sábado, julho 27, 2024

Espetáculo “Eu, Romeu”, um Shakespeare de protagonismo periférico, estreia Teatro Glauce Rocha

Celebrar a insistência petulante dos improváveis, a paciência dos que não se encaixam e exaltar a teimosia, são o mote da peça de dramaturgia autoral e contemporânea “Eu, Romeu”, um solo narrativo do ator Marcos Camelo, que apresenta uma história que transita pela sua própria vida: homem pardo, periférico, nascido e criado no subúrbio do Rio de Janeiro, em Rocha Miranda, bairro da Zona Norte, localizado entre Morro do Jorge Turco e o Morro do Faz Quem Quer, de uma parte da cidade sem biblioteca, cinema, teatro ou qualquer outro espaço para produção e consumo de cultura. O ator traz à cena a história de heróis perdedores, daqueles que fazem o que podem com o que são e que – com honra, dignidade e bom humor –, ousam sonhar, lutar e quase sempre perder.
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“A inspiração para o espetáculo partiu do quanto estão estruturados na sociedade os sistemas pré-determinados que impõe limites aos cidadãos devido a sua ascendência, a cor de pele, CEP e cultura”, declara Marcos Camelo.
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A encenação mistura música, teatro e circo em comunicação direta com a plateia, com a finalidade de um teatro de extrema intimidade com cada pessoa. O “Eu” no nome da peça pode ser, também, qualquer um dos indivíduos que compõem a plateia e se sintam representados. Assim, a tragédia mais amada de Shakespeare “Romeu e Julieta” se mistura à recorrente tragédia dos subúrbios do Rio de Janeiro. Transpor essas barreiras equivale a uma verdadeira odisseia, uma constante luta desigual para afirmar sua potência, alcançando objetivos e sonhos.

“A montagem de ‘Eu, Romeu’ tem muita relação com a minha experiência em identificar as potências de cada indivíduo através do trabalho com circo social. Isso foi fundamental para criação de um espetáculo centrado no ator e nas competências dele na cena. Minha formação origina-se no ballet clássico, transborda no circo em todas as suas possibilidades e hoje estou no teatro, aplicando todas estas maravilhas que são as infinitas relações do corpo com seus movimentos, com os espaços, objetos e superfícies para uma cena plural e extremamente popular”, ressalta a diretora Cecília Viegas.
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Marcos Camelo, um ator do subúrbio do Rio, que provavelmente não teria a chance de estar dentro do personagem criado por Shakespeare, em cena, lança mão de tudo o que é, e que tem, para fazer com que o espectador brinque com esta peça, mesmo acordado. Um ator que é o início e o fim de todas as ações. Os estereótipos e a regionalização das oportunidades estão no palco, além das barreiras físicas e reservas de mercado.

“Um artista que fala de si para falar do mundo, um espetáculo divertido, provocador que tem a cara do nosso povo. É Shakespeare do hip hop ao samba”, comenta Marcos.
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Premiado em vários festivais pelo Brasil, o espetáculo “Eu, Romeu”, da Adorável Companhia, de Guapimirim, município do Rio de Janeiro, que já circulou por 10 cidades de Goiás, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e Amazônia, será apresentado pela primeira vez na Cidade do Rio de Janeiro, de 14 a 29 de junho de 2024, no Teatro Glauce Rocha – Funarte, com ingressos a preços populares. Todas as sessões serão com uma tradutora de Libras.

“Para mim, ‘Eu, Romeu’ é pensar em Rocha Miranda, bairro onde nasci e fui criado, que continua sem nenhum espaço voltado para cultura, assim como outros bairros do subúrbio que seguem assim, em completo abandono. A peça me mostra que um povo sem acesso à cultura é um povo que tem roubado os seus direitos e sua capacidade de sonhar”, conclui o ator.
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A temporada de estreia de “EU, ROMEU” na Cidade do Rio de Janeiro conta com patrocínio do Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Lei Paulo Gustavo, com o apoio da Funarte e do Ministério da Cultura através do Programa Funarte Aberta 2023 – Ocupação dos Espaços Culturais do Rio de Janeiro.

revistaprosaversoearte.com - Espetáculo "Eu, Romeu", um Shakespeare de protagonismo periférico, estreia Teatro Glauce Rocha
Espetáculo “Eu, Romeu” – foto: © Ratão Diniz

FICHA TÉCNICA
Direção artística, dramaturgia e pesquisa de movimento: Cecília Viegas | Elenco: Marcos Camelo | Texto e figurino: Marcos Camelo | Iluminação: Júlio Coelho e Marcos Camelo | Coordenação do projeto: Cecília Viegas | Produção executiva: Tay Queiroz | Assistente de produção: Gabriel Leal | Apoio para acessibilidade: Maria Leal | Operação de luz: Debrá e Thainá Teixeira | Tradutora de libras: Joyce Silva | Edição do release: Ney Motta | Designer gráfico: Diogo Monteiro | Assessoria de imprensa: Ney Motta | Fotos de divulgação: Sílvia Patrícia e Ratão Diniz | Realização: Adorável Companhia

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Espetáculo “Eu, Romeu” – foto: © Silvia Patrícia

SERVIÇO
Espetáculo “Eu, Romeu”
Teatro Glauce Rocha – Funarte
Endereço: Av. Rio Branco, 179, Centro, Rio de Janeiro
Em frente a Estação Carioca, do Metrô Rio
Capacidade de público: 204 lugares
Temporada: 14, 15, 16, 21, 22, 23, 28 e 29 de junho de 2024.
Sextas e sábados às 19h e domingos às 18h.
Valor do ingresso: 20 reais (inteira); 10 reais (meia entrada)
Horário da bilheteria: Quarta à domingo das 14h às 19h
Vendas antecipadas pelo Sympla
Duração: 60 minutos
Classificação: 14 anos
Todas as sessões serão com uma tradutora de Libras.

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Espetáculo “Eu, Romeu” – foto: © Ratão Diniz

Apresentações
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Adorável Companhia
Formada por uma bailarina\acrobata (Cecília Viegas) e um ator\palhaço (Marcos Camelo), a Adorável Companhia foi criada para satisfazer o desejo por uma autonomia artística e por uma cena autoral, multidisciplinar numa linguagem popular e ao mesmo tempo sofisticada onde circo, Teatro e dança se alinham na construção de uma estética que torne o acontecimento teatral uma experiência única. A sede da companhia é no quintal da casa deste casal, em Guapimirim, Baixada Fluminense, onde foi montado o primeiro espetáculo do grupo, o infantil “Nosso Grande Espetáculo”, em 2017, encenado em cidades do Paraná, Goiás, Tocantins, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Foi selecionado no edital Primeiros Olhares dos Doutores da Alegria (SP) para apresentações em hospitais públicos. Em abril de 2019, a TV Brasil registrou o espetáculo que virou o especial de TV Palhaçaria. “Por sermos uma equipe que já passou dos quarenta anos, achamos muito importante trazer para nossos trabalhos jovens que acabaram de se formar em cursos técnicos e graduação. Desta forma promovemos uma rica troca de saberes da nossa experiência de mais de 25 anos de carreira com pessoas que estão com a mente fervilhando dominando as mais novas tecnologias”, comentam Cecília e Marcos. Para o edital Lei Paulo Gustavo a Adorável Companhia oferece um curso de acessibilidade para todos da nossa equipe técnica da área de comunicação como para pensar o espaço público acessível para todos. Além disso, todas as sessões serão com uma tradutora de libras para possibilitar à comunidade surda a liberdade de ir ao teatro o dia que quiser. Para conhecer mais: clique aqui.

Marcos Camelo, ator e autor
Nascido e criado no subúrbio do Rio de Janeiro, de uma parte da cidade sem biblioteca, cinema, teatro ou qualquer outro espaço para produção e consumo de cultura. A experiência de ver, ouvir e contar histórias, festas populares, onde a dança, o jogo e a brincadeira o levaram ao teatro. Do teatro para o palhaço e o circo foi um pulo. Formação, técnica, treinamento e pesquisa para que a cena seja o lugar de estar junto e construindo uma realidade alternativa à dureza do dia a dia e sendo ainda uma experiência estética única, arrebatadora e transformadora. Este é Marcos Camelo, ator formado na Escola Estadual Martins Pena, ex-integrante dos Doutores da Alegria, Fundador e Palhaço do Grupo Roda Gigante, diretor do premiadíssimo “Acorda Amor”, da Cia. 4 Manos, e diretor artístico da Adorável Companhia. Atuou nos espetáculos: “Inventário”, “Os Fabulosos” (Os Fabulosos), “Contos do Mar” (Cia 4 Manos), “Nosso Grande Espetáculo”, TV Brasil Especial Palhaçaria. Protagonista da série “A Liga do Natal”, em 2020.

Cecília Viegas, diretora
Nascida em Vila Isabel, Zona Norte do Rio de Janeiro. Decidiu ser bailarina desde os três anos de idade e assim foi de alma e corpo. Formou-se na Escola Estadual de Danças Maria Olenewa que lhe deu oportunidade de trabalhar como corpo de baile no Theatro Municipal do Tio de Janeiro em temporadas de “Giselle”, “La Bayadere”, “Lago dos Cisnes”, “Bela Adormecida” e “O Quebra Nozes”. Com Licenciatura em Ciências Biológicas, no circo encontrou um lugar para realização artística com infinitas possibilidades de reinvenção, ressignificação, além de ser um potente transformador social enquanto ferramenta de arte educação. Fundou seu projeto social, Flutuarte, em Guapimirim, pelo qual recebeu Moção de Honra pelo Conselho Tutelar de Guapimirim e Homenagem do Fórum Cultural da Baixada Fluminense. Buscou formação em pedagogia do circo, fundou a Adorável Companhia com Marcos Camelo para possibilitar sua pesquisa de circo, teatro e dança de forma autoral acreditando que a arte é a melhor ferramenta para inspirar pessoas a serem protagonistas de um mundo que está em permanente construção. Recebeu diversas premiações pelo espetáculo Eu, Romeu como diretora artística. É produtora cultural e atualmente cursa pós-graduação em Dança, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

O Teatro Glauce Rocha – Funarte
O Teatro Glauce Rocha – Funarte tem uma localização privilegiada – na Avenida Rio Branco, principal artéria empresarial do Rio de Janeiro, vizinho à boemia da Cinelândia e da Lapa, e em frente à Estação Carioca do Metrô. Palco, por quase cinco décadas, de peças de vanguarda, o Teatro é um importante equipamento cultural do Rio. O espaço nasceu como Teatro Nacional de Comédia, em 1960, onde recebeu espetáculos como A Beata Maria do Egito; As Três Irmãs e Não Consultes Médico. Lá foram apresentados também Doce Pássaro da Juventude; Terror e Miséria no III Reich e Electra (de Sófocles), todos protagonizados pela atriz Glauce Rocha. Em janeiro de 1979, após passar por uma série de reformas, foi rebatizado como Teatro Glauce Rocha, em homenagem à atriz, falecida anos antes. Em 2018, fechou para novas reformas e modernização e reabriu em dezembro de 2023 com as montagens Bonecos de Pau, do grupo gaúcho A Divina Comédia e O Verbo é Ir, com a atriz e cantora Soraya Ravenle e a violoncelista Maria Clara Valle.


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