“Isto tudo que escrevo de pé, neste móvel antigo onde não entra o cupim nem os dentes da maresia, estas coisas, meu amigo, são minha vida, falam de mim. Você duvida? Pois é assim. Fale de sua aldeia é a lição dos mestres -, mas o que sei eu de aldeias? A minha aldeia sou eu, e mais do que ser não careço. Magro de virtudes, caibo em meu silêncio e cansaço e sobro de meu endereço. A palavra verde, úmida de chuva e faminta de sol, brota de meu pensamento orgânico, eu tão pouco fluvial, eu oceânico.” – Abel Silva, na contracapa do seu novo livro.
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[Livro em pré-venda – envio a partir de 20 de abril]
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O passeio de Abel Silva pela literatura narrativa fascina pela variedade de procedimentos. “Os peregrinos”, por exemplo, assume uma estrutura dramática – meio roteiro de filme buñueliano, peça de teatro rodrigueana – para ironizar a sociedade burguesa. “A morena do Catumbi” parece uma estranha notícia de jornal popular. No confessional “O In-pássaro no Impasse”, o tom é de ensaio literário, uma reflexão sobre a escrita, a loucura e a vida que cita explicitamente influências literárias como a outridade de Paz, a “consciência da excentricidade” de Cortázar, o “ser gauche” de Drummond, para (in) definir tudo isso. “Vertigem” é um contundente panfleto político. Há contos propriamente “literários” como “Rajah das veredas” ou “O aprendiz e o tigre” e o muito denso “Açougue das almas”, mas também um cordel – poesia “narrativa” por excelência, por isso coube neste volume de “histórias” – “O romance do cocar de penas com o boné vermelho”.

Há enfim um nítido prazer de narrar, prazer confinado durante mais de 50 anos na obra de um poeta docemente limitado pela bem-vinda concisão exigida pela poesia ou ainda mais pela melodia dos parceiros. Aqui, não.
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O poeta é salvo em momentos pela prosa, como ele narra no mais explicitamente memorialístico dos textos deste volume, “Salvo por Pelé”, no qual se define de forma singela e comovente dentro de sua geração – “nunca pertenci a partido algum, a nenhuma daquelas dezenas de facções políticas da nossa juventude, eu já era o ‘Abel da música’” – como conta a incrível história da vez em que escapou da prisão e da tortura quando a polícia política da ditadura pegou uma carta sua enviada a um exilado que, ao contrário de outras, não falava de segredos políticos proibidos, mas narrava as jogadas de Pelé num jogo no Maracanã. É ou não é pura prosa de um poeta? Ou melhor, puro “Abel da música” fazendo as vezes de contador de histórias, que depois de tantos anos clandestino revela-se neste livro.
Hugo Sukman, no prefácio do livro ‘Vou te contar’. 7Letras, 2024.

revistaprosaversoearte.com - Vou te contar, novo livro de Abel SilvaFICHA TÉCNICA
Título: Vou te contar
Autor: Abel Silva
Editora: 7Letras
Prefácio/ e orelhas: Hugo Sukman
Foto capa/contracapa: Lena Trindade
Ano/ 1ª edição: 2024
Páginas: 132
Formato: 15,5 x 23cm
ISBN: 9786559056842
Valor: R$ 65,00
Pré-venda valor – 25% desconto: R$ 49,00
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