Canção

Fabio Brazza lança álbum ‘A Roda, A Rima, O Riso e a Reza’

Sem se prender a rótulos, o artista entrelaça rap, samba e a tradição da música brasileira com lirismo, crítica social e verdade emocional
.
Rap e samba sempre ocuparam espaços proporcionais na mente e no coração de Fabio Brazza. Mas as circunstâncias, o destino ou, simplesmente, seu talento inato com as palavras fizeram o vento soprar mais forte para os lados do rap, o tornando um nome de destaque na cena nacional. Em seu novo álbum, Brazza transforma em música a travessia de uma vida entre a força da rima e a cadência do samba. “A Roda, A Rima, O Riso e a Reza”, de Fabio Brazza chega às plataformas no dia 2 de maio, através do selo Yalla Recordings, é mais do que um disco: é a consolidação de uma trajetória artística que abraça a versatilidade, o improviso, a poesia e a pluralidade da música brasileira.

Produzido por Xuxa Levy e Paiva Prod, o álbum reúne 14 faixas inéditas e valiosas participações de CrioloFerrugemXande de PilaresPrettosMestrinho, entre outros nomes que ajudam a traduzir a fusão sonora proposta por Fabio Brazza. Uma fusão peculiar, com tempero paulistano, que reafirma o rap e o samba como vozes de resistência e de afirmação cultural. É um trabalho musicalmente vivo, mais orgânico que seus antecessores, com menos computador e mais alma.
.
Esse pode ser considerado o trabalho da minha vida. Um registro autêntico de tudo o que me compõe como artista e como ser humano. Não é só sobre rap ou samba, mas sobre a força que nasce quando esses dois mundos se encontram sem medo, sem timidez. Por muito tempo, o samba foi meu lado B — uma chama acesa em silêncio. Agora, ele pede passagem e se entrelaça com meu rap numa dança potente, acendendo algo novo em mim. A realização desse álbum é o sonho de um moleque que amadureceu, mas nunca deixou de acreditar na magia da música” — declara Brazza.

Com um repertório que também flerta com pagode, embolada, baião e ijexá, Brazza expande os limites do que entende como arte e identidade. Entre os destaques estão os singles já lançados: “Sonhos”, com Criolo, que discute o controle sobre nossos desejos em tempos de algoritmos, e “Cê Já Se Perguntou”, com Ferrugem, um olhar autobiográfico sobre identidade e propósito. Ambos anteciparam a sonoridade plural do disco, onde o samba não surge como elemento decorativo, mas como fundamento rítmico, espiritual e afetivo.
.
A roda que dá nome ao álbum atravessa as narrativas de todas as faixas: da roda de rima às rodas de samba, da infância às batalhas de improviso, da reza que é música à música que vira reza — e se estende à própria arte da capa, concebida como parte visual dessa jornada particularmente circular. “A ideia é traduzir visualmente o espírito da roda como espaço de encontro — da música, da fé, do jogo e da poesia. Ali estão a roda de samba, a roda de rima, a roda de altinha, a capoeira, o futebol… Tudo aquilo que representa a cultura brasileira em sua forma mais viva e coletiva“. Como define Fabio Brazza, “se o Brasil fosse uma roda de samba, nosso país seria bem melhor”. 

Sobre o artista
Fabio Brazza é rapper, músico, poeta, compositor e improvisador. Seu trabalho é marcado pela fusão de estilos e pela força da palavra — com uma assinatura que mistura crítica social, espiritualidade e emoção. Neto do poeta concreto Ronaldo Azeredo, iniciou sua trajetória nas batalhas de rima do metrô Santa Cruz, em São Paulo, onde se destacou pela habilidade lírica. Ao longo da carreira, lançou nove álbuns e três livros de poesia, e teve composições gravadas por artistas como Diogo Nogueira, Negra Li, Edi Rock e Atitude 67. Também venceu sambas-enredo no Carnaval paulistano e viralizou na internet com homenagens em verso a figuras do futebol como Ronaldinho, Marta e Zico. Em 2024, teve sua obra publicada no Museu da Língua Portuguesa.

Capa disco ‘A Roda, A Rima, O Riso e a Reza’ • Fabio Brazza • Selo Yalla Recordings • 2025

Disco ‘A Roda, A Rima, O Riso e a Reza’ • Fabio Brazza • Selo Yalla Recordings • 2025
Canções / compositores
1. Intro partideiro (Lucas Menezes, Fabio Brazza, Xuxa Levy)
2. Sonhos (Fabio Brazza, Daniel Tatit)
3. Cê já se perguntou (Fabio Brazza, Daniel Tatit)
4. Seja como for (Fabio Brazza, Kaue Mello, Wagner Bonfim)
5. Elikia (Leonardo Matumona)
6. Quem tem fé (Fabio Brazza, Caio Paiva, Leonardo Rocatto, Xuxa Levy)
7. Luiz Carroceiro (Fabio Brazza, Caio Paiva, Leonardo Rocatto, Xuxa Levy)
8. Brasileiragem (Fabio Brazza, Caio Paiva, Felipe Vassão, Mestrinho)
9. Eu só sei que foi assim (Fabio Brazza, André Drum, Caju & Castanha)
10. Milagre da música (Fabio Brazza, Caio Paiva, Yasmin Olí)
11. Ímã (Fabio Brazza, Caio Paiva, Felipe Bessa, Leonardo Rocatto)
12. O capeta (Fabio Brazza, Daniel Tatit)
13. Brasil em chamas (Fabio Brazza, Daniel Tatit)
14. Ouve a palavra (Fabio Brazza, Marcelo Mira)
– ficha técnica –
Faixa 1 – Claudio Castor: percussão; Thiaguinho Silva: bateria e congas; Dudinha Lima: baixo; Walmir Borges: violões; DJ Erick Jay: scratches; Ina Arruda, Hugo Rafael e Flávia Mello: coro | Faixa 2 – Participação especial: Criolo (voz); Paiva Prod: violão, teclado, programações; Xuxa Levy: teclados, samples; Felipe Roseno: percussão; Evaldo Alves, Leonardo Mallet: violino; Caio Foster: viola; Macedo Bellini: cello; Ina Arruda, Hugo Rafael e Flávia Mello: coro | Faixa 3 – Participação especial: Ferrugem (voz); Claudio Castor: percussão; Thiaguinho Silva: bateria e congas; Ana Karina Sebastião: baixo; Walmir Borges: violão; Edmilson Capelupi: violão 7 cordas; Hebert Medeiros: teclado; Xuxa Levy: coro; Paiva Prod: guitarras, programações; Juninho Alves: cavaquinho | Faixa 4 – Participação especial: Atitude 67 (voz); Thiaguinho Silva: bateria; Ana Karina Sebastião: baixo; Claudio Castor: percussão; Walmir Borges: viola, banjo; Juninho Alves: cavaquinho; Edmilson Capelupi: violão 7 cordas; Filipe Moura: trombone, sax, trompete; Xuxa Levy: teclado, programações | Faixa 5 – Participação especial: Leonardo Matumona (voz); Thiaguinho Silva: congas; Dudinha Lima: baixo; Claudio Castor: percussão; Walmir Borges: viola, cavaquinho; Herbert Medeiros: teclado; Felipe Roseno: percussão; Xuxa Levy: teclado, vozes, flauta, programações; Juninho Alves, Luiz Antônio Sopreto: violão e cavaco; Ina Arruda, Hugo Rafael e Flávia Mello: coro | Faixa 6 – Participação especial: Leonardo Matumona (voz); Thiaguinho Silva: congas; Dudinha Lima: baixo; Claudio Castor: percussão; Walmir Borges: viola, cavaquinho; Herbert Medeiros: teclado; Felipe Roseno: percussão; Xuxa Levy: teclado, vozes, flauta, programações; Juninho Alves, Luiz Antônio Sopreto: violão e cavaco; Ina Arruda, Hugo Rafael e Flávia Mello: coro | Faixa 7 – Participação especial: Xande de Pilares (voz); Thiaguinho Silva: bateria, congas; Ana Karina Sebastião: baixo; Claudio Castor: percussão; Walmir Borges: violão; Herbert Medeiros: teclado; Edmilson Capelupi: violão 7 cordas; Xuxa Levy: sucatas, assovio; Juninho Alves: cavaquinho; Ina Arruda, Hugo Rafael e Flávia Mello: coro | Faixa 8 – Participação especial: Mestrinho (voz); Thiaguinho Silva: bateria; Dudinha Lima: baixo; Paiva Prod: teclado, programações; Herbert Medeiros: teclado; Walmir Borges: violão, guitarra; Felipe Roseno: berimbau, percussão; Webster Santos: viola caipira; Mestrinho: acordeon; Juninho Alves: cavaco | Faixa 9 – Participações especiais: Caju & Castanha, Mestrinho (voz) | Xuxa Levy: flautas, teclado; Fernando Nunes: baixo; Paiva Prod: teclado, programações; Felipe Roseno: percussão; Mestrinho: acordeon; Webster Santos: violão, viola caipira; Ina Arruda, Hugo Rafael e Flávia Mello: coro | Faixa 10 – Participação especial: Yasmin Olí (voz) | Paiva Prod: teclado, programações; Dudinha Lima: baixo; Thiaguinho Silva: bateria; Herbert Medeiros: teclado; Walmir Borges: violão, guitarra; Felipe Roseno: berimbau, percussão; Erick Jay: scratches | Faixa 11 – Paiva Prod: teclado, programações; Ana Karina Sebastião: baixo; Thiaguinho Silva: congas; Claudio Castor: percussão; Walmir Borges: violão, cavaquinho; Herbert Medeiros: teclado; Edmilson Capelupi: violão 7 cordas; Ina Arruda, Hugo Rafael e Flávia Mello: coro | Faixa 12 – Paiva Prod: teclado, programações; Ana Karina Sebastião: baixo; Thiaguinho Silva: bateria; Claudio Castor: percussão; Walmir Borges: violão, banjo; Xuxa Levy: synths, programações; Edmilson Capelupi: violão 7 cordas, cavaco; Erick Jay: scratches; Go do Trombone: trombone; Luiz Antonio Sopreto: violão; Juninho Alves: cavaco | Faixa 13 – Participação especial: Thaline Karajá; Claudio Castor: percussão; Ana Karina Sebastião: baixo; Thiaguinho Silva: congas; Webster Santos: viola caipira; Walmir Borges: violão; Xuxa Levy: teclado, vozes, flauta, programações; Edmilson Capelupi: violão 7 cordas, cavaco; Miran Abs: cello, rabeca | Faixa 14 – Participação especial: Prettos; Claudio Castor: percussão; Xuxa Levy: apito, teclado, vozes, flauta e programações; Ana Karina Sebastião: baixo; Thiaguinho Silva: bateria; Juninho Alves: cavaquinho; Walmir Borges: violão e banjo; Edmilson Capelupi: violão 7 cordas e cavaco; Prettos: coro…. || Produzido por Xuxa Levy e Paiva Prod | Gravado nos Estúdios Yalla Recordings (São Paulo/SP) | Mixado por Luciano Scalercio e João Millet | Masterizado por Arthur Luna | Arte da capa: Gabriel Moreira | Design: Kafé | Assessoria de imprensa: Marcus Cesar / Batucada Comunicação | Selo: Yalla Recordings | Formato: CD digital | Ano: 2025 | Lançamento: 2 de maio | ♪Ouça o álbum: clique aqui

Fabio Brazza lança álbum ‘A Roda, A Rima, O Riso e a Reza’

Faixa a faixa – por Fabio Brazza
Intro Partideiro abre o disco com um poema que fala da minha origem: a roda de samba como espaço formador — socialmente e artisticamente. A colagem sonora e os scratches do DJ Erick Jay fazem a ponte entre essa vivência e o universo do rap que me formou.
.
Cê Já Se Perguntou é quase uma autobiografia em verso. Encaro meu passado e reconheço os privilégios que tive, tentando entender onde está o valor real das coisas. A presença do Ferrugem tira a faixa do óbvio e intensifica a carga emocional.
.
Em Sonhos, com o Criolo, questiono até que ponto nossos desejos são realmente nossos, num tempo em que os algoritmos tentam moldar até nossos sonhos. É um manifesto poético contra essa manipulação invisível — e um convite a retomar aquilo que é verdadeiramente nosso.

Seja Como For é um pagode que nasceu espontâneo, leve, cheio de amor, futebol e amizade. É um respiro solar dentro do álbum, com clima de roda de boteco e refrão de cantar sorrindo. A galera do Atitude 67 completou esse astral com perfeição.
.
Elikia é Fé em congolês. Essa faixa é uma oração recitada por Leonardo Matumona, que ganhou espaço próprio pela força simbólica que carrega. Ela prepara o terreno emocional para o que vem a seguir e ecoa a espiritualidade que atravessa o disco.
.
Quem Tem Fé nasceu do relato real de um fã que me emocionou profundamente. Falo da fé como força propulsora. Transformo minha arte em oração e assumo a responsabilidade de quem tem a escuta do outro: uma palavra pode, sim, abrir um mar pra gente passar.
.
Luiz Carroceiro narra a história de um amigo e conselheiro. Luiz puxava carroça ouvindo samba — e virou personagem de uma das faixas mais emocionantes do disco. Com Xande de Pilares, essa homenagem ganhou ainda mais peso e alma.

Regravei Brasileiragem, que compus pra Copa de 2018, agora com o talento do Mestrinho. Misturo baião, rap e a paixão do brasileiro pelo futebol. Falo de identidade, ginga e brasilidade — tudo com muito ritmo e coração.
.
Eu Só Sei Que Foi Assim é um mergulho na embolada, que eu vejo como uma forma ancestral de rap. Com Caju & Castanha, celebro essa herança nordestina em forma de rima improvisada e energia de feira livre. É um retorno às raízes — com sotaque e afeto.
.
Milagre da Música talvez seja a faixa mais rap do disco. Trato a música como um canal espiritual, algo sagrado. A Yasmin Olí brilha no refrão e juntos mergulhamos no poder do som, do tambor e da palavra como forças divinas.
.
Ímã é um pagode pop que brinca com trocadilhos e mistura referências românticas e urbanas. É uma forma de falar do amor usando a linguagem da rua, com lirismo e irreverência.
.
O Capeta mistura samba de breque com rap. Faço uma narrativa cheia de crítica e humor sobre os demônios do dia a dia, os conflitos internos. Uma faixa que provoca risos e reflexão na mesma medida.
.
Brasil em Chamas é minha música-protesto. Com a potência da Thaline Karajá, a faixa ecoa o grito indígena e sintetiza a urgência de tudo o que estamos vivendo. É denúncia e resistência em forma de canção.
.
Encerrando o disco, me junto aos Prettos em Ouve a Palavra pra pedir silêncio e escuta. É um chamado ao respeito pelas tradições do samba e da rima. Uma reverência à palavra, que pra mim é sagrada.

> Siga: @fabiobrazza

.
.
Série: Discografia Brasileira / Canção / álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske

Revista Prosa Verso e Arte

Música - Literatura - Artes - Agenda cultural - Livros - Colunistas - Sociedade - Educação - Entrevistas

Recent Posts

Neguinho da Beija-flor e Xande de Pilares lançam álbum ‘Empretecendo’

Xande de Pilares e Neguinho da Beija-Flor lançaram em todas as plataformas digitais, o álbum…

15 horas ago

Álbum ‘Algodão’ | Maria João e André Mehmari

A cantora portuguesa Maria João e o pianista e compositor brasileiro André Mehmari sobem juntos…

19 horas ago

Traga-me a cabeça de Lima Barreto no Sesc Glória, Vitória/ES

Celebrando a genialidade do grande escritor brasileiro, monólogo 'Traga-me a cabeça de Lima Barreto' estrelado…

21 horas ago

Sandra Sá e Fi Bueno juntos no Teatro Rival Petrobras

Fi Bueno reúne clássicos da música brasileira e repertório autoral, em show com a participação…

22 horas ago

Casa com a Música recebe Tributo a João Donato

A pianista canadense Vanessa Rodrigues convida os integrantes veteranos da banda do João Donato, o…

1 dia ago

O Silêncio Entre as Notas: O Papel da Escuta na Criação Artística Contemporânea

Vivemos tempos em que o ruído se impõe com urgência — redes sociais, notificações constantes,…

1 dia ago