Rupi Kaur é uma poeta feminista contemporânea. Nasceu em Panjabe, Índia e emigrou com seus pais para Toronto, Canadá, quando tinha 4 anos, onde começou a pintar e desenhar, desenvolvendo seu lado artístico, inspirada num hobby praticado por sua mãe. Estudou retórica e escrita profissional na Universidade de Waterloo, em Ontário, província na qual, atualmente, vive com sua família.

Tornou-se um fenômeno a partir da divulgação de seu trabalho pelas redes sociais, fazendo parte de um movimento que ficou conhecido como “InstaPoets”, no qual uma série de poetas apresentam seus versos por meio do Instagram.

Publicou dois livros, ambos lançados no Brasil pela Editora Planeta, com tradução de Ana Guadalupe e ilustrações da própria Rupi: “Outros jeitos de usar a boca” (originalmente intitulado “milk and honey”) e “O que o sol faz com as flores” (originalmente intitulado “the sun and her flowers”), em 2017 e 2018, respectivamente.

Os versos de Rupi são duros: tratam de abuso, violência, amor, sofrimento, maternidade, machismo e relacionamento. Falam do “interesse pelo trauma, pelo desconforto, de forma explícita e livre de ironia, e por isso corajosa”, como resume a tradutora e também poeta, Ana Guadalupe.

“Antes do meu livro, o mercado editorial achava que não havia mercado para poesia sobre trauma, abuso e cura”, disse Rupi ao The Guardian em agosto de 2016. O trauma, uma constante na vida de tantas mulheres, diz, é justamente a matéria-prima de sua obra.

“Quando eu nasci, já havia sobrevivido à primeira batalha da minha vida: o feticídio de meninas (prática comum em algumas culturas indianas). Mas nós enfrentamos tudo. Minha poesia é uma das rotas para isso”, explica em seu website.

Milk and honey (“leite e mel”), título original de ‘Outros jeitos de usar a boca’, faz menção ao genocídio do povo sikh na Índia – etnia do Estado de Punjab, à qual pertence a poeta e sua família. Segundo ela, os sikh, especialmente suas mulheres, saíram do massacre “suaves como o leite, mas fortes como o mel”. Seguindo a lógica da superação de um grande trauma, o livro tem quatro partes: a dor, o amor, a ruptura e a cura.

Já “The sun and her flowers”, título original de “O que o sol faz com as flores”, é uma coletânea de poemas arrebatadores sobre crescimento e cura. Ancestralidade e honra às raízes. Expatriação e amadurecimento até encontrar um lar dentro de você. O livro percorre uma extraordinária jornada dividida em cinco partes: murchar, cair, enraizar, crescer, florescer. Uma celebração do amor em todas as suas formas.

Uma das dificuldades na tradução dos poemas, segundo Guadalupe, foi propor soluções que respeitassem a mistura que a autora faz de elementos da linguagem. Isso porque Rupi escreve com pontuação restrita e sem utilizar letras maiúsculas, como forma de homenagear a escrita punjabi.

“No punjabi não há distinção entre letras e há apenas pontos finais. É um mundo dentro de um mundo, exatamente como eu sou, sendo mulher e imigrante. É menos sobre quebrar as regras do inglês e mais sobre usar minha própria história no meu trabalho”, escreve Rupi.

Conheça alguns poemas de Rupi:

revistaprosaversoearte.com - Rupi Kaur: a poeta feminista indiana que faz do trauma a matéria prima de sua obra
Poema de ‘Outros jeitos de usar a boca’, de Rupi Kaur (Foto: Divulgação)
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Poema de ‘Outros jeitos de usar a boca’, de Rupi Kaur (Foto: Divulgação)
revistaprosaversoearte.com - Rupi Kaur: a poeta feminista indiana que faz do trauma a matéria prima de sua obra
Poema de ‘Outros jeitos de usar a boca’, de Rupi Kaur (Foto: Divulgação)
revistaprosaversoearte.com - Rupi Kaur: a poeta feminista indiana que faz do trauma a matéria prima de sua obra
Poema de ‘O que o sol faz com as flores’, de Rupi Kaur (Foto: Divulgação)
revistaprosaversoearte.com - Rupi Kaur: a poeta feminista indiana que faz do trauma a matéria prima de sua obra
Poema de ‘O que o sol faz com as flores’, de Rupi Kaur (Foto: Divulgação)

Com informações da Revista Cult.







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