Meia noite. Fim
de um ano, início
de outro. Olho o céu:
nenhum indício.
Olho o céu:
o abismo vence o
olhar. O mesmo
espantoso silêncio
da Via-Láctea feito
um ectoplasma
sobre a minha cabeça:
nada ali indica
que um ano novo começa.
E não começa
nem no céu nem no chão
do planeta:
começa no coração.
Começa como a esperança
de vida melhor
que entre os astros
não se escuta
nem se vê
nem pode haver:
que isso é coisa de homem
esse bicho
estelar
que sonha
(e luta)
– Ferreira Gullar, em “Toda poesia”. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1997.
Saiba mais sobre Ferreira Gullar:
Outros poemas e entrevista. AQUI!
Ferreira Gullar – entre o lírico e o social
Ferreira Gullar – entrevistado por Clarice Lispector
por Rone Carvalho . Quando a dançarina e coreógrafa americana Katherine Dunham (1909-2006) chegou para…
“Todos os projetos musicais e artísticos que abordam a vida e obra de Heitor Villa-Lobos…
por Edison Veiga* . Em 11 de janeiro de 1928, a pintora Tarsila do Amaral…
De longa experiência e contribuição na música brasileira, acompanhando nomes como Paulinho da Viola, Roberto…
O ano de 2024 marca as celebrações dos 70 anos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo…
“O Som É Cruel” acaba de chegar nas plataformas digitais, com uma peculiaridade - é…