quarta-feira, maio 7, 2025

Documentário ‘Não Sou Nada’, do cineasta português Edgar Pêra estreia no Brasil

Em “Não Sou Nada”, o cineasta português Edgar Pêra desafia o cinema convencional em uma obra experimental que dialoga com Fernando Pessoa. Estreia dia 15 de maio no Brasil, no circuito do Rio de Janeiro, São Paulo, Goiânia, Salvador

Produzido por Rodrigo Areias, da produtora Bando à Parte (Portugal), o filme Não Sou Nada (2023), do cineasta português Edgar Pêra, estreia no Brasil via Fênix Filmes, no dia 15 de maio 2025. Realizador conhecido por sua filmografia iconoclasta e vanguardista, construiu um ensaio audiovisual hipnótico e desconcertante, inspirado no poema homônimo de Álvaro de Campos , um dos heterônimos mais turbulentos de Fernando Pessoa. Mais do que uma adaptação, o filme é uma experiência sensorial que dissolve as fronteiras entre cinema, poesia e música, mergulhando o espectador em um turbilhão de imagens, filhos e reflexões sobre identidade, memória e a própria natureza da arte.

revistaprosaversoearte.com - Documentário 'Não Sou Nada', do cineasta português Edgar Pêra estreia no Brasil.
Ficha técnica
Direção: Edgar Pêra | Roteiro: Edgar Pêra, Luísa Costa Gomes | Fotografia: Jorge Quintela | Montagem: Cláudio Vasques | Som: Pedro Marinho | Design de Produção: Ricardo Preto | Música: Jorge Prendas | Trilha Sonora: O Lendário Tigernam | Elenco: Miguel Borges, Victoria Guerra, Albano Jerónimo, Vitor Correia, Marco Paiva, António Durães, Paulo Pires | Produtor: Rodrigo Areias | Produzido por: Bando à Parte | Classificação Indicativa: 16

Sinopse
Se uma pessoa contém em suas imensas latitudes, o poeta que todos conhecemos conteve muito mais. No thriller umbilical de Edgar Pêra, Pessoa (Miguel Borges) alberga na mente todo um “Clube do Nada”, povoado por heterónimos que codificam as suas especificidades e lhe enriquecem a voz lírica pela experiência múltipla. A ameaça de uma psique estilhaçada é permanente, mais ainda com a chegada de uma mulher bem diferente da Ofélia (Victoria Guerra) que mora no real, e com o “convalescente do momento” Álvaro de Campos (Albano Jerónimo) a querer ocupar à força o “rés-do-chão do pensamento”. A trilha sonora é assinada por The Legendary Tigernam, nome artístico de Paulo Furtado, que também participa no filme como ator.

“Não Sou Nada”: Um Thriller Psicológico no Universo de Fernando Pessoa
O filme é uma obra audaciosa que reinventa o gênero biográfico ao transformar a vida e os heterônimos de Fernando Pessoa em um thriller psicológico surrealista. Estrelado por Albano Jerônimo, Victoria Guerra e Miguel Borges*, o longa estreou em janeiro de 2023, no Festival de Cinema de Roterdão, nos Países Baixos, chamando a atenção por sua abordagem inovadora.
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A história se passa em uma redação onde Pessoa e seus heterônimos — todos vestidos de forma idênticas (terno preto, chapéu e bigode) — trabalham na 23ª edição da revista “Orpheu”. No entanto, o ambiente aparentemente normal se transforma quando Ofélia (interpretada por Victoria Guerra), a única paixão conhecida do poeta, surge em cena. Sua presença desencadeia uma série de eventos misteriosos, incluindo assassinatos, em um clima que remete ao ‘noir clássico’, mas com toques de surrealismo e tensão psicológica.
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O filme opera em dois planos interligados: o mundo da redação (o “Clube do Nada”) e um hospício, indicando que tudo pode ser uma projeção da mente perturbada de Pessoa. A narrativa não segue uma lógica convencional, convidando o espectador a mergulhar no caos criativo e existencial do poeta.

Edgar Pêra elaborou o roteiro quase elaborado com versos de Fernando Pessoa, incluindo passagens em inglês — língua que o poeta, criado na África do Sul, também dominava. Os heterônimos, como Álvaro de Campos (interpretado por Albano Jerônimo), ganham vida própria, disputando espaço e autoridade em cena.
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“Não Sou Nada” é o projeto mais ambicioso de Edgar Pêra, fugindo completamente das biografias tradicionais. Mais do que contar a vida de Pessoa, o filme reproduz seu universo mental — caótico, poético e cheio de camadas. Para quem busca cinema experimental, literatura e uma viagem sensorial pela mente de um dos maiores escritores portugueses, esta é uma obra que precisa ser sentida, não apenas assistida.

Um Filme-Catástrofe, Um Retrato do Vazio
Pêra não conta uma história: ele desmonta-a. Através de uma montagem fragmentada, que mescla filme Super 8, vídeo digital e arquivos deteriorados, Não Sou Nada evoca um mundo em ruínas — tanto físico quanto psicológico. A Lisboa que vemos não é uma cidade turística, mas um labirinto de sombras, fábricas abandonadas e rostos apagados, como se o cineasta estivesse a escavar os escombros de uma civilização esquecida.

Edgar Pêra: O Alquimista do Cinema Português
Edgar Henrique Clemente Pêra (Lisboa, 1960) é um dos cineastas mais inventivos de Portugal, frequentemente descrito como um ‘anarquista da imagem’ ou “o punk do cinema lusitano”. Com uma carreira que atravessa quatro décadas, Pêra construiu uma filmografia que desafia classificações, misturando vanguarda, pop, literatura e uma obsessão pela materialidade do cinema. Formação e Influências – Estudou na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa e no Royal College of Art (Londres). Influências díspares: do cinema experimental (Stan Brakhage) ao punk rock, passando por Fernando Pessoa e a literatura beatnik.

Obras Cinematográficas – Edgar Pêra
Longas
KINORAMA – Além dos Muros do Real (2021)
Caminhos Magnéticos (2018)
O Espectador Espantado (2016)
Lisboa Revisitada (2014)
Cinesapiens (segmento de filme 3x3D com Jean-Luc Godard e Peter Greenaway) 2013
O Barão (2011)
A Janela (Don Juan Mix) (2001)
Manual de Evasão LX 94 (1994)
Curtas
Quem é o mestre que faz a grama verde? (1996)
A Cidade de Cassiano (1991)


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