Ainda não há informações sobre as causas do fogo, que começou após o fechamento do museu a visitantes; ninguém se feriu, diz museu. Instituição criada por Dom João VI tem 200 anos de história.

Um incêndio de grandes proporções atinge o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na noite deste domingo. De acordo com o Corpo de Bombeiros, cerca de 50 homens de três quartéis estão no local combatendo as chamas.

A assessoria do Museu Nacional informou que ainda não está claro o que deu início ao incêndio, sendo necessário esperar o trabalho dos bombeiros para obter mais informações. Embora domingo seja um dia de visitações frequentes, o museu fechou às 17h e, neste horário, não há mais ninguém no local além dos funcionários de segurança. No momento em que as chamas começaram a se alastrar, haviam quatro vigilantes no prédio.

Os três andares do palácio abrigam um acervo de 20 milhões de itens, incluindo documentos da época do Império; fósseis; coleções de minerais; e a maior coleção egípcia da América Latina. Trata-se da instituição científica e do museu mais antigos do Brasil, tendo em maio último completado 200 anos. A visitação média mensal é de 5 a 10 mil pessoas.

— A gente não faz ideia de como começou! Tá chegando muita gente que trabalha aqui. É muito amor por essa instituição, são 200 anos do Museu, isso aqui é o trabalho da vida de muita gente, são coleções zoológicas, botânicas, tudo perdido, tudo perdido! — lamentou Lilian, bióloga e pesquisadora do museu, aos prantos.

Muito emocionada, a vice-diretora do Museu Nacional, Cristiana Cerezo chegou ao local muito emocionada e chegou a se atirar ao chão. Ela afirma que haviam muitos produtos inflamáveis no interior do prédio.

— Haviam muitos produtos que poderiam causar incêndio, a gente tinha um plano pra evacuar essas substâncias do Museu, mas infelizmente isso aconteceu — disse, bastante emocionada.

— A gente estava trabalhando com a atualização da prevenção de incêndio, realizando treinamentos, é muito triste — concluiu.

O funcionário Henrique Barbosa, que há dois anos trabalha no setor financeiro do prédio, também não conseguiu esconder a tristeza.

— Eu soube que acabou o museu! É uma comoção muito grande!

Vera Tostes, museóloga que dirige o Museu do Instituto Histórico Nacional e já dirigiu um outro museu muito importante, o Museu Histórico Nacional, definiu a perda como incalculável.

— Eu estou arrepiada! É uma perda incalculável! Estas estruturas dos palácios mais antigos tem muita madeira, tudo pega fogo muito facilmente. Eu estou tão emocionada que não consigo falar. Parece que atingiu a sala dos embaixadores, a parte onde ficavam as múmias… Não tem como dizer em cifras o que está acontecendo! — disse, muito emocionada.

Dois séculos de história

O Museu Nacional é uma instituição autônoma, integrante do Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro e vinculada ao Ministério da Educação. A instituição foi criada por D. João VI, em 6 de junho de 1818.

Como museu universitário, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tem perfil acadêmico e científico.

O museu contém um acervo histórico desde a época do Brasil Império. Destacam-se em exposição:

  • a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Dom Pedro I;
  • a coleção de arte e artefatos greco-romanos da Imperatriz Teresa Cristina;
  • as coleções de Paleontologia que incluem o Maxakalisaurus topai, dinossauro proveniente de Minas Gerais;
  • o mais antigo fóssil humano já encontrado no país, batizada de “Luzia”, pode ser apreciado na coleção de Antropologia Biológica, entre outros.

Fonte: G1 | O Globo







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