quinta-feira, dezembro 5, 2024

Maestro João Carlos Martins rege a OSMG no Festival Acessa BH 2024

Festival Acessa BH 2024 transforma Belo Horizonte em palco da cultura DEF. O renomado maestro e pianista João Carlos Martins participa do festival regendo pela primeira vez a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais – OSMG e, em momento solo, tocando ao piano obras de Piazzolla e Ennio Morricone. A atriz Letícia Sabatella também se apresenta durante a programação.
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O Festival Acessa BH, referência em arte e cultura DEF, chega à sua 4ª edição na capital mineira, de 5 a 29 de setembro. Serão 25 dias de imersão em teatro, dança, música, cinema, performances, residência artística, rodas de conversa, intervenções urbanas e oficinas, promovendo um espaço de encontro e troca de experiências para todos os públicos. Com programação gratuita e acessível, o Festival ocupará seis espaços culturais da capital mineira: Centro Cultural Unimed-BH Minas, Funarte MG, Palácio das Artes, Palácio da Liberdade, Sesc Palladium e Teatro Raul Belém Machado. Toda a programação oferece recursos de acessibilidade. Em 2024, o evento reúne artistas de seis estados brasileiros: Ceará, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo.

“O festival consolida-se como um dos mais importantes eventos de arte e cultura DEF do país”, explica Daniel Vitral, idealizador e curador do Festival.
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Arte DEF é a arte produzida e pensada por artistas e outros profissionais com deficiência, como produtores, técnicos, consultores, entre outros. Ela não só nega a normatização do corpo sem deficiência, como afirma todo o potencial político e estético do corpo com deficiência.
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“Temos uma programação diversificada, reunindo artistas com e sem deficiência em diversas linguagens, como teatro, dança, música e cinema, em um ambiente acessível e acolhedor. Temos espetáculos inéditos, estreias e encontros artísticos únicos. E é muito importante reforçar que o Acessa BH é um festival para todos”, complementa Daniel.

Lais Vitral, também idealizadora e curadora do Festival, destaca: “O Acessa BH vai muito além de um festival: é um movimento que busca fomentar a cultura do acesso. Nos engajamos na luta anticapacitista e temos o propósito de fomentar o fazer artístico de pessoas com deficiência e mostrar que a acessibilidade é um direito e uma responsabilidade de todos. Como cada um de nós pode contribuir para uma sociedade mais acessível?”, questiona.
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O Acessa BH, mesmo ainda sendo um evento recente, já conseguiu promover importantes mudanças nos espaços por onde passou e sensibilizar centenas de profissionais envolvidos em suas edições.

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Leticia Sabatella, Iladahomero, Canto 20 – foto: Gilson Camargo

A motivação para a criação do Acessa BH
Em 2016, Lais Vitral estava em Recife a trabalho, e teve a oportunidade de assistir a um espetáculo no Teatro Santa Isabel, com recursos de Libras e audiodescrição. Esse foi seu primeiro contato com esses recursos e pensou que em Minas nunca tinha assistido a um espetáculo com esses recursos. Isso a instigou e começou a pesquisar sobre o assunto. Foi quando se deparou com os dados alarmantes do Censo de 2010 feito pelo IBGE, que revelou que cerca de 24% da população brasileira tinha algum tipo de deficiência, seja ela mais leve ou mais grave. E pensou: “onde estão essas pessoas, que eu não vejo? Eu sou gestora e produtora cultural há 15 anos, e não vejo as pessoas com deficiência nos palcos, nas equipes e nas plateias. E me questionei sobre o que eu poderia fazer, para dar visibilidade para essas pessoas e ampliar o debate sobre acessibilidade nas artes.” Foi então que surgiu a ideia do projeto Festival Acessa BH, que traz o protagonismo do artista com deficiência na cena e oferece recursos de acessibilidade para o público em toda a programação.

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Escuta – foto: Gilberto Goulart

Equipe de especialistas em acessibilidade
A coordenação de acessibilidade do festival é mais uma vez da audiodescritora e mestre em comunicação Anita Rezende. Integram a equipe de consultores Bruno Grossi Begê e Daniele Muffato – diretores da ASPAS – Associação Pró-autistas; Elizabet Dias de Sá – consultora em audiodescrição; Ademar Alves Jr. – surdo oralizado; Rosane Lucas – intérprete de Libras e Laura Martins – autora do Blog Cadeira Voadora. Todos participam de uma roda de conversa sobre acessibilidade em projetos culturais, num encontro na Funarte, dia 17 de setembro, às 18h.
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“Trabalhamos em colaboração com artistas, produtores e especialistas em acessibilidade para garantir que todas as etapas do festival fossem inclusivas e acessíveis. Por minha formação em Arquitetura e Urbanismo, com pesquisa focada em acessibilidade e desenho universal, e por estar atualmente cursando Cinema e Audiovisual, pude trazer uma perspectiva multidisciplinar para o processo. Um dos grandes desafios que enfrentei foi a falta de legendas e de janelas de Libras em filmes e outros espetáculos sem intérpretes. Isso me motivou a lutar pela acessibilidade para comunidade surda, especialmente no campo do audiovisual”, destaca o consultor Ademar Alves Jr., que chegou à equipe neste ano.

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Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG) – foto: Paulo Lacerda

Alguns dos destaques da programação do Acessa BH 2024
Em 2024, o Acessa BH reúne artistas de seis estados brasileiros: Ceará, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Entre os destaques da programação, o público poderá conferir 13 espetáculos inéditos em Belo Horizonte, sendo duas estreias – “Traços” e “Eu vi uma flor no deserto” – e uma pré-estreia – “Monga”. O Acessa BH também contará com a participação de artistas consagrados, como Letícia Sabatella e Daniel Dantas, que apresentarão a obra “Ilíada de Homero Cantos I e XX” e do renomado maestro e pianista João Carlos Martins se apresentará com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG), em um encontro inédito, e toca ao piano obras de Piazzolla e Ennio Morricone.
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Na abertura oficial do Acessa BH, no dia 5 de setembro, às 19h, o cearense João Paulo Lima apresentará a sua dança-manifesto, DEFFUTURISMO, onde irrompe com seu movimento o que a hegemonia negou: uma futuridade diversa.

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João Paulo Lima apresentará a sua dança-manifesto, DEFFUTURISMO – foto: Ana Clara Martins

No dia seguinte, em 6 de setembro, o renomado maestro e pianista João Carlos Martins se apresentará com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG), em um encontro inédito. O Concerto será dividido em duas partes. Na primeira, João Carlos Martins regerá famosos trechos do repertório sinfônico como o Finale da quinta sinfonia de Beethoven e o último movimento da Sinfonia “Do Novo Mundo” de Dvorak. Na segunda parte do concerto, André Brant, maestro assistente da OSMG assumirá o pódium regendo duas obras de compositores brasileiros: Teotihuacan, composta pelo mineiro Andersen Viana, e trechos da Bachianas 4, de Heitor Villa Lobos. Para finalizar o programa, o maestro João Carlos Martins retorna ao palco, desta vez ao piano com obras de Piazzolla e Ennio Morricone.

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João Carlos Martins – foto: Fernando Mucci_Platinum Photoimagem.

O festival também conta com a realização da residência artística “Melodia do Movimento” com os grupos A Corda em Si (SC) e Cia Dança sem Fronteiras (SP), que resultará em uma apresentação inédita. A Cia Dança Sem Fronteiras, além de participar da residência artística, traz ao Acessa BH 2024 os espetáculos “Ciranda de Retina e Cristalino” e “Frestas Poéticas”. Com 12 anos de existência, a Cia vem mostrando que através de uma prática totalmente embasada na acessibilidade é possível criar espetáculos profissionais de dança com intérpretes com e sem deficiências. O outro grupo a participar da residência, A Corda em Si (SC), também estará na programação com o Show LivreMente, uma apresentação musical feita na total escuridão. Neste show, o público entra de olhos vendados em um teatro adaptado para o acesso de pessoas com deficiência visual, com marcações táteis.

O Melhor Espetáculo Infantil pelo 18° Prêmio APTR de Teatro de 2024 poderá ser visto pelo público mineiro. “Azul”, da Artesanal Cia de Teatro (RJ), traz a pequena Violeta, uma menina de 4 anos, que está ansiosa com a chegada de seu irmãozinho, Azul. O espetáculo reflete os diferenciais da Cia, que tem 29 anos de atividade no cenário da produção teatral: trabalho autoral com extremo rigor estético, textos inteligentes, produções cuidadosas e bem elaboradas que agradam ao público de todas as faixas etárias. Após a apresentação, será realizado um bate-papo com a Cia e a consultora de acessibilidade e inclusão do espetáculo, Cris Muñoz, com mediação de Bruno Grossi Begê.
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A pré-estreia do espetáculo “Monga” também se destaca nesta edição. Segundo solo de Jéssica Teixeira – multiartista graduada em Licenciatura em Teatro e Mestre em Artes pela Universidade Federal do Ceará – o espetáculo pretende dar continuidade aos espelhamentos e aos estranhamentos entre o corpo de quem assiste e o corpo dela, que age.

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Oi, eu estou aqui _ foto: Marcelo Murbach

O primeiro espetáculo solo profissional atuado e co-escrito por uma artista com síndrome de down: “Oi, eu estou aqui”, de Tathi Piancastelli é mais uma das atrações do Acessa BH. A jovem é atriz, empresária, palestrante, digital influencer, escritora e ativista. Multitalentosa, ainda criança Tathi foi inspiração para que Maurício de Sousa desse o nome de “Tati” a uma personagem da Turma da Mônica com síndrome de down.
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Ao longo do Festival, ainda serão exibidos três longas: “João, O Maestro”, direção de Mauro Lima (SP), “As Linhas da Minha Mão”, direção João Dumans (MG), em sessão comentada pelo diretor João Dumans e pela atriz Viviane de Cássia Ferreira; e “Meu Amigo Lorenzo”, direção André Luiz Oliveira (DF). Além da exibição de quatro curtas: “Crisálida”, de Serginho Melo (SC), “Da Janela, quem é a namoradeira”, de Ademar Alves Jr. (MG); e “Lapso” e “Tinnitus”, de Caroline Cavalcanti (MG), em sessão comentada pelos diretores Ademar Alves Jr. e Caroline Cavalcanti e pelos atores Tales Douglas e Thayanne Reis.
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Também estão na programação quatro oficinas: Dança e Escrita Aleijada, com João Paulo Lima (CE), Costurando o Braille, com Cintia Caroline (MG), Performance, Intervenção Urbana e criação de lambe-lambes: – Nos gusta desordem, com Nathielle Wougles (SC) e a Oficina Librário, com Flávia Neves (MG), que culmina na intervenção “Librário na rua: Democratizando a Libras no Espaço Público” que vai levar a discussão sobre a acessibilidade à comunicação para além das paredes das instituições de cultura e ensino, utilizando lambe-lambes para apresentar à comunidade palavras e expressões básicas na Língua Brasileira de Sinais (Libras).

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Eu vi uma flor no deserto – foto: Allan Calisto

Quem patrocina o Festival Acessa BH 2024
O Festival Acessa BH conta com o patrocínio master da Cemig por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, patrocínio do Itaú Unibanco, Redecard e Instituto Unimed-BH por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e do Grupo Zelo, através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Conta, ainda, com o apoio da Fundação Clóvis Salgado, Funarte MG, Centro Cultural Unimed-BH Minas, Sesc Palladium e Mercure. Uma realização da Vitral Bureau Cultural, Lais Vitral, Governo de Minas Gerais — Governo Diferente, Estado Eficiente e Ministério da Cultura – Governo Federal – União e Reconstrução.

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Daniel Dantas, Iliada de Homero, Canto 1 – foto Gilson Camargo

Serviço e programação completa
A programação completa com informações e imagens das atrações, sobre patrocinadores e apoiadores, retiradas de ingressos e edições anteriores do Festival Acessa BH estão disponíveis no site oficial do Festival Acessa BH: clique aqui.
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Acessibilidade plena
Toda programação conta com acessibilidade física nos locais, incluindo a permissão para transitar e permanecer nos espaços com cão-guia devidamente identificado (de acordo com a Lei nº 11.126/2005). O Palácio das Artes, o Palácio da Liberdade, a Funarte MG, o Centro Cultural Unimed-BH Minas e o Sesc Palladium possuem cadeira de rodas para empréstimo, se necessário. Interpretação em Libras/Português, durante os espetáculos, integrada aos filmes, e nos bate-papos após algumas apresentações. Legendas descritivas abertas em todos os filmes. Audiodescrição ao vivo durante os espetáculos, e integrada aos filmes. Disponibilização de abafadores de ruído, espaços de respiro, sessões de filmes com portas abertas e luzes baixas.


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