Papa Francisco - foto: Reuters
“Entre as vítimas dessa cultura do descarte gostaria de recordar em particular os idosos, que são a memória e a sabedoria dos povos.”
– Papa Francisco no livro “Quem sou eu para julgar?”. Editora LeYa, 2017.
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“O idoso não é um estranho. O idoso somos nós: cedo ou tarde, mas, inevitavelmente, mesmo que não pensemos nisso. E se nós não aprendermos a tratar bem os idosos, do mesmo modo seremos tratados.”
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Graças aos progressos da medicina, a vida prolongou-se: mas a sociedade não se “abriu” à vida! O número de idosos se multiplicou, mas a nossa sociedade não está suficientemente organizada para dar-lhes lugar, com respeito justo e consideração real por sua fragilidade e sua dignidade.
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Enquanto somos jovens, somos levados a ignorar a velhice, como se fosse uma doença que deve ser mantida a distância; quando, depois, ficamos velhos, especialmente se somos pobres, se somos doentes sem ninguém, experimentamos as lacunas de uma sociedade programada para a eficiência e que, consequentemente, ignora os idosos. E os idosos são uma riqueza, não podem ser ignorados.
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Uma cultura do lucro insiste em fazer os velhos parecerem um peso, um “lastro”. Não apenas não produzem, segundo essa cultura, mas são um ônus: em suma, qual é o resultado de se pensar isso? Eles precisam ser descartados. É horrível ver os idosos descartados, é feio, é pecado! Não se ousa dizê-lo abertamente, mas se faz! Há algo vil nesse costume da cultura do descarte. Mas estamos habituados a descartar as pessoas. Queremos remover o nosso medo crescente da debilidade e da vulnerabilidade; mas, assim, aumentamos nos idosos a angústia de serem abandonados e de não receberem auxílio.
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Os idosos são homens e mulheres, pais e mães que estiveram antes de nós na nossa mesma estrada, na nossa mesma casa, na nossa batalha diária por uma vida digna. São homens e mulheres dos quais recebemos muito. O idoso não é um estranho. O idoso somos nós: cedo ou tarde, mas, inevitavelmente, mesmo que não pensemos nisso. E se nós não aprendermos a tratar bem os idosos, do mesmo modo seremos tratados.
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Todos nós, velhos, somos um pouco frágeis. Alguns, porém, são particularmente fracos, muitos são sozinhos e afetados por doenças. Alguns dependem de cuidados indispensáveis e da atenção dos outros. Por isso daremos um passo para trás? Vamos abandoná-los ao seu destino?
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[Audiência, 4 de março de 2015;
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Do livro “Quem sou eu para julgar?” / ‘Chi sono io per giudicare?’/ Papa Francisco [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto]. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
Muitas vezes são os avós que asseguram a transmissão dos grandes valores a seus netos, e muitas pessoas podem constatar que justamente aos avós devem sua iniciação à vida cristã. Suas palavras, suas carícias ou apenas suas presenças ajudam as crianças a reconhecerem que a história não se inicia com eles, que eles são herdeiros de um longo caminho e que é necessário respeitar a realidade daquilo que nos precede. Aqueles que rompem os vínculos com a história terão dificuldade em tecer relações estáveis e de reconhecer que não são os donos da realidade. Portanto, a atenção aos idosos faz a diferença numa civilização. Numa civilização, dá-se atenção ao idoso? Há lugar para o idoso? Essa civilização progredirá se souber respeitar a sabedoria, o conhecimento dos idosos.
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A falta de memória histórica é um grave defeito da nossa sociedade. É a mentalidade imatura do “já passou”. Conhecer e poder tomar posição frente aos acontecimentos passados é a única possibilidade de construir um futuro que tenha sentido. Não se pode educar sem memória: “Lembrai-vos dos primeiros dias” (Hb 10, 32). Os relatos dos idosos fazem muito bem às crianças e aos jovens, pois que os ajudam a entrar em contato com a história vivida, seja da família, seja do bairro, seja do país.
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Uma família que não respeita e não cuida de seus avós, que são a sua memória viva, é uma família desintegrada; ao contrário, uma família que recorda é uma família que tem futuro.
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Portanto, numa civilização na qual não há lugar para os idosos ou na qual eles são descartados por criarem problemas, essa sociedade traz consigo o vírus da morte, já que arranca as próprias raízes.
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O fenômeno contemporâneo de sentir-se órfão, em termos de descontinuidade, falta de raízes e fim das certezas que dão forma à vida, nos desafia a fazer de nossas famílias um lugar no qual as crianças possam enraizar-se no terreno de uma história coletiva.
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(Amoris laetitia, n. 192-193)
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Do livro “Quem sou eu para julgar?” / ‘Chi sono io per giudicare?’/ Papa Francisco [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto]. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
“Essa mentalidade não faz bem à sociedade e é nossa missão desenvolver “anticorpos” contra esse modo de considerar os idosos, ou as pessoas com deficiências, como se fossem vidas não mais dignas de serem vividas.”
– Papa Francisco no livro “Quem sou eu para julgar?”. Editora LeYa, 2017.
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“Nós, pessoas, somos templos do Espírito Santo, a economia não”
– Papa Francisco, Reuters (31.5.2020)
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