Joyce Moreno - foto: Isabela Espindola
Chega às plataformas digitais, “O mar é mulher”, novo álbum de Joyce Moreno. O projeto reúne 10 canções autorais, compostas só por Joyce e com parceiros como Paulo César Pinheiro, João Donato, Donatinho, Zé Renato, Jards Macalé e Ronaldo Bastos.
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A própria Joyce Moreno conta mais sobre o novo álbum, que chega às plataformas via gravadora Biscoito Fino.
Por Joyce Moreno
“O mar é mulher” é o nome do meu novo álbum, com canções que fui construindo ao longo dos últimos três anos, desde o último disco de inéditas (“Brasileiras Canções”, de 2022). Metade dessas novas canções são somente minhas, outras têm parceiros.
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As parcerias:
“Novelo”, é uma parceria com Paulo César Pinheiro, uma canção de amor bastante sensual, cantada na perspectiva da mulher apaixonada, sedutora.
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“Imperador”, parceria minha com João Donato e Donatinho, nasceu a partir do título: Imperador é o sobrenome da namorada do Donatinho, a quem ele queria homenagear. Achei que era um bom ponto aí para homenagear todas as mulheres, que são, não imperatrizes, mas “imperadoras”, ou imperadores do seu próprio império…
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Já “Desarmonia”, parceria minha com o Zé Renato ele já havia gravado anteriormente num álbum dele, e eu sempre tive muita vontade de cantar essa canção assim despojada, bem simples, somente com violão e um leve tamborim por trás. Uma canção que fala de todas as promessas, às vezes enganosas, que as canções nos fazem – porque a MPB, como sabemos, tem resposta pra tudo…
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“Um abraço do João”, parceria minha com Jards Macalé, meu amigo de quase adolescência, tem uma história legal e interessante, que ele vai saber contar melhor do que eu, mas vou tentar: quando o João Gilberto partiu deste plano, Jards, em plena pandemia, encontrou numa gaveta o telefone secreto do João. Ligou, atendeu uma secretária eletrônica, e ele deixou um longo recado, terminando com “João um abraço pra você, qualquer coisa me liga”. E dias depois ele compôs este choro-canção, bem no estilo joãogilbertiano de “Um abraço no Bonfá”. A sensação era que o abraço vinha do João pra nós (porque a essa altura eu já estava no meio da história, Macalé tendo me pedido pra escrever essa letra). Ele gravou no álbum que fez com João Donato, mas eu queria muito gravar também, e com a voz dele ao meu lado, cantando comigo. O detalhe é que gravamos, sem saber, no dia que era exatamente o aniversário de João Gilberto, 10 de junho…Tudo que envolve João Gilberto tem esses mistérios…
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“Canção de Búzios”, é um poema de Ronaldo Bastos escrito ainda nos anos 70, poema pelo qual me apaixonei completamente assim que li, e desejei musicar desde sempre – mas não fiz, pois havia uma lenda de que seria musicado pelo Milton. Isso não aconteceu, e o poema ficou ali, solteiro, abandonado, esperando por mim… Acabou que musiquei e gravei agora, com a percussão do Tutty Moreno criando todos os sons maravilhosos de uma praia deserta.
Canções só minhas:
“O Mar é Mulher”, a faixa-título, foi o ponto de partida pra que começássemos a fazer esse álbum. Foi a primeira canção que compus no ano passado, nos primeiros dias de janeiro, a partir da descoberta de que “mar” é uma palavra feminina em diversos idiomas. Isso pra mim fez um sentido lindíssimo, a feminilidade das águas, que aparece inclusive nas mitologias afro-brasileiras, onde Oxum e Yemanjá, águas doce e salgada, se encontram sempre em algum ponto… Enfim, eu estava fora do Rio, sem instrumento à mão, e cantei essa canção à capella num pequeno vídeo que postei. Esse vídeo gerou muitos comentários, milhares de likes, aquela coisa toda de rede social, e eu imediatamente pensei: preciso gravar essa canção imediatamente. Convidei Mario Adnet para escrever um arranjo de cordas, que representasse exatamente esse lindo movimento das águas, e assim foi.
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“Adeus, Amélia”, é um samba-jazz, uma brincadeira com aquela famosa figura que Mario Lago e Ataulfo Alves popularizaram no seu samba “Que Saudades da Amélia” – símbolo da mulher que aceita tudo, submissa e tal. Então a ideia era exatamente desconstruir esse mito, dizer ao homem “estou aqui pra você, mas não como ‘Amélia…’ E, por último, mas não menos importante, ela pode até ter outros pretendentes, mas não quer outro homem – e ele que lute pra segurar a barra dessa mulher que não vai ser “Amélia…” Rafael Rocha escreveu um super arranjo de sopros, formando uma “mini big band”, bem “gafieira moderna”, suingada, dançante.
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“Os ventos”, foi uma canção que fiz dedicada a uma amiga muito querida, que estava vivendo um momento muito duro, de muito sofrimento. E foi um pouco pra dizer a ela que os ventos ventam na vida, e muitas vezes mudam tudo. É pra não ter medo desses ventos quando eles chegam…Teco Cardoso trouxe lindamente na flauta o som desses ventos.
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“Tudo em casa”, é um tema instrumental, coisa que todos os meus álbuns sempre têm. E foi tudo em casa mesmo, gravado com o quarteto de fé que me acompanha pelo mundo (eu, Tutty Moreno, Rodolfo Stroeter e Hélio Alves), e no estúdio que é a nossa casa no Rio de Janeiro, o estúdio da Biscoito Fino.
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“Comigo”, uma canção bem bossa nova, fala de uma autossuficiência feminina, em todos os momentos: na carência, na solidão, nas decisões da vida. O tema assustou algumas pessoas quando mostrei, mas é uma fala muito verdadeira, que as mulheres de hoje não temem mais expressar.
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Resumindo, acabou virando um álbum profundamente feminino, que dialoga muito com meu disco “Feminina”, de 1980, que também era todo de canções feitas a partir do ponto de vista da mulher – só que na minha visão de hoje, 45 anos depois. E assim as canções foram se encadeando.
Disco ‘O mar é mulher’ • Joyce Moreno • Selo Biscoito Fino • 2025
Canções /compositores
1. O mar é mulher (Joyce Moreno)
2. Um abraço do João (Jards Macalé e Joyce Moreno) | Feat. Jards Macalé
3. Canção de Búzios (Joyce Moreno e Ronaldo Bastos)
4. Adeus, Amélia (Joyce Moreno)
5. Novelo (Joyce Moreno e Paulo César Pinheiro)
6. Imperador (João Donato, Donatinho e Joyce Moreno)
7. Os ventos (Joyce Moreno)
8. Tudo em casa (Joyce Moreno)
9. Comigo (Joyce Moreno)
10. Desarmonia (Zé Renato e Joyce Moreno)
– ficha técnica –
Joyce Moreno (voz e violão – fx. 1-10) | Tutty Moreno (bateria e percussão – 1-10) | Jessé Sadoc (trompete – fx. 1-10) | Marcelo Martins (sax-tenor – fx. 1-10) | Helio Alves (piano – fx. 3-10) | Marcos Nimrichter (piano – fx. 1, 2) | Rodolfo Stroeter (baixo – fx. 3-10) | Jorge Helder (baixo – fx. 1, 2) | Teco Cardoso (flauta – fx. 7) | Rafael Rocha (trombone e arranjo de sopros – fx. 4) | Arranjo de cordas – fx. 1: Mário Adnet | Cordas – fx. 1: Tallin Studio Orchestra (Estônia) / regência: Kleber Augusto || Direção musical e arranjos de base: Joyce Moreno | Gravado, mixado e masterizado por Lucas Ariel, no Estúdio Biscoito Fino – Rio de Janeiro/RJ | Assessoria de imprensa: Belinha Almendra | Selo: Biscoito Fino | Formato: CD digital | Ano: 2025 | Lançamento: 12 de junho | ♪Ouça o álbum: clique aqui.
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>> Siga: @joycemoreno.oficial / @biscoitofino
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Série: Discografia da Música Brasileira / MPB / Canção / Álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske
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