“Mestre, meu mestre querido!
Coração do meu corpo intelectual e inteiro!
Vida da origem da minha inspiração!
Mestre, que é feito de ti nesta forma de vida?
Não cuidaste se morrerias, se viverias, nem de ti nem de nada.
Alma abstracta e visual até aos ossos,
Atenção maravilhosa ao mundo exterior sempre múltiplo,
Refúgio das saudades de todos os deuses antigos,
Espírito humano da terra materna,
Flor acima do dilúvio da inteligência subjectiva…”
– Álvaro de Campos (heterônimo Fernando Pessoa) – 15-4-1928, (excerto do poema “Mestre, meu mestre querido!”) em “Poesias”. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993).

À professora Helley Abreu

“A conduta dela foi heroica, ela mostrou que estava ali realmente pra proteger todas aquelas crianças” – delegado Bruno Fernandes Barbosa sobre a educadora.

“Na minha alma, hoje, também corre um rio, um longo e silencioso rio de lágrimas que meus olhos fiaram uma a uma e que há de ir subindo, subindo sempre, até afogar e submergir na tua profundez sombria a intensidade da minha dor!…”
– Cora Coralina, em trecho do poema “Rio Vermelho”, do livro “Villa Boa de Goyaz. São Paulo: Global Editora, 2001, p. 103.

Mozart, Réquiem en re menor K626. Karl Böhm

Helley Abreu, professora e mãe!

Ela teve 90% do corpo queimado e morreu no hospital cerca onze horas depois da tragédia. Além de Helley, cinco crianças morreram depois que Damião Soares dos Santos, de 50 anos, ateou fogo ao seu próprio corpo e ao corpo de alunos do Centro Municipal de Educação Infantil Gente Inocente. Santos morreu no hospital, poucas horas após o crime.

Entre os colegas de profissão, Helley é definida como uma guerreira, que sempre cuidou dos seus alunos com muita dedicação. “Ela era muito cativante, alegre e conseguia envolver cada aluno com seu olhar peculiar. Ser professor é ser Helley Abreu”, disse Eliane Faria, pedagoga que trabalhou como supervisora em uma escola onde a Helley lecionou, em 2016.

A professora era casada e deixa três filhos, de 1, 11 e 13 anos. “Ela alegre, de bem com a vida. Cheia de fé e esperança. Era isso que tinha, muita esperança. Estou desolada como amiga e colega de profissão. Helley lutou até o fim”, conta Elisdete Souza da Silva, pedagoga.
Fonte: G1 | Estado de Minas

Ensinar
é um exercício
de imortalidade.
De alguma forma
continuamos a viver
naqueles cujos olhos
aprenderam a ver o mundo
pela magia da nossa palavra.
O professor, assim, não morre
jamais…
– Rubem Alves

 







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