“Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.”
– Paulo Freire, em “Pedagogia do oprimido”. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

O educador brasileiro, autor da pedagogia do oprimido, defendia como objetivo da escola ensinar o aluno a “ler o mundo” para poder transformá-lo.

O método Paulo Freire não visa apenas tornar mais rápido e acessível o aprendizado, mas pretende habilitar o aluno a “ler o mundo”, na expressão famosa do educador. “Trata-se de aprender a ler a realidade (conhecê-la) para em seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la)”, dizia Freire. A alfabetização é, para o educador, um modo de os desfavorecidos romperem o que chamou de “cultura do silêncio” e transformar a realidade, “como sujeitos da própria história”.

No conjunto do pensamento de Paulo Freire encontra-se a ideia de que tudo está em permanente transformação e interação. Por isso, não há futuro a priori, como ele gostava de repetir no fim da vida, como crítica aos intelectuais de esquerda que consideravam a emancipação das classes desfavorecidas como uma inevitabilidade histórica. Esse ponto de vista implica a concepção do ser humano como “histórico e inacabado” e consequentemente sempre pronto a aprender. No caso particular dos professores, isso se reflete na necessidade de formação rigorosa e permanente. Freire dizia, numa frase famosa, que “o mundo não é, o mundo está sendo”.
Fonte: FERRARI, Márcio. Paulo Freire, o mentor da educação para a consciência. in: Nova Escola, 1.10.2008. Texto integral disponível no link. (acessado em 10.11.2017).

“Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão”
– Paulo Freire, em “Pedagogia do oprimido”. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 29.

 

Da ‘PEDAGOGIA DO OPRIMIDO’

Alguns excertos e aforismos:

“A desumanização, que não se verifica, apenas, nos que tem sua humanidade roubada, mas também, ainda que de forma diferente, nos que a roubam, é distorção da vocação do ser mais. É distorção possível na história, mas não vocação histórica. Na verdade, se admitíssemos que é vocação histórica dos homens, nada mais teríamos que fazer, a não ser adotar uma atitude cínica ou de total desespero. A luta pela humanização, pelo trabalho livre, pela desalienação, pela afirmação dos homens como pessoas, como ‘seres para si’, não teria significação. Esta somente é possível porque a desumanização, mesmo que um fato concreto na história, não é, porém, destino dado, mas resultado de uma ‘ordem’ injusta que gera a violência dos opressores e esta, o ser menos.”
– Paulo Freire, em “Pedagogia do oprimido”. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 16.

§

“[…] Pedagogia do Oprimido: aquela que tem que ser forjada com ele e não para ele, enquanto homens ou povos, na luta incessante de recuperação de sua humanidade. Pedagogia que faça da opressão e de suas causas objeto de reflexão dos oprimidos, de que resultará o seu engajamento necessário na luta por sua libertação, em que esta pedagogia se fará e refará”
– Paulo Freire, em “Pedagogia do oprimido”. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 17.

§

“Não há diálogo, porém, se não há um profundo amor ao mundo e aos homens. Não é possível a pronúncia do mundo, que é um ato de criação e recriação, se não há amor que o funda. Sendo fundamento do diálogo, o amor é, também, diálogo. Daí que seja essencialmente tarefa de sujeitos e que não possa verificar-se na relação de dominação.”
– Paulo Freire, em “Pedagogia do oprimido”. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 45.

§

“Em todas as etapas da descodificação, estarão os homens exteriorizando sua visão de mundo, sua forma de pensá-lo, sua percepção fatalista das “situações-limites”, sua percepção estática ou dinâmica da realidade. E, nesta forma expressada de pensar o mundo fatalistamente, de pensá-lo dinâmica ou estaticamente, na maneira como realizam seu enfrentamento com o mundo, se encontram envolvidos seus “temas geradores”.”
– Paulo Freire, em “Pedagogia do oprimido”. 11ª ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982, p. 115.

§

“Tanto quanto a educação, a investigação que a ela serve, tem de ser uma operação simpática, no sentido etimológico da expressão. Isto é, tem de constituir-se na comunicação, no sentir comum uma realidade que não pode ser vista mecanicistamente compartimentada, simplistamente bem “comportada”, mas, na complexidade de seu permanente via a ser.”
– Paulo Freire, em “Pedagogia do oprimido”. 11ª ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982, p. 118.

§

“O conceito antropológico de cultura é um destes “temas dobradiça”, que prendem a concepção geral do mundo que o povo esteja tendo ao resto do programa. Esclarece, através de sua compreensão, o papel dos homens no mundo e com o mundo, como seres da transformação e não da adaptação.”
– Paulo Freire, em “Pedagogia do oprimido”. 11ª ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982, p. 136.

Biografia
Sobre Pedagogia do Oprimido
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. Disponível no link. (acessado em 10.11.2017).
MEDEIROS. Alexsandro M.. Pedagogia do Oprimido. in: Portal da Consciência Política, 2014 (atualizado fev. 2017). Disponível no link. (acessado em 10.11.2017).

Da “PEDAGOGIA DA AUTONOMIA”

Alguns excertos e aforismos:

“Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, a suas inibições, um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a ele ensinar e não a de transferir conhecimento.”
– Paulo Freire, em “Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa”. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

§

“Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino contínuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo.”
– Paulo Freire, em “Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa”. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

§

“A curiosidade como inquietação indagadora, como inclinação ao desvelamento de algo, como pergunta verbalizada ou não, como procura de esclarecimento, como sinal de atenção que sugere alerta faz parte integrante do fenômeno vital.”
– Paulo Freire, em “Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa”. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

§

“Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar.”
– Paulo Freire, em “Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa”. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

§

“Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mais criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.”
– Paulo Freire, em “Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa”. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

§

“Ninguém pode estar no mundo, com o mundo e com os outros de forma neutra. Não posso estar no mundo de luvas nas mãos constatando apenas. A acomodação em mim é apenas caminho para a inserção, que implica decisão, escolha, intervenção na realidade.”
– Paulo Freire, em “Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa”. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

§

“[…] o educador que, entregue a procedimentos autoritários ou paternalistas que impedem ou dificultam o exercício da curiosidade do educando, termina por igualmente tolher sua própria curiosidade”
– Paulo Freire, em “Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa”. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

§

“Mulheres e homens se tornaram educáveis na medida em que se reconheceram inacabados. Não foi a educação que fez mulheres e homens educáveis, mas a consciência de sua inconclusão é que gerou sua educabilidade.”
– Paulo Freire, em “Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa”. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

§

“O fundamental é que o professor e alunos saibam que a postura deles, do professor e dos alunos, é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada, enquanto fala ou enquanto ouve. O que importa é que professor e alunos se assumam epistemologicamente curiosos. Neste sentido, o bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma “cantiga de ninar”. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.”
– Paulo Freire, em “Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa”. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

§

“As qualidades ou virtudes são construídas por nós no esforço que nos impomos para diminuir a distância entre os que dizemos e o que fazemos.”
– Paulo Freire, em “Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa”. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

§

“Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo.”
– Paulo Freire, em “Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa”. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

§

“O discurso da globalização que fala da ética esconde, porém, que a sua é a ética do mercado e não a ética universal do ser humano, pela qual devemos lutar bravamente se optamos, na verdade, por um mundo de gente.”
– Paulo Freire, em “Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa”. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

§

“Assim como não posso ser professor sem me achar capacitado para ensinar certo e bem os conteúdos de minha disciplina não posso, por outro lado, reduzir minha prática docente ao puro ensino daqueles conteúdos. Esse é um momento apenas de minha atividade pedagógica. Tão importante quanto ele, o ensino dos conteúdos, é o meu testemunho ético ao ensina-los. É a decência com que o faço. É a preparação científica revelada sem arrogância, pelo contrário, com humildade. É o respeito jamais negado ao educando, a seu saber de experiência feito que busco superar com ele. Tão importante quanto o ensino dos conteúdos é a minha coerência entre o que digo, o que escrevo e o que faço.”
– Paulo Freire, em “Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa”. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

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