Eu sempre disse que fazer muros não é uma solução: já vimos um cair, no século passado. Não resolve nada. Devemos fazer pontes. Mas as pontes se fazem com inteligência, com diálogo, com integração
– Papa Francisco no livro “Quem sou eu para julgar?”. Editora LeYa, 2017.
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IDENTIDADE E DIÁLOGO
Gostaria de fazer menção a algo que é sempre um fantasma: o relativismo, “tudo é relativo”. A esse respeito, devemos ter presente um princípio claro: não se pode dialogar se não partimos da própria identidade. Sem identidade não pode existir diálogo. Seria um diálogo fantasma, um diálogo sobre o ar: não serve para nada.
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Cada um de nós tem a própria identidade religiosa, é fiel a ela. Mas o Senhor sabe como fazer avançar a história.
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Partamos, cada um, da própria identidade, sem fingir que temos outra, porque não adianta, e não ajuda, e é relativismo. Aquilo que temos em comum é a estrada da vida, é a boa vontade de partir da própria identidade para fazer o bem aos irmãos e às irmãs. Façam o bem! E assim, como irmãos, caminhemos juntos. Cada um de nós oferece o testemunho da própria identidade ao outro e dialoga com o outro. Depois o diálogo pode avançar para questões teológicas, mas o que é mais importante e belo é caminhar junto sem trair a própria identidade, sem mascará-la, sem hipocrisia. Faz-me bem pensar isso.
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[Discurso, 21 de setembro de 2014]
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Do livro “Quem sou eu para julgar?” / ‘Chi sono io per giudicare?’/ Papa Francisco [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto]. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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> Leia: Francisco: a morte não é o fim de tudo, mas um novo começo
A CULTURA DO DIÁLOGO
Se há uma palavra que devemos repetir, até nos cansarmos, é esta: diálogo. Somos convidados a promover uma cultura do diálogo, procurando por todos os meios abrir instâncias para que isso seja possível e que nos permita reconstruir a estrutura social.
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A cultura do diálogo implica um aprendizado autêntico, uma ascese que nos ajude a reconhecer o outro como um interlocutor válido; que nos permita olhar o estrangeiro, o migrante, o pertencente a uma outra cultura como um sujeito a ser escutado, considerado e apreciado.
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É urgente para nós, atualmente, envolver todos os atores sociais na promoção de “uma cultura que privilegie o diálogo como forma de encontro”, levando adiante “a busca de consenso e de acordos sem, no entanto, separá-la das preocupações com uma sociedade justa, capaz de memória e sem exclusões” (Evangelii gaudium, 239).
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A paz será duradoura na medida em que armarmos nossos filhos com as armas do diálogo, ensinarmos-lhes a boa batalha do encontro e da negociação. Desse modo, poderemos deixar-lhes em herança uma cultura que saiba delinear estratégias não de morte, mas de vida; não de exclusão, mas de integração.
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Do livro “Quem sou eu para julgar?” [Chi sono io per giudicare?]/ Papa Francisco [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
PONTES E MUROS
Compreendo os governos, também as populações, que têm medo. Compreendo isso, e devemos ter uma grande responsabilidade no acolhimento. Um dos aspectos dessa responsabilidade é o seguinte: como podemos nos integrar, essas pessoas e nós.
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Eu sempre disse que fazer muros não é uma solução: já vimos um cair, no século passado. Não resolve nada. Devemos fazer pontes. Mas as pontes se fazem com inteligência, com diálogo, com integração. E por isso compreendo um certo temor. Mas fechar as fronteiras não resolve nada, porque esse fechamento, com o tempo, faz mal à própria população.
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A Europa [serve para todas as nações] deve, urgentemente, fazer políticas de acolhimento e integração, de crescimento, de trabalho, de reforma da economia… todas essas coisas são as pontes que nos levarão a não construir muros. O medo tem toda a minha compreensão; mas depois daquilo que vi e que vocês próprios viram, naquele campo para refugiados… era de chorar!
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O que querem as crianças? Paz, porque sofrem. Lá no campo eles têm cursos de educação… mas o que viram, aquelas crianças! Viram também uma criança se afogar. As crianças carregam essa imagem no coração!
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Do livro “Quem sou eu para julgar?” / ‘Chi sono io per giudicare?’/ Papa Francisco [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto]. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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> Leia: Papa Francisco – Ecologia humana – Mundo natural e mundo humano
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REFLEXÕES DO PAPA FRANSISCO
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Não se pode provocar, não se pode insultar a fé dos outros, não se pode brincar com a fé.
– Papa Francisco no livro “Quem sou eu para julgar?”. [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto]. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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Amar a vida é sempre cuidar do outro, querer o seu bem, cultivar e respeitar sua dignidade transcendente.
– Papa Francisco no livro “Quem sou eu para julgar?”. [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto]. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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Não existe uma vida humana mais sagrada do que outra: toda vida humana é sagrada! Do mesmo modo não há uma vida humana qualitativamente mais significativa do que outra somente em virtude dos meios, dos direitos, das oportunidades econômicas e sociais maiores.
– Papa Francisco no livro “Quem sou eu para julgar?”. [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto]. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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Se há uma palavra que devemos repetir, até nos cansarmos, é esta: diálogo. Somos convidados a promover uma cultura do diálogo, procurando por todos os meios abrir instâncias para que isso seja possível e que nos permita reconstruir a estrutura social.
– Papa Francisco no livro “Quem sou eu para julgar?”. [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto]. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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Na casa onde não se pede desculpa, começa a faltar ar, as águas ficam estagnadas. Muitas feridas dos afetos, muitas dilacerações nas famílias começam com a perda dessa palavra preciosa.
– Papa Francisco no livro “Quem sou eu para julgar?”. [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto]. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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Quem sou eu para Julgar?
O perdão e a tolerância como caminhos para a paz e a harmonia de cada um de nós e de todo o mundo. Papa Francisco. Reunido e editado por Anna Maria Foli, traduzido por Clara A. Colotto. Editora Leya, 2017.
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