Segundo um novo estudo, um suplemento nutricional em forma de bebida é capaz de reduzir a progressão do Alzheimer em pacientes no início da doença

O Alzheimer é a principal causa de demência em pessoas a partir dos 60 anos, mas permanece como um dos principais desafios da medicina devido à dificuldade de diagnóstico e à ausência de tratamento. Felizmente, a cada dia, novos estudos trazem mais luz sobre esse assunto.

O mais recente deles, publicado na segunda-feira no periódico científico The Lancet Neurology, mostrou que um suplemento nutricional facilmente encontrado em farmácias foi capaz de reduzir a progressão do Alzheimer em pacientes com estágio inicial da doença.

Em sua fase inicial, também chamada de pré-demência, surgem os primeiros sinais de declínio cognitivo, como confusões de memória, alterações sutis de comportamento e dificuldade de expressão. Conforme avança, mais e mais neurônios morrem, apagando datas, nomes, rostos e lembranças. No fim, o doente está alienado do mundo e de si próprio.

Impacto no prognóstico da doença

Para essas fases mais avançadas, ainda não há muito o que fazer, mas para na inicial, que se assemelha ao envelhecimento natural, sim. E uma intervenção nesse período não significa a cura, mas corresponde ao retardo da fase final e cruel. No estudo LipiDiDiet, financiado pela União Europeia, 311 pessoas diagnosticadas com comprometimento cognitivo leve (CCL), de quatro países diferentes – Finlândia, Alemanha, Holanda e Suécia -, foram selecionadas aleatoriamente para receber a intervenção nutricional ou uma bebida iso-calórica de controle.

A intervenção consistia em ingerir uma unidade do composto nutricional Souvenaid, uma vez ao dia, durante dois anos. Os resultados mostraram que os participantes desse grupo apresentaram melhora do desempenho cognitivo e funcional e reduziram atrofia de hipocampo, um importante sinal no prognóstico da doença. No entanto, o desfecho primário do estudo – mostrar o impacto do produto na redução da perda de memória e frear o desenvolvimento da doença – não foi alcançado.

“Essa foi a primeira vez que a redução na atrofia do cérebro veio acompanhada de melhora nas funções cognitivas dos pacientes e é isso o que importa. Ficamos positivamente surpresos com o impacto da intervenção no dia a dia dos pacientes. Certamente essa não é a cura para o Alzheimer, mas pela primeira vez temos uma terapia que pode modificar a doença.”, afirma Tobias Hartmann, pesquisador da Universidade de Saarland, na Alemanha e coordenador do projeto.

Melhora no desempenho cognitivo

A melhora no desempenho cognitivo e funcional foi medida pela Avaliação Clínica de Demência (Clinical Dementia Rating-Sum of Box – CDR-SB). Esse índice avalia a progressão da doença por meio da capacidade de execução de atividades diárias, tarefas domésticas, lidar com transações financeiras ou o esquecimento de um evento importante. Os pacientes do grupo ativo apresentavam uma redução de 45% nessa avaliação após os 24 meses de intervenção.

Em relação à atrofia cerebral, ela foi 26% menor no hipocampo e 16% menor no volume ventricular do grupo ativo, em relação ao controle. Esse dado é importante porque o hipocampo, por exemplo, é responsável pela memória, e a área é diretamente afetada pela degeneração progressiva causada pelo Alzheimer.

Fonte: revista Veja

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