A nossa casa comum é como uma irmã com a qual compartilhamos a existência.
– Papa Francisco (Laudato si’, n. 1.)
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“Contem, falem sobre as grandes coisas que vocês desejam, porque quanto maior for a capacidade de sonhar — e a vida se encarrega de deixá-los pela metade —, mais caminho vocês terão percorrido. Por isso, acima de tudo, sonhem.” – Papa Francisco / do livro “Quem sou eu para julgar?”
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ECOLOGIA HUMANA
O que significa cultivar e proteger a Terra? Estamos verdadeiramente cultivando e protegendo a criação? Ou a estamos explorando e descuidando?
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O verbo “cultivar” me traz à mente o cuidado que o agricultor tem com sua terra para que ela dê frutos e estes sejam compartilhados: quanta atenção, paixão e dedicação! Cultivar e proteger a criação é uma indicação de Deus dada não apenas no início da história, mas a cada um de nós; é parte do Seu projeto; significa fazer crescer o mundo com responsabilidade, transformá-lo para que se torne um jardim, um lugar habitável para todos.
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Nós, ao contrário, estamos perdendo a atitude de assombro, de contemplação, de escuta da criação.
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Mas “cultivar e proteger” não abrange apenas a relação entre nós e o ambiente, entre o homem e a criação, diz respeito também às relações humanas.
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Estamos vivendo um momento de crise; vemos isso no meio ambiente, mas, sobretudo, vemos isso no homem. A pessoa humana está em perigo: isto é certo, a pessoa humana hoje está em perigo, daí a urgência da ecologia humana! E o perigo é grave, porque a causa do problema não é superficial, mas profunda: não é apenas uma questão de economia, mas de ética e de antropologia. O que manda hoje não é o homem, é o dinheiro, o dinheiro manda em tudo. E Deus nosso Pai deu a missão de proteger a Terra, não o dinheiro, mas nós: homens e mulheres.
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Nós temos essa missão!
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[Audiência, 5 de junho de 2013].
Do livro “Quem sou eu para julgar?” [Chi sono io per giudicare?]/ Papa Francisco [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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MUNDO NATURAL E MUNDO HUMANO
A destruição do ambiente humano é um fato muito sério, não apenas porque Deus confiou o mundo ao ser humano, mas porque a própria vida humana é um dom que deve ser protegido contra diversas formas de degradação.
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Toda pretensão de cuidar e melhorar o mundo requer mudar profundamente os estilos de vida, os modelos de produção e de consumo, as estruturas consolidadas de poder que hoje regem a sociedade.
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O desenvolvimento humano autêntico possui um caráter moral e pressupõe o pleno respeito pela pessoa humana, mas deve prestar atenção também ao mundo natural, levando em conta a natureza de cada ser e as conexões mútuas num sistema organizado.
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Assim, a capacidade de o ser humano transformar a realidade deve desenvolver-se tendo por base a primeira doação originária das coisas por parte de Deus.
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[Laudato si’, n. 5.]
Do livro “Quem sou eu para julgar?” [Chi sono io per giudicare?]/ Papa Francisco [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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O DESTINO DOS MAIS POBRES
O ambiente humano e o ambiente natural se degradam em conjunto, e não poderemos enfrentar adequadamente a degradação ambiental se não prestarmos atenção às causas que têm a ver com a degradação humana e social. De fato, a deterioração do ambiente e a da sociedade atingem, de modo especial, os mais frágeis do planeta.
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Por exemplo, o esgotamento das reservas de peixe prejudica especialmente as pessoas que vivem da pesca artesanal e não têm como substituí-la; a poluição da água atinge particularmente os mais pobres que não têm possibilidade de comprar água engarrafada; e a elevação do nível do mar afeta principalmente as populações costeiras mais pobres que não têm para onde se transferir. O impacto dos desequilíbrios atuais manifesta-se também na morte prematura de muitos pobres, nos conflitos gerados pela falta de recursos e em muitos outros problemas que não encontram espaço suficiente nas agendas mundiais.
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Frequentemente não se tem clara consciência dos problemas que afetam, em particular, os excluídos. Estes são a maior parte do planeta, um número enorme de pessoas. Atualmente eles são mencionados nos debates políticos e econômicos internacionais, mas na maioria das vezes parece que seus problemas são colocados como um apêndice, como uma questão incluída quase que por obrigação ou de modo periférico, isso quando não são considerados meros danos colaterais. De fato, no momento da implementação concreta, frequentemente eles permanecem em último lugar.
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[Laudato si’, n. 48-49.]
Do livro “Quem sou eu para julgar?” [Chi sono io per giudicare?]/ Papa Francisco [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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AMBIENTE E GUERRAS
É previsível que, perante o esgotamento de alguns recursos, vá-se criando um cenário favorável a novas guerras, disfarçadas sob reivindicações nobres.
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A guerra sempre causa graves danos ao ambiente e à riqueza cultural dos povos, e os riscos tornam-se enormes quando se pensa nas armas nucleares e biológicas. De fato, não obstante haver acordos internacionais que proíbam as guerras química, bacteriológica e biológica, persiste o fato de que nos laboratórios continuam as pesquisas pelo desenvolvimento de novas armas ofensivas, capazes de alterar os equilíbrios naturais.
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Exige-se da política uma maior atenção para prevenir e resolver as causas que podem dar origem a novos conflitos. Contudo, o poder ligado às finanças é o que mais resiste a esse esforço, e os projetos políticos frequentemente carecem de amplitude de pontos de vista. Por que se deseja ainda manter um poder que será recordado pela sua incapacidade de intervir quando era urgente e necessário fazê-lo?
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[Laudato si’, n. 57.]
Do livro “Quem sou eu para julgar?” [Chi sono io per giudicare?]/ Papa Francisco [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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Quem sou eu para Julgar?
O perdão e a tolerância como caminhos para a paz e a harmonia de cada um de nós e de todo o mundo. Papa Francisco. Reunido e editado por Anna Maria Foli, traduzido por Clara A. Colotto. Editora Leya, 2017.