Moacyr Luz e Pierre Aderne firmaram parceria que frutificou e rendeu o álbum “Mapa dos Rios”, gravado entre Lisboa e Rio de Janeiro, entre 2022 e 2023. O disco chegou nas plataformas de música no dia 26 de maio. 

No dia em que encontrou Moacyr Luz no bairro da Alfama, centro de Lisboa, Pierre Aderne tinha recebido pela manhã um cavaquinho vindo do Rio de Janeiro, cidade natal do primeiro e de adoção do segundo. “Contei para ele que quando o toquei pela primeira vez, parecia que tinha vindo com uma melodia dentro”, conta Pierre. “Aí o Moa disse: ‘Posso escrever a letra?’. Eu já tinha escrito, mas respondi sem titubear: ‘Claro, parceiro’. Só para não perder a parceria.”
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Do encontro nasceu a ponte que liga os dois países por meio da música. O disco Mapa dos Rios – que teve o primeiro single, “Prado Junior”, lançado no dia 10 de maio – foi disponibilizado, no dia 26 de maio (2023), em todas as plataformas digitais, pelo selo Mestre Sala / The Orchard. Gravado entre Lisboa e o Rio de Janeiro, o álbum traz 11 inéditas parcerias dos criadores dos movimentos mais importantes da música contemporânea cada qual em seu continente. Moacyr com sua roda tradicionalíssima, “Samba do Trabalhador”, às segundas, no Andaraí, Rio de Janeiro. Pierre Aderne com o “Rua das Pretas”, que promove desde Lisboa a fusão da música brasileira com portuguesa e da África lusófona.
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Duas vias entre Rio e Lisboa foram abertas a partir do primeiro encontro. Pierre geralmente enviava letras, Moacyr Luz as musicava e quando perceberam tinham material para o disco que lançam em dupla. “Foi como se compuséssemos para um filme, em que a sinopse é recordar o passado vivido nos bairros, lembrar de personagens, de endereços em que moramos – um álbum de família num porta-retratos com música incluída”, diz Pierre. “Os arranjos são enxutos, íntimos e ao mesmo tempo com o vigor de sambas, de canções. A gente fez música para se curtir. Eu estou na idade de me curtir”, completa Moacyr.
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Tempere com os ingredientes de composições de Moacyr para Zeca Pagodinho, Maria Bethânia, Beth Carvalho e Martinho da Vila. Some com as parcerias de Pierre com Seu Jorge, Wagner Tiso, Flavio Venturini e Madeleine Peyroux. Assim talvez chegue perto de vislumbrar o que a dupla gravou entre fevereiro e novembro de 2022, em Lisboa.
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“De alguma forma a Rua Das Pretas e o Samba Do Trabalhador são a tradução desse movimento musical mestiço, que nasce da comunhão do samba, do fado, das mornas (ritmo de Cabo Verde). Juntando sotaques de uma cultura que pertence a todos que falam português, onde a alegria é um projeto de sociedade”, diz Pierre. “Trato como predestinação. Compusemos dez músicas e trocamos mil dúvidas até florescer nesse álbum. Eu sou umcara que vem do subúrbio; ele, da Zona Sul. Temos as mesmas angústias e descobrimos uma afinidade impressionante através da música”, completa Moacyr.

As músicas, compostas por Moa e Pierre, tem as duas cidades como inspiração. Memórias dos bairros, personagens e ruas. Uma crónica musical de um Rio de Janeiro Lisboeta, de uma Lisboa que tem o Rio de Janeiro no imaginário.
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“Meu sobrenome Luz vem do meu bisavô português Manoel. Estar em Lisboa me traz uma sensação de andar dentro de mim, reconhecendo a ladeira que tem sido a minha vida…A surpresa, vindo na maré do Tejo, inventou um cais para eu poder encontrar meu parceiro Pierre Aderne, brasileiro de Copacabana, mas com as costas cravejadas de amêijoas da terrinha. A conversa se estendeu pelo Atlântico, (entre o Rio de Janeiro e Lisboa), os radares em sintonia perfeita, que eu trato como predestinação. Compusemos dez músicas durante a primavera lusitana, trocamos mil dúvidas até florescer nesse álbum. O passado aos pés do futuro“, conta Moacyr.
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“O mestre Ian Guest, que nos deixou recentemente, dizia: A criança sabe, porque não sabe que não sabe…Quando penso em compor com Moa, faço música sem pensar, por pura intuição, como fazem as crianças sem saber. Nossas músicas são retratos de um álbum de família ainda em gestação”, completa Pierre.
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E, afinal, onde pretendem chegar com essa jornada musical e cultural que conceberam? “que a escuta das canções faça tão bem aos outros, quanto nos fez o processo de criação“ – Pierre. “A manutenção da espécie chamada música“ Moa.
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“Meu sobrenome Luz vem do meu bisavô português Manoel. Estar em Lisboa me traz uma sensação de andar dentro de mim, reconhecendo a ladeira que tem sido a minha vida…A surpresa, vindo na maré do Tejo, inventou um cais para eu poder encontrar meu parceiro Pierre Aderne, brasileiro de Copacabana, mas com as costas cravejadas de amêijoas da terrinha. A conversa se estendeu pelo Atlântico, (entre o Rio de Janeiro e Lisboa), os radares em sintonia perfeita, que eu trato como predestinação. Compusemos dez músicas durante a primavera lusitana, trocamos mil dúvidas até florescer nesse álbum. O passado aos pés do futuro“, conta Moacyr.

revistaprosaversoearte.com - Moacyr Luz e Pierre Aderne lançam álbum 'Mapa dos Rios'
Moacyr Luz e Pierre Aderne – foto: ©AF Rodrigues

Sobre
Moacyr Luz é um dos maiores nomes do samba contemporâneo, criador do icônico Samba Do Trabalhador, parceiro de Aldir Blanc, gravado por grandes artistas da música brasileira como: Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Maria Bethânia, Martinho da vila, Fafá de Belém, além de ser o autor do samba enredo da mangueira de 2022, gravado recentemente em dueto com Chico Buarque.
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Pierre Aderne é fundador da Rua Das Pretas, que vem há 12 anos promovendo a aproximação e fusão da música brasileira com a música portuguesa e da África lusófona. Fez duetos e compôs para artistas como: Seu Jorge, António Zambujo, Tito Paris, Jorge Palma, Sara Tavares, Cuca Roseta, Gisela João, Flavio Venturini, Wagner Tiso, Melody Gardot, Madeleine Peyroux, Mário Laginha, Gisela João entre tantos outros.

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Capa do disco ‘Mapa dos rios’ • Moacyr Luz e Pierre Aderne • Mestre Sala • 2023 | foto: ©AF Rodrigues

DISCO ‘MAPA DOS RIOS’ • Moacyr Luz e Pierre Aderne • Mestre Sala • 2023
Canções / compositores
1. Sete colinas (Moacyr Luz e Pierre Aderne)
2. Meu bem (Moacyr Luz e Pierre Aderne)
3. Gastão bahiana (Moacyr Luz e Pierre Aderne)
4. Santo de mãe (Moacyr Luz e Pierre Aderne)
5. Vidigal – Cais do Sodré (Moacyr Luz e Pierre Aderne)
6. Prado Júnior (Moacyr Luz e Pierre Aderne)
7. Fado gira (Moacyr Luz e Pierre Aderne)
8. Vila Madalena (Moacyr Luz e Pierre Aderne)
9. Sal de outro mar (Moacyr Luz e Pierre Aderne)
10. Mamãe Oxum (Moacyr Luz e Pierre Aderne)
11. Nos ventos de Iansã (Moacyr Luz e Pierre Aderne)
– ficha técnica –
Moacyr Luz (voz e violão) | Pierre Aderne (voz) | Nilson Dourado (percussões) | Walter Areia (contrabaixo) | Junior de Oliveira (frigideira, agogô e tamborim) | Allan Abadia (trombone) | Diogo Duque (trumpete)| Fred Martins (violāo) | Luís Filipe de Lima (sete cordas) || Produzido por: Pierre Aderne e Moacyr Luz | Foto capa e encarte: AF Rodrigues | Projeto gráfico: Victor Hugo Cecatto | Gravado nos Estúdio Namouche e Valentim de Carvalho – Lisboa / Estúdio Rockit – Rio de Janeiro / e  Estúdio Arda Recorders – Porto || Mixado e masterizado por: Carlos Fuchs || Gravado entre Lisboa e o Rio De Janeiro, entre fevereiro de 2022 e maio de 2023 | Selo: Mestre Sala | Formato: LP / Digital | Ano: 2023 | #*Ouça o álbum. clique aqui!
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Curta metragem ‘Moacyr Luz & Pierre Aderne – Mapa dos Rios’
Elenco / com: Pierre Aderne, Moacyr Luz, Nilson Dourado, Fred Martins, Júnior de Oliveira, Allan Abadia, Diogo Duque, Karla da Silva, Canequinha, Walter Areia, Nicolau Santos, Pedro Luís, Nei Lopes e Luis Filipe de Lima || Músicas: ‘Gastão Bahiana’, ‘Meu bem’, ‘Banho de Oxum’, ‘Prado Júnior’, ‘Sal de outro mar’ / todas as composições são de Moacyr Luz e Pierre Aderne || Direção: Pierre Aderne | Texto: Pierre Aderne & Moacyr Luz | Câmeras: Manuel Águas, Marcão Oliveira, Carlos Isaac, Francisco Nave | Correção de cor: Francisco Nave | Edição e montagem: Claudia Silvestre e Pierre Aderne | Mistura de áudio: Carlos Fuchs | Agradecimentos: Dado Villa-Lobos | Gravado e filmado em Lisboa e no Rio de Janeiro entre maio e dezembro de 2022 | Produção/realização: Selo Mestre Sala 2023 | *# Assista o curta metragem, aqui!

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Mais sobre o álbum na imprensa:
FONSECA, Eduardo. Moacyr Luz e Pierre Aderne resgatam um Rio de Janeiro do imaginário da antiga boemia de Copacabana. In: Caderno Pop, 15 de maio de 2023. Disponível no link. (acessado em 26.5.2023)

FORTUNA, Maria. Rua das Pretas: como é a noite promovida pelo carioca Pierre Aderne em Lisboa, onde Caetano, Carminho e Valter Hugo Mãe se encontram. In: O Globo, 24.5.2023. Disponível no link. (acessado em 26.5.2023)
PACHECO, Nuno. O anunciado álbum de Moacyr Luz e Pierre Aderne aí está. Chama-se Mapa dos Rios. In: Público, 26 de maio de 2023. Disponível no link. (acessado em 26.5.2023)
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>> Moacyr Luz na rede: Instagram | Facebook | Youtube | Spotify
>> Pierre Aderne na rede: Instagram | Linktree | Youtube | Spotify
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> Imagem (capa da matéria): Moacyr Luz e Pierre Aderne – foto: ©AF Rodrigues
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Série: Discografia da Música Brasileira / MPB / Canção.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske







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