecer naqueles textos às vezes cifrados, me lembro de um poema todo  “Finnegans Wake” e que dizia assim: “eu aqui no trapézio triciclópico de Circe”, todo construído com palavras compostas joyceanas e eu achando que estava fazendo um exercício literário e que não tinha nada por detrás daquilo.  Era um retrato horroroso do momento biográfico em que eu vivia.

Daniela Aragão: Você foi tomado pelos concretos em algum momento?  
Geraldo Carneiro: Não, sempre tive uma visão muito crítica dos concretos. Esse fato de eles terem abandonado a discursividade sempre me pareceu um suicídio, porque é uma espécie de negação da matéria prima da poesia. A poesia sem linguagem é um projeto de auto-aniquilamento. Fico achando que parece coisa de religioso, que quer reduzir tudo ao nome de Deus. Parece uma seita que está procurando o nome de Deus e o nome de Deus talvez devesse ser o poema: Deus. Você suprime o “s” e fica somente “Deu”, já deu. Sempre achei aquilo muito interessante como especulação conceitual, adoro os ensaios, as traduções. Li tudo, gostei, tem uma contribuição profilática espetacular para a poesia brasileira. Muito curiosamente todos aqueles talentos voltaram a discursividade, negaram a premissa fundamental do concretismo que era o combate a discursividade. Todos fizeram poemas discursivos, voltaram a matéria prima da poesia, se você não tem discurso não faz poesia. Você faz publicidade, slogans sem discurso, mas não faz poesia. Toda memória literária da gente se expressa pelo menos através de frases, palavras concatenadas, não há como desarticular o discurso. Claro que isso se deu num momento de extremismo, sempre percebi o caráter suicida que havia ali. Denunciei isso algumas vezes, fui docemente hostilizado por Haroldo de Campos. Fiz poemas debochando deles, poemas concretos: “a vida é uma vida só/ a vida ávida/ a vida é uma ave/ a vida é um/ só um”. Eu tinha poemas que denunciavam esses jogos verbais que não deixavam de ser jogos verbais, mesmo que você emprestasse a eles o pensamento, era um projeto fadado ao aniquilamento.

Daniela Aragão:  Tanto em suas letras como em seus poemas há um lirismo acentuado que me faz considerar você um neo-romântico. Você é um poeta que bebeu na grande tradição lírica.
Geraldo Carneiro: Com certeza, adoro os líricos. Adoro os líricos de todos os tempos e acho o lirismo interessantíssimo. Em cada época inventam um lirismo específico, mas há sempre um outro lirismo, nunca é o mesmo. Curiosamente existe uma coisa trans histórica que liga um poema de Safo a um poema de Manoel Bandeira, tem um elemento trans-histórico e circunstancial. O que mais me fascina no lirismo é alguma coisa que permanece sempre a mesma e se transforma. Simultaneamente há essa conjugação que é permanente e absolutamente original.

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Geraldo Carneiro – foto: André Fernandes

Daniela Aragão: Você é da geração de Cacaso, que também se revezava no ofício de poeta e letrista. Em Cacaso é clara a distinção no sentido da composição dos gêneros poesia e canção. Isso estimula a discussão infindável, poesia e letra de música são gêneros distintos?
Geraldo Carneiro: Em alguns momentos faço a distinção, por exemplo às vezes construo um poema que não funciona como poema e mando para o Francis Hime.  É muito variável, não tenho uma opinião fechada sobre isso. Me espantou muito quando fui contratado por uma editora para fazer uma edição das letras de música de Vinícius de Moraes. Contratei duas pesquisadoras amigas e quando chegamos a 250 letras percebi que o livro não se sustentava como livro. Eram textos maravilhosos, mas que precisavam do suporte da música para existirem. Então Vinícius, que foi um dos maiores letristas de todos os tempos, necessitava da música. Este é um entre tantos outros exemplos, percebi que havia uma diferença. Mas há momentos em que a música se aproxima da letra e há momentos em que a letra tem uma complexidade importante. O Ezra Pound definiu isso bem quando ele fala das ênfases, você enfatiza a melopéia, ou você enfatiza a logopéia, ou você enfatiza a falopéia. A divindade que preside a letra tende a ser a melopéia.

Daniela Aragão: Com Francis você tem uma parceria rica também.
Geraldo Carneiro: Quando nós nos conhecemos eu namorava a irmã dele. Ele começou a fazer música com Chico Buarque e eu com Egberto. Naquela época os casamentos musicais eram monogâmicos, passamos uns dez anos querendo fazer música sem poder, em fidelidade aos nossos parceiros. Até que finalmente libertos das demais parcerias fizemos muitas músicas juntos e mais intensamente nos últimos dez anos.

Daniela Aragão: Além desses trabalhos você também envereda pela ficção.
Geraldo Carneiro: A partir dos anos oitenta fui para o teatro, em 1979 escrevi uma peça, em 1982 traduzi “A tempestade”. Comecei a me tornar dramaturgo, daí fui a falência nos anos oitenta e me tornei roteirista. Sempre me dediquei a atividades literárias ou paraliterárias, conforme o mercado. Adoro encomendas, Wagner Tiso certa vez me encomendou um poema para que fosse um roteiro de um cd dele que se chamava “Mandú Çarará”, nome de uma música de Villa Lobos. Nós colocamos o título “Mandú Çaruê”, graças a encomenda de Wagner Tiso.

Daniela Aragão: Você trabalha bem sob encomenda então?
Geraldo Carneiro: Adoro encomendas. Poemas por encomenda também adoro. Escrevi duas conferências, dois prefácios, adoro encomendas, pois sou um pouco desorganizado. Se me encomendarem funciona, cumpro o prazo como bom mineiro.

Daniela Aragão: Você fez parte do roteiro da minissérie JK
Geraldo Carneiro: Fiz, colaborei e depois fiz junto com Assis Nogueira o roteiro para a novela “O astro”. Adoro essas encomendas, dificilmente recuso, só quando não tenho afinidade com o tema ou não tenho tempo para escrever. Escrevo o tempo todo, chato é que às vezes tenho três a quatro encomendas simultâneas para fazer e a vida fica complicada.

Daniela Aragão: Gosto especialmente daquele livro seu sobre Vinícius de Moraes, uma espécie de biografia muito bem humorada, com toques de leveza e humor.
Geraldo Carneiro: Esse foi uma encomenda de Heloísa Buarque de Hollanda em nome da editora Brasiliense. Foi uma delícia, escrevi em um mês, duas páginas por dia, sessenta páginas. Boas encomendas me trazem felicidade. Sempre aceito três ou quatro ao mesmo tempo, só que um belo dia duas ou três desabam sobre mim.

Daniela Aragão: Sua última tradução foi de Shakespeare?
Geraldo Carneiro: Juca de Oliveira havia me pedido uma tradução de “Rei Lear”, eu disse que não precisava, pois tinham boas traduções. Resolvi fazer uma redução para um monólogo.

Daniela Aragão: E os projetos atuais?
Geraldo Carneiro: Tem muito poema saindo, uma série de especiais sobre Machado de Assis comemorando os 450 anos do Rio de Janeiro. Estou fazendo uma peça em comemoração aos quatrocentos anos da morte de Shakespeare, baseada nos sonetos dele. Vou fazer uma peça para ser encenada em Londres, a fofoca por trás dos sonetos. São cinco personagens aos quais ele dedicou os sonetos. Uma espécie de barraco Elizabetano. Vou publicar em 2016 uma tradução de Romeu e Julieta.

Daniela Aragão: Você já conseguiu alcançar “os ciclos do inferno”?
Geraldo Carneiro: Segundo Dante são nove ciclos, eu tenho mania do sétimo. Preciso conviver mais com Dante, sou fã dele. Fico meio agarrado com Shakespeare e não dou a devida atenção ao Dante. Um sujeito que merece toda a atenção.

Daniela Aragão: Para fecharmos com música, certa vez ouvi você comentar sobre a importância de Tom Jobim em sua vida.
Geraldo Carneiro: Conheci o Tom quando eu tinha dezessete anos, ele me levou para sua casa e me apresentou seu filho, o Paulo Jobim. Ficamos amigos e depois ele gravou uma música minha, me recordo de que falou “- Vou gravar um chorinho seu”, um chorinho que fiz com Eduardo Souto Neto. Aí me deu uma mineirice imperdoável e falei que Vinícius já havia gravado aquela canção. Daí Tom falou com aquela voz peculiar “Vinícius faz tudo antes de mim”. Acabou que gravou com Miúcha. Para mim Tom era um amigo e um ídolo sobretudo. Sou apaixonado por Tom, ouço sempre no meu carro o tempo todo, sou inteiramente encantado por Tom Jobim, tanto pessoal como musicalmente.

Daniela Aragão: Um poema, canção, qualquer verso que fale por você.
Geraldo Carneiro: o amor é o tal total que move o mundo/ a tal totalidade tautológica,/ o como somos: nossos cromossomos/ nos quais nunca se pertenceu ao nada:/ só pertencemos ao tudo total/ que nos absorve e sorve as nossas águas/e as nossas mágoas ficam revoando/ como se revoltadas ao princípio, /àquele principício originário/ onde era Orfeu, onde era Prometeu,/ e continua sendo sempre lá/ o cais, o never more, o nunca mais,/ o tal do és pó e ao pó retornarás.

Daniela Aragão: Um poema próprio dito de cor pelo próprio poeta é uma honra.
Geraldo Carneiro: Este eu sei (risos)

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Saiba mais sobre Geraldo Carneiro

:: Academia Brasileira de Letra/ABL – perfil biográfico Geraldo Carneiro
:: Memoria Globo – Geraldo Carneiro

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Daniela Aragão – foto: acervo pessoal

** Daniela Aragão (1975) é doutora em literatura brasileira pela Puc-Rio, cantora e pesquisadora musical. Há mais de duas décadas desenvolve trabalhos sobre a história do cancioneiro brasileiro, com trabalhos publicados no Brasil e no exterior. Gravou em 2005 o disco “Daniela Aragão face A Sueli Costa face A Cacaso”. Há mais de uma década realiza entrevistas com músicos de Juiz de Fora e de estatura nacional. Entre os entrevistados estão: Sergio Ricardo, Roberto Menescal, Joyce Moreno, Delia Fischer, Márcio Hallack, Estevão Teixeira, Cristovão Bastos, Robertinho Silva, Alexandre Raine, Guinga, Angela Rô Rô, Lucina, Turíbio Santos… Seu livro recém lançado “De Conversa em Conversa” reúne uma série de crônicas publicadas em jornais e revistas (Cataguases, AcheiUSA, Suplemento Minas, O dia, Revista Revestrés, Cronópios…) ao longo de quinze anos . Os textos de Daniela Aragão são reconhecidos no meio musical devido a sua considerável marca autoral e singularidade, cuja autora analisa minuciosamente e com lirismo obras de compositores e cantores como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Rita lee. O livro possui a orelha escrita pelo poeta Geraldo Carneiro, prefácio do pesquisador musical e professor da Puc-Rio Júlio Diniz, contracapa da cantora e compositora Joyce Moreno e do pianista e arranjador Cristovão Bastos. Irá lançar em 2022 seu livro “São Mateus – num tempo de delicadezas”.  Colunista da Revista Prosa, Verso e Arte. #* Biografia completa AQUI!

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