Emmanuele Baldini, Marina Martins e Lucas Thomazinho Tocam Debussy e Rachmaninov na Sala São Paulo. Programa do recital de violino, violoncelo e piano joga luz sobre as Sonatas de Claude Debussy compostas para estes instrumentos, e o Trio Elegíaco nº 2, de Sergei Rachmaninov.
.
Dando continuidade à Temporada Osesp 2023 – Sem Fronteiras, a Sala São Paulo recebe na próxima terça-feira (12/set), às 20h30, um recital do spalla da nossa Orquestra, Emmanuele Baldini, acompanhado de dois jovens talentos da música instrumental brasileira: a violoncelista Marina Martins e o pianista Lucas Thomazinho. O repertório contará com duas obras do francês Claude Debussy (a Sonata para Violino e Piano, e a Sonata para Violoncelo e Piano) e uma do russo Sergei Rachmaninov (o Trio Elegíaco nº 2 em Ré Menor).

Sonata para Violino e Piano é a última grande obra de Claude Debussy (1862-1918) e integrou o programa de sua última apresentação pública, em setembro de 1917. O primeiro movimento joga com três elementos: a ressonância dos acordes, evocativa da transparência sagrada da música gregoriana e de Palestrina, os arabescos melódicos e um conjunto de notas repetidas declamadas com intensidade dramática. O segundo movimento é repleto de gestos sonoros bem-humorados, que flertam com o jocoso e deslizam, por vezes, para o lírico. Cristalino, o movimento final revisita com animação os elementos do “Allegro vivo” inicial, agora refratados pelo humor do “Intermédio”.
.
Com a Sonata para Violoncelo e Piano, Debussy buscou criar uma obra sem nenhuma referência extramusical, de proporções claras e formas sonoras fantasiosas. Uma introdução majestosa, pausas dramáticas e episódios multifacetados compõem um primeiro movimento cuja escala de sensibilidades estende-se do dolorido ao apaixonado. A “Serenata” evoca as inflexões do violão declamado e do canto popular. Nela, radicais variações de humor, caráter e atmosfera são instigadas por jogos rítmicos e efeitos inusuais no violoncelo — cordas pinçadas com a mão esquerda, flutuações ligeiras e deslocadas do arco produzindo um efeito mais aéreo, golpes de arco, notas deslizadas, entre outros. O nervosismo ligeiro do último movimento supera o paradoxo criativo ao combinar liberdade e rigor formal, mesmo em passagens de caráter improvisatório.

Ambos os trios de Sergei Rachmaninov (1873-1943) associam-se ao Trio em Lá Menor, Op. 50, de seu ídolo e mentor Piotr Ilyich Tchaikovsky, obra que é, também, elegíaca, uma vez que fora dedicada “à memória de um grande artista”, o músico, amigo e mentor de Tchaikovsky, Nikolai Rubinstein, morto em 1881. A relação de Rachmaninov e Tchaikovsky estreitou-se brevemente em 1893, após Rachmaninov graduar-se em composição pelo Conservatório de Moscou. Durante os meses que se seguiram à sua formatura, os dois músicos encontraram-se em algumas ocasiões, durante as quais o experiente compositor pôde apreciar a música do jovem artista, aconselhando-o estética e profissionalmente. O frutífero intercâmbio seria interrompido pela morte trágica e inesperada de Tchaikovsky no final de 1893.
.
Choque e luto prontamente irromperam como música e, no mesmo dia do falecimento do mentor, Rachmaninov deu início à composição de sua obra mais ambiciosa até então: o Trio Elegíaco nº 2. A versão original, finalizada ainda naquele ano, seria revisada em 1903, republicada em 1907 e revisada mais uma vez em 1917. Também dedicada “à memória de um grande artista”, nesse caso, Tchaikovsky, a obra conta com três movimentos.

Emmanuele Baldini
Spalla da Osesp desde 2005, o italiano nasceu numa família de músicos em Trieste. Foi aluno de Corrado Romano no Conservatório de Genebra e se aperfeiçoou em Berlim e em Salzburgo com Ruggiero Ricci. Apresentou-se como solista junto a diversos grupos, dentre eles, a Orquestra Sinfônica da Rádio de Berlim, a Orchestre de la Suisse Romande, a Orquestra de Câmara de Viena e a própria Osesp, em várias ocasiões. De 2017 a 2019, foi Diretor Musical da Orquestra de Câmara de Valdivia, no Chile, e atualmente é Regente Titular da Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí. Gravou mais de 40 álbuns, dentre os quais se destacam obras italianas e brasileiras camerísticas para o selo Naxos e peças virtuosísticas para violino solo para o Selo Sesc.
.
Marina Martins
Nascida em 1999, na Nova Zelândia, Marina se mudou aos cinco anos para o Brasil, país de origem de seus pais. Foi aluna do violoncelista Pieter Wispelwey na Robert Schumann Hochschule, em Düsseldorf. Atualmente, reside na Suíça e está sob orientação de Danjulo Ishizaka na Musik Akademie Basel. Dentre suas parcerias camerísticas, estão nomes como Pieter Schoeman, spalla da Filarmônica de Londres, Wenzel Fuchs, primeiro clarinetista da Filarmônica de Berlim, e Stefan Mendl, pianista do Trio Vienense. Dentre os prêmios recebidos, destacam-se o Exilarte Preis (Áustria, 2021) e o Concurso Jovens Solistas da Osesp, em 2018. Marina toca um violoncelo Giuseppe Guarneri ‘filius Andreae’ (de 1700), concedido em empréstimo por um colecionador escocês.
.
Lucas Thomazinho
Lucas Thomazinho nasceu em 1995 e, aos nove anos de idade, ganhou o primeiro concurso, conquistando desde então distinções como a XIX Santander International Piano Competition (Espanha), a XVIII Santa Cecilia International Competition (Portugal), a I Teresa Carreño International Piano Competition (Miami), o V Concurso Internacional BNDES de Piano (Brasil) e a PIANALE International Academy & Competition (Alemanha). Já atuou com orquestras como a Sinfônica da RTVE (Espanha), as Filarmônica de Minas Gerais e de Beiras e as Sinfônicas de Campinas e de Porto Alegre, além da própria Osesp. Foi bolsista da Fundação Magda Tagliaferro. Pelo selo KNS Classical, lançou em 2017 seu primeiro álbum, com patrocínio da Sociedade Cultura Artística.


PROGRAMA

TEMPORADA OSESP: RECITAL COM EMMANUELE BALDINI, MARINA MARTINS E LUCAS THOMAZINHO
EMMANUELE BALDINI violino
MARINA MARTINS 
violoncelo
LUCAS THOMAZINHO 
piano
Claude DEBUSSY
Sonata para Violino e Piano
Sonata para Violoncelo e Piano

Sergei RACHMANINOV | Trio Elegíaco nº 2 em Ré Menor, Op. 9

SERVIÇO
12 de setembro, terça-feira, às 20h30 – Concerto com audiodescrição
Endereço: Sala São Paulo | Praça Júlio Prestes, 16, Campos Elíseos
Taxa de ocupação limite: 1.484 lugares
Recomendação etária: 7 anos
Ingressos: Entre R$ 39,60 e R$ 143,00 (preços inteiros*)
Bilheteria (INTI): Neste link
(11) 3777-9721, de segunda a sexta, das 12h às 18h.
Cartões de crédito: Visa, Mastercard, American Express e Diners.
Estacionamento: R$ 28,00 (noturno e sábado à tarde) e R$ 16,00 (sábado e domingo de manhã) | 600 vagas; 20 para portadores de necessidades especiais; 33 para idosos.
.
* Estudantes, pessoas acima dos 60 anos, jovens pertencentes a famílias de baixa renda com idade de 15 a 29 anos, pessoas com deficiências e um acompanhante e servidores da educação (servidores do quadro de apoio – funcionários da secretaria e operacionais – e especialistas da Educação – coordenadores pedagógicos, diretores e supervisores – da rede pública, estadual e municipal) têm desconto de 50% nos ingressos para os concertos da Temporada Osesp na Sala São Paulo, mediante comprovação.
.
A Osesp e a Sala São Paulo são equipamentos do Governo do Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerenciadas pela Fundação Osesp, Organização Social da Cultura.
.
>> Imagem de capa: Emmanuele Baldini, por Fernando Ruz – Marina Martins, por Marco Costa – Lucas Thomazinho, por Deny Naka e Sala São Paulo, por Mariana Garcia







Literatura - Artes e fotografia - Educação - Cultura e sociedade - Saúde e bem-estar