quarta-feira, agosto 6, 2025

Papa Francisco: A cultura do diálogo | Pontes e muros

Eu sempre disse que fazer muros não é uma solução: já vimos um cair, no século passado. Não resolve nada. Devemos fazer pontes. Mas as pontes se fazem com inteligência, com diálogo, com integração
Papa Francisco no livro “Quem sou eu para julgar?”. Editora LeYa, 2017.
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IDENTIDADE E DIÁLOGO
Gostaria de fazer menção a algo que é sempre um fantasma: o relativismo, “tudo é relativo”. A esse respeito, devemos ter presente um princípio claro: não se pode dialogar se não partimos da própria identidade. Sem identidade não pode existir diálogo. Seria um diálogo fantasma, um diálogo sobre o ar: não serve para nada.
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Cada um de nós tem a própria identidade religiosa, é fiel a ela. Mas o Senhor sabe como fazer avançar a história.
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Partamos, cada um, da própria identidade, sem fingir que temos outra, porque não adianta, e não ajuda, e é relativismo. Aquilo que temos em comum é a estrada da vida, é a boa vontade de partir da própria identidade para fazer o bem aos irmãos e às irmãs. Façam o bem! E assim, como irmãos, caminhemos juntos. Cada um de nós oferece o testemunho da própria identidade ao outro e dialoga com o outro. Depois o diálogo pode avançar para questões teológicas, mas o que é mais importante e belo é caminhar junto sem trair a própria identidade, sem mascará-la, sem hipocrisia. Faz-me bem pensar isso.
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[Discurso, 21 de setembro de 2014]
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Do livro “Quem sou eu para julgar?” / ‘Chi sono io per giudicare?’/ Papa Francisco [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto]. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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> Leia: Francisco: a morte não é o fim de tudo, mas um novo começo

A CULTURA DO DIÁLOGO
Se há uma palavra que devemos repetir, até nos cansarmos, é esta: diálogo. Somos convidados a promover uma cultura do diálogo, procurando por todos os meios abrir instâncias para que isso seja possível e que nos permita reconstruir a estrutura social.
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A cultura do diálogo implica um aprendizado autêntico, uma ascese que nos ajude a reconhecer o outro como um interlocutor válido; que nos permita olhar o estrangeiro, o migrante, o pertencente a uma outra cultura como um sujeito a ser escutado, considerado e apreciado.
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É urgente para nós, atualmente, envolver todos os atores sociais na promoção de “uma cultura que privilegie o diálogo como forma de encontro”, levando adiante “a busca de consenso e de acordos sem, no entanto, separá-la das preocupações com uma sociedade justa, capaz de memória e sem exclusões” (Evangelii gaudium, 239).
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A paz será duradoura na medida em que armarmos nossos filhos com as armas do diálogo, ensinarmos-lhes a boa batalha do encontro e da negociação. Desse modo, poderemos deixar-lhes em herança uma cultura que saiba delinear estratégias não de morte, mas de vida; não de exclusão, mas de integração.
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Do livro “Quem sou eu para julgar?” [Chi sono io per giudicare?]/ Papa Francisco [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.

PONTES E MUROS
Compreendo os governos, também as populações, que têm medo. Compreendo isso, e devemos ter uma grande responsabilidade no acolhimento. Um dos aspectos dessa responsabilidade é o seguinte: como podemos nos integrar, essas pessoas e nós.
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Eu sempre disse que fazer muros não é uma solução: já vimos um cair, no século passado. Não resolve nada. Devemos fazer pontes. Mas as pontes se fazem com inteligência, com diálogo, com integração. E por isso compreendo um certo temor. Mas fechar as fronteiras não resolve nada, porque esse fechamento, com o tempo, faz mal à própria população.
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A Europa [serve para todas as nações] deve, urgentemente, fazer políticas de acolhimento e integração, de crescimento, de trabalho, de reforma da economia… todas essas coisas são as pontes que nos levarão a não construir muros. O medo tem toda a minha compreensão; mas depois daquilo que vi e que vocês próprios viram, naquele campo para refugiados… era de chorar!
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O que querem as crianças? Paz, porque sofrem. Lá no campo eles têm cursos de educação… mas o que viram, aquelas crianças! Viram também uma criança se afogar. As crianças carregam essa imagem no coração!
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Do livro “Quem sou eu para julgar?” / ‘Chi sono io per giudicare?’/ Papa Francisco [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto]. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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> Leia: Papa Francisco – Ecologia humana – Mundo natural e mundo humano

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Papa Francisco, arte Pro Futuro

REFLEXÕES DO PAPA FRANSISCO 
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Não se pode provocar, não se pode insultar a fé dos outros, não se pode brincar com a fé.
Papa Francisco no livro “Quem sou eu para julgar?”. [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto]. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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Amar a vida é sempre cuidar do outro, querer o seu bem, cultivar e respeitar sua dignidade transcendente.
Papa Francisco no livro “Quem sou eu para julgar?”. [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto]. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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Não existe uma vida humana mais sagrada do que outra: toda vida humana é sagrada! Do mesmo modo não há uma vida humana qualitativamente mais significativa do que outra somente em virtude dos meios, dos direitos, das oportunidades econômicas e sociais maiores.
Papa Francisco no livro “Quem sou eu para julgar?”. [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto]. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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Se há uma palavra que devemos repetir, até nos cansarmos, é esta: diálogo. Somos convidados a promover uma cultura do diálogo, procurando por todos os meios abrir instâncias para que isso seja possível e que nos permita reconstruir a estrutura social.
Papa Francisco no livro “Quem sou eu para julgar?”. [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto]. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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Na casa onde não se pede desculpa, começa a faltar ar, as águas ficam estagnadas. Muitas feridas dos afetos, muitas dilacerações nas famílias começam com a perda dessa palavra preciosa.
Papa Francisco no livro “Quem sou eu para julgar?”. [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto]. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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Quem sou eu para Julgar?
O perdão e a tolerância como caminhos para a paz e a harmonia de cada um de nós e de todo o mundo. Papa Francisco. Reunido e editado por Anna Maria Foli, traduzido por Clara A. Colotto. Editora Leya, 2017.

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