quarta-feira, agosto 6, 2025

Francisco – O ensinamento dos avós

“Muitas vezes são os avós que asseguram a transmissão dos grandes valores a seus netos, e muitas pessoas podem constatar que justamente aos avós devem sua iniciação à vida cristã. Suas palavras, suas carícias ou apenas suas presenças ajudam as crianças a reconhecerem que a história não se inicia com eles, que eles são herdeiros de um longo caminho e que é necessário respeitar a realidade daquilo que nos precede. Aqueles que rompem os vínculos com a história terão dificuldade em tecer relações estáveis e de reconhecer que não são os donos da realidade. Portanto, a atenção aos idosos faz a diferença numa civilização. Numa civilização, dá-se atenção ao idoso? Há lugar para o idoso? Essa civilização progredirá se souber respeitar a sabedoria, o conhecimento dos idosos.”
 – Papa Francisco, do livro “Quem sou eu para julgar?”. LeYa, 2017.
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O ENSINAMENTO DOS AVÓS
A velhice é uma vocação. Ainda não é hora de “entregar os pontos”. Esse período da vida é diferente dos anteriores, sem dúvida; devemos também um pouco “inventá-lo”, porque nossa sociedade não está pronta, espiritual e moralmente, para dar a esse momento da vida seu pleno valor. Houve uma época em que, de fato, não era assim tão normal ter tempo à disposição; hoje essa possibilidade é maior. E também a espiritualidade cristã foi apanhada de surpresa, e trata-se de delinear uma espiritualidade das pessoas idosas. Mas, graças a Deus, não faltam os testemunhos das santas e dos santos idosos!
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Podemos agradecer ao Senhor pelos benefícios recebidos e preencher o vazio da ingratidão que o circunda. Podemos interceder pelas expectativas das novas gerações e dar dignidade à memória e aos sacrifícios daquelas passadas. Podemos recordar aos jovens ambiciosos que uma vida sem amor é uma vida árida. Podemos dizer aos jovens temerosos que a angústia do futuro pode ser vencida. Podemos ensinar aos jovens demasiado enamorados de si mesmos que há mais alegria no dar do que no receber.
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Os avôs e as avós formam o “coral” permanente de um grande santuário espiritual, em que a oração de súplica e o canto de louvor sustentam a comunidade que trabalha e luta no campo da vida.
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Como é feio o cinismo de um idoso que perdeu o sentido de seu testemunho, despreza os jovens e não comunica uma sabedoria de vida! Ao contrário, como é belo o encorajamento que o idoso consegue transmitir ao jovem à procura do sentido da fé e da vida! É verdadeiramente a missão dos avós, a vocação dos idosos.
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As palavras dos avós têm algo de especial para os jovens. E eles sabem disso. As palavras que minha avó me entregou, por escrito, no dia de minha ordenação sacerdotal, eu as trago ainda comigo, sempre, no breviário e as leio frequentemente, e me fazem bem.
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[Audiência, 11 de março de 2015]
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Do livro “Quem sou eu para julgar?” / ‘Chi sono io per giudicare?’ / Papa Francisco [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto]. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
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Leia: Papa Francisco: A cultura do diálogo | Pontes e muros

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Papa Francisco – foto: Zuma Presse Wire/Reuters

A CARÍCIA DE UM IDOSO
Mesmo nas provas mais difíceis, os idosos que têm fé são como árvores que continuam a dar frutos.
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E isso vale também nas situações mais comuns em que, entretanto, pode haver outras tentações e outras formas de discriminação.
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Mas nem sempre o idoso, o avô, a avó têm uma família para acolhê-lo. Nesse caso são bem-vindas as casas para idosos… Contanto que sejam verdadeiramente casas, e não prisões! E sejam para os idosos, e não para os interesses de alguém mais! Não devem ser institutos onde os idosos vivem esquecidos, como que escondidos, negligenciados. Sinto-me próximo aos muitos idosos que vivem nesses institutos, e penso, com gratidão, naqueles que vão visitá-los e tomam conta deles.
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As casas para idosos deveriam ser “pulmões” de humanidade num país, num bairro, numa paróquia; deveriam ser “santuários” de humanidade onde quem é velho e fraco é cuidado e protegido como um irmão ou uma irmã mais velha.
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Faz tão bem visitar um idoso! Vejam os nossos jovens: às vezes os vemos apáticos e tristes. Vão visitar um idoso e ficam felizes!
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Contudo, também existe a realidade do abandono dos idosos: uma verdadeira e própria eutanásia escondida!
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Nós, cristãos, junto com todos os homens de boa vontade, somos chamados a construir, com paciência, uma sociedade diferente, mais acolhedora, mais humana, mais inclusiva.
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Como cristãos e cidadãos, somos chamados a imaginar, com fantasia e sabedoria, as estradas para enfrentar esse desafio. Um povo que não protege os avós e não os trata bem é um povo que não tem futuro! Por que não tem futuro? Porque perde a memória e arranca as próprias raízes. Uma das coisas mais belas da vida em família, da nossa vida humana de família, é acariciar uma criança e deixar-se acariciar por um avô e por uma avó.
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[Discurso aos idosos, 28 de setembro de 2014].
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Do livro “Quem sou eu para julgar?” / ‘Chi sono io per giudicare?’/ Papa Francisco [reunido e editado por Anna Maria Foli; tradução de Clara A. Colotto. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.

Às vezes rejeitamos os idosos, mas eles são um tesouro precioso: rejeitá-los é injusto e constitui uma perda irreparável.
Papa Francisco [Twitter, 17 de junho de 2014] /no livro “Quem sou eu para julgar?”. LeYa, 2017. 

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“os idosos, … são a memória e a sabedoria dos povos”
– Papa Francisco, do livro “Quem sou eu para julgar?”. LeYa, 2017. 


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