AGENDA CULTURAL

Flup apresenta tema central de sua 15ª edição e propõe reencantar o mundo

Com patrocínio master da Shell, a Festa Literária das Periferias apresenta manifesto da 15ª edição, homenageia Conceição Evaristo e confirma programação estendida entre os dias 19 e 30 de novembro 2025, no Rio de Janeiro
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Quando a intelectual Sueli Carneiro participou da Festa Literária das Periferias – Flup, em 2024, seu depoimento ecoou como um chamado urgente e afetuoso: “o desafio que nós temos é gigantesco no sentido de reencantar o mundo. Temos que revisitar o nosso patrimônio libertário, emancipatório. Temos que lembrar como lutamos em tempos sombrios.” Foi com essa memória viva e combativa que a curadoria desta edição escolheu o tema de 2025: Ideias para Reencantar o Mundo.
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A Flup 2025 será realizada em novembro entre os dias de 19 até 23 e de 27 a 30, no Rio de Janeiro, mais uma vez com entrada gratuita e programação intensa voltada para valorizar as vozes das periferias, das mulheres negras, das culturas afrodiaspóricas e de todas as formas de resistência e imaginação coletiva. Nesta edição, o festival presta uma homenagem histórica: pela primeira vez celebrará uma escritora em vida – Conceição Evaristo, figura fundamental para a literatura brasileira e uma das maiores referências de nossa escrevivência.

Neste ano, a Flup convida o público a imaginar um berçário de culturas, onde tradições, línguas e saberes se entrelaçam e resistem. O manifesto que acompanha esta edição (disponível na íntegra ao final deste press release) é um convite à travessia. “Somos sonhos que ganham vida, ideias que encantam o mundo. Então vem!”, conclama o texto que acompanha esta edição.
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O manifesto tece imagens das raízes aéreas, dos sons que pulsam, das tradições que se reinventam e da escrevivência que brota mesmo nos terrenos mais hostis. Trata-se de um chamado à imaginação como forma de luta e ao afeto como horizonte político.
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Com o mangue como símbolo de fertilidade criativa e resistência, a Flup propõe reencantar o mundo pelas palavras, pelos corpos que dançam e pelas batidas que ecoam da lama ao coração. Trata-se de criar, mesmo em tempos adversos, um território onde o sonho seja novamente possível — como utopia, como direito.

A Flup quer formar um “berçário de culturas, um manguezal onde tradições, línguas, músicas e saberes são transmitidos e reinventados”. A festa será uma celebração de sons, palavras e encontros, no compasso dos soundsystems caribenhos e brasileiros, das folhas que filtram o sal da história, dos batidões que ecoam das favelas para o mundo.
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“Somos parceiros da Flup há quatro anos e temos muito orgulho desse festival, que se consolidou como um dos principais eventos culturais e literários do Brasil. Através do nosso apoio, possibilitamos juntos a visibilidade e valorização de artistas periféricos e de grupos sub-representados. Essa parceria é um reflexo da nossa agenda de patrocínios culturais que reitera o compromisso da Shell com a sociedade brasileira ao apoiar iniciativas que promovam o desenvolvimento e a inclusão social”, comenta Glauco Paiva, gerente executivo de Comunicação e Marca da Shell Brasil.
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A 15ª Flup é apresentada pelo Ministério da Cultura e Shell. Tem patrocínio master da Shell, patrocínio da Motiva, por meio do seu Instituto, e do Instituto Cultural Vale, ambos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O apoio é da Fundação Ford. Realização: Suave, Associação Na Nave, Ministério da Cultura, Governo Federal.

Conceição Evaristo – foto: Hildemar Terceiro.

Conceição todos os dias

Em 2025, a Flup não apenas homenageia Conceição Evaristo — ela a celebra como griô, como griote, como tronco que sustenta a floresta das palavras. Autora de “Ponciá Vicêncio”, “Insubmissas lágrimas de mulheres” e tantas outras obras fundamentais, a escritora estará todos os dias presente física e simbolicamente, inspirando e sendo inspirada por uma programação que reconhece a escrevivência como forma de reexistir.
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Foi na Flup 2024 que a escritora dividiu o palco com Bernardine Evaristo em um dos encontros mais emocionantes da programação. Agora, seu protagonismo ganha centralidade e desdobra caminhos que conectam memória, luta e imaginação.

O mundo já está olhando

Internacionalmente, a Flup já é reconhecida como um dos principais festivais literários da atualidade. Em 2025, o evento integra a programação oficial da Temporada Cultural Brasil-França e leva à prestigiada feira literária Étonnants Voyageurs, na França, uma delegação composta por alguns dos principais nomes da literatura brasileira contemporânea — como Djamila Ribeiro, Itamar Vieira Junior, Eliana Alves Cruz, Daniel Munduruku, Marcelo Quintanilha, entre outros. Também já estão previstas participações em eventos no Reino Unido e na Alemanha, consolidando a Flup como espaço internacional de escuta, celebração e disputa narrativa, uma experiência única de Brasil.

Ao longo de 14 anos de história, a Flup tem sido premiada, citada em veículos internacionais como The GuardianLe Monde e BBC, e reconhecida oficialmente como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro. Em 2024, enquanto os líderes do G20 se reuniam, a Flup mobilizava milhares de leitores, artistas e pensadores com uma programação vibrante marcada por mulheres negras e temas urgentes.

Manifesto Flup 2025: Ideias para reencantar o mundo – Escrevivências, sonhos e batidões

Sente a pulsação e vem com o coração!
Nas margens da terra estão os mangues, conduzindo a vida para o mar.
Ali, onde não é mais terra firme e ainda não é fundo, a lama sagrada é berço da diversidade. Um útero de lama e sal, onde a vida renasce a cada maré que banha o Brasil, o Caribe, a mãe África.
 Uma muda, depois de nutrida no seio da árvore mãe-mangue, sobrevive longas distâncias.
No movimento das marés, no ritmo das águas, ela viaja. Uma diáspora que mantém viva suas populações pelo mundo, entre origens e destinos perdidos.
 Em solo hostil, as raízes se erguem como cabeças para fora.
Respirando, ganhando terreno. Raízes aéreas abraçam o céu e o mar, como memórias que atravessam os oceanos. Raízes que são conexões transatlânticas, que se entrelaçam sob a superfície, criando uma rede invisível que sustenta a vida que se tem pra viver.
Nos manguezais, cada raiz é um fio de história, Escrevivências.
Cada tronco, a griote, Conceição Evaristo, que conta e escreve de onde viemos e para onde vamos.
E mesmo em meio a inundações, baixa oxigenação e devastação, o mangue ensina: eis aqui estratégias criativas, inteligência para germinar, crescer e se multiplicar quando são tempos difíceis para quem sonha o bem, a igualdade social, a paz, a alegria das diferenças.
A Flup 25 quer formar com você um berçário de culturas, um manguezal onde tradições, línguas, músicas e saberes são transmitidos e reinventados.
Como nos batidões dos soundsystems caribenhos e brasileiros, aparelhagens e paredões pulsam a resistência. Cada batida é uma raiz que pulsa, ecoa e encanta.
 Pulsa no solo desafiador dos mangues e do peito de cada pessoa, a vida em abundância, o bem viver.
Pulsa a força em cada raiz, em cada pé no chão que dança, em cada palavra, em cada batida que encanta corações.
Nossas raízes pulsam e atravessam oceanos.
Nossas folhas filtram o sal da história.
Nossos frutos são sementes de um futuro sem ódio e violência.
Vem com a força das raízes que respiram e se multiplicam.
Vem com a sabedoria e a voz pulsante dos griôs.
Vem com a batida do som que não para de pulsar.
Somos mangue. Somos vida.
Somos sonhos que ganham vida, ideias que encantam o mundo.
Então vem!
Sente essa pulsação e vem com o coração!

Sueli Carneiro – foto: Aline Reis

Sobre a Flup – A Festa Literária das Periferias-Flup tem como missão propor outras experiências literárias; por isso, atua em territórios periféricos, abrindo caminhos para que livros, ideias e experiências antes à margem cheguem mais longe. Em 13 anos atuando no Rio de Janeiro, a Flup já passou pelo Morro dos Prazeres, Vigário Geral, Mangueira, Babilônia, Vidigal, Cidade de Deus, Maré, Biblioteca Parque, Museu de Arte do Rio – MAR, Providência e Circo Voador (Lapa), promovendo encontros entre grandes personalidades da literatura, tanto nacionais quanto internacionais. A Flup recebeu prêmios e reconhecimento, entre eles o Faz diferença de 2012 e o Retratos da Leitura de 2016, respectivamente outorgados pelo jornal O Globo, a London Book Fair e o Instituto Pró-Livro. Em 2020, foi vencedora do Prêmio Jabuti na categoria Fomento à Leitura. Em 2023, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro declarou a Flup patrimônio cultural imaterial. A Flup é um festival feito por equipes de produção majoritariamente negras e com mulheres em cargos de liderança.

Sobre a Shell – Há 112 anos no país, a Shell Brasil é uma companhia de energia integrada, com participação nos setores de Petróleo e Gás, Soluções Baseadas na Natureza, Pesquisa, Desenvolvimento e Trading, por meio da comercializadora Shell Energy Brasil. A companhia está presente ainda no segmento de Biocombustíveis por meio da joint-venture Raízen, que no Brasil também gerencia a distribuição de combustíveis da marca Shell.  A Shell Brasil trabalha para atender à crescente demanda por energia de forma econômica, ambiental e socialmente responsável, avaliando tendências e cenários para responder ao desafio do futuro da energia.
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Assessoria de imprensa da Flup: Agência Galo

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