Uma em cada cinco crianças e jovens de 8 a 25 anos tem um provável transtorno de saúde mental | Imagem: Istock
A saúde mental na adolescência requer atenção, pois é uma fase de grandes mudanças e desafios. É importante que os pais observem os sinais de alerta e busquem ajuda profissional se necessário. Os pais podem apoiar os adolescentes oferecendo um ambiente seguro para compartilhar sentimentos, estabelecendo limites saudáveis e incentivando hábitos de vida saudáveis
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Saúde mental na adolescência: quando procurar ajuda e o que os pais podem fazer · Por que os problemas são tão comuns · Quando e como ajudar.
De Nick Triggle (@nicktriggle) / Repórter de saúde da BBC
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Lucy diz que sempre foi um pouco preocupada, mas há dois anos começou a ficar ansiosa e a ter ataques de pânico.
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“Eu não sabia o que estava acontecendo e meus pais também não”, diz a jovem de 15 anos. “Era assustador. Os ataques ocorriam sem aviso. Piorou e comecei a tê-los em público.”
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Lucy começou a faltar muito à escola e parou de socializar. Ela diz que era difícil para seus pais vê-la sofrendo. “Não sabíamos o que fazer ou para onde ir.”
Por seis meses, ela tentou controlar sua ansiedade sozinha, mas eventualmente a família decidiu pagar por terapia cognitivo-comportamental.
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Lucy diz que fez uma grande diferença. Embora ela ainda tenha ataques de pânico, eles são muito menos frequentes e ela voltou a frequentar a escola e a fazer as coisas de que gosta.
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A história de Lucy está longe de ser única. Uma em cada cinco crianças e jovens de 8 a 25 anos tem um provável transtorno de saúde mental, segundo dados do sistema público de saúde do Reino Unido.
A adolescência é quando os problemas se tornam cada vez mais comuns, à medida que os jovens enfrentam os desafios do crescimento, o estresse das provas, as amizades e os relacionamentos.
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Existem também razões biológicas que tornam os problemas de saúde emocional mais prováveis, afirma Andrea Danese, especialista em psiquiatria na infância e adolescência do King’s College London.
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“O cérebro dos adolescentes não se desenvolve de uma só vez. A parte que processa as emoções amadurece mais cedo do que a parte responsável pelo autocontrole e pelo bom senso. Isso significa que os jovens podem sentir as coisas com muita intensidade antes de desenvolverem plenamente a capacidade de lidar com esses sentimentos, o que ajuda a explicar alguns dos altos e baixos emocionais que os pais frequentemente observam.”
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O auge, diz, é a adolescência, quando as reações emocionais são ainda mais intensificadas por hormônios e alterações no relógio biológico interno, que afetam os padrões de sono.
Então, o que constitui desafios emocionais normais – e quando os adolescentes e seus pais devem se preocupar e considerar a busca por ajuda profissional?
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Danese afirma entender por que muitos acham isso difícil de avaliar. E considera os seguintes traços emocionais normais em adolescentes:
– Irritabilidade e mau humor periódicos;
– Isolamento social ocasional ou desejo de privacidade;
– Ansiedade quanto à aceitação social ou desempenho acadêmico;
– Experimentação com identidade e independência;
– Reações emocionais que parecem desproporcionais.
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Desde que tudo isso não interfira muito nas atividades diárias, os pais devem se sentir capazes de apoiar seus filhos, afirma.
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Os problemas mais comuns que os adolescentes enfrentam são mau humor e ansiedade. Para mau humor, diz Danese, manter rotinas saudáveis em relação à alimentação, sono, atividade física e contato com amigos e familiares é importante, assim como planejar atividades que seu filho goste, como passeios ou praticar um esporte.
“E ajude-o a identificar, analisar e experimentar soluções para problemas que possam ter surgido”, acrescenta.
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Para a ansiedade, técnicas de calma são úteis, afirma. Isso pode incluir exercícios de respiração, aterramento, nos quais você se concentra no ambiente ao seu redor e no que pode ver, tocar e cheirar, e atividades de atenção plena.
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“É importante evitar a armadilha de fornecer segurança desnecessária”, diz Danese.
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Em vez disso, além de ensinar técnicas de calma, os pais devem discutir e testar situações temidas. “Para reduzir as preocupações, pode ser útil anotá-las ou falar sobre elas em um ‘momento de preocupação’ especial, uma vez por dia.”
Stevie Goulding, que administra a linha de apoio aos pais da instituição de caridade britânica Young Minds, afirma que a ansiedade é o problema sobre o qual eles mais recebem ligações.
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“Muitas crianças têm crises de ansiedade e até ataques de pânico. É difícil para os pais. Eles podem facilmente se ver sem confiança e sem discernimento sobre o que fazer. Recebemos muitas ligações de pais nessa situação. Quando veem seus filhos com dificuldades, isso pode fazê-los questionar a si mesmos e simplesmente não saber a quem recorrer.
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“O principal conselho que damos aos pais é que se comuniquem com seus filhos. Dêem-lhes permissão para falar sobre o que os está incomodando – e, se não quiserem falar com eles, perguntem se há outra pessoa com quem eles preferem conversar.”
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Goulding também recomenda conversar com a escola do seu filho, pois eles também podem ter percebido os problemas.
Mas ela acrescenta: “As crianças precisam de espaço – evite a tentação de se apressar e tentar resolver as coisas. Apenas reflitam sobre o que eles estão dizendo e ouçam.”
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A psicóloga da infância Sandi Mann concorda, e afirma que os pais têm uma tentação compreensível de querer resolver qualquer problema que seus filhos estejam enfrentando, quando essa não é necessariamente a melhor solução.
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Ela afirma que, em vez disso, os pais devem ajudar a ensinar e desenvolver a resiliência em seus filhos. Ela recomenda aos pais:
– Expliquem que contratempos acontecem com todos, dando exemplos de coisas que deram errado em suas vidas;
– Aceite os erros;
– Capacite-os a tomar suas próprias decisões, enfatizando que eles são em grande parte responsáveis por sua própria felicidade;
– Desafie suas crenças, especialmente o pensamento preconceituoso e a catastrofização.
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“Acho que às vezes podemos criar a impressão de que crianças e jovens não são capazes de resolver seus próprios problemas quando os apressamos para buscar ajuda ou recorremos a medicamentos.”
Mas Mann e Danese enfatizam que os pais não devem hesitar em pedir apoio profissional quando necessário.
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“Não há nada do que se envergonhar”, diz Mann. “Só precisamos saber quando tentar resolver os problemas e quando buscar ajuda.”
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Ambos destacam comportamentos semelhantes que devem servir de gatilho para os pais buscarem ajuda. Eles incluem:
– Automutilação e pensamentos suicidas;
– Mudanças extremas na alimentação ou no sono;
– Mudanças drásticas de personalidade e expressões de desesperança;
– Interferência significativa no funcionamento diário, como ir à escola ou socializar;
– Afastamento prolongado de atividades que antes eram prazerosas.
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Elaine Lockhart, presidente do corpo docente da criança e do adolescente do Royal College of Psychiatrists, afirma que os pais devem se sentir à vontade para abordar o tema da saúde mental com seus filhos e pedir ajuda.
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“Sabemos que muitas crianças enfrentam dificuldades. A ideia de que os anos escolares são os melhores da vida é uma falácia.”
Mas saber a quem recorrer não é fácil, principalmente se você não puder pagar por terapia particular.
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No Brasil, o Ministério da Saúde diz que pessoas em situações de crise podem ser atendidas em qualquer dispositivo da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). E aqui você pode consultar um mapa que mostra a unidade mais próxima na sua região.
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As pessoas também podem entrar em contato com organizações e instituições de caridade locais que podem fornecer apoio.
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“As próprias escolas também podem ajudar, algumas oferecem serviços de aconselhamento e apoio”, diz Lockhart.
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“Mas acho que os pais podem subestimar o papel que podem desempenhar, mesmo que seus filhos estejam aguardando apoio ou realmente fazendo terapia ou tratamento. O lar é onde eles passarão a maior parte do tempo – então os pais são uma parte importante da solução.”
OPAS ONU – Saúde mental dos adolescentes
Cartilha – Adolescentes (saúde mental) / Ministério da Saúde.
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