Casa Guilherme de Almeida realiza o Transfusão, encontro sobre tradução que promove trocas de experiências com comunidades indígenas e quilombolas
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Em 2023, o evento traz os conceitos de “céu” e “terra”, destacando como esses espaços são representados na literatura, música e artes visuais
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Entre os dias 13 e 19 de setembro ocorre o 12º Transfusão – Encontro sobre tradução e outros trânsitos: “céu e terra”, realizado pelo museu Casa Guilherme de Almeida e que reunirá artistas, lideranças indígenas e quilombolas, professores, tradutores e pesquisadores, para conversas e trocas de experiências sobre em que medida os discursos da arte, da ciência e da religião se aproximam e se distanciam.

Organizado por Simone Homem de Mello, tradutora literária, escritora e coordenadora do Centro de Pesquisa e Referência Casa Guilherme de Almeida, a 12ª edição do Transfusão se orienta pelo tema “Céu e Terra” durante uma semana, para abordar a representação desses espaços em diferentes linguagens artísticas como na literatura, música e artes visuais. Neste ano, o evento conta com a colaboração da Fernanda Lé de Oliveira, coordenadora operacional do museu Casa Guilherme de Almeida, e do coletivo Tenonderã Ayvu.
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Desde 2011, o Transfusão possibilita um intercâmbio entre autores e tradutores brasileiros, como também aproxima a tradução de diferentes públicos, indo além dos espaços acadêmicos. Nos últimos anos, o evento vem trazendo debates de assuntos de impacto social e abrindo um canal para as narrativas dos povos originários e culturas afrodiaspóricas.

Para participar das mesas-redondas é necessário se inscrever pelo site da instituição: clique aqui para a agenda presencial; e neste link para as atividades virtuais. A programação on-line contará com acessibilidade em Libras. O museu Casa Guilherme de Almeida, localizado no Sumaré, bairro da zona oeste de São Paulo, pertence à Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, e conta com a gestão da Poiesis.

Veja a programação completa do XII Transfusão:
Grátis
Encontros presenciais
16, 17 e 19 de setembro
Inscrições abertas até 15/9: aqui
50 vagas para cada atividade
Local: Museu Casa Guilherme de Almeida – Rua Macapá, 187 – Sumaré, São Paulo – SP.
Com exceção da atividade “Abstração e Materialidade”, que vai acontecer no Anexo do museu, na Rua Cardoso de Almeida,1943.

16/9, sábado:
10h
CÉUS DIVERSOS
Com Priscila Faulhaber e Walmir Thomazi Cardoso
A conversa apresenta o céu em diferentes perspectivas culturais por meio das metáforas literárias, da ciência astronômica do Ocidente e das interpretações feitas pelos Tikuna e Tukano, povos indígenas da região do Amazonas. Após a conversa, Priscila Faulhaber, antropóloga e pesquisadora titular no Museu de Astronomia e Ciências Afins, autografa o recente livro que escreveu, Antropólogos em campo: Curt Nimuendajú, traduções americanas e etnografia Tikuna (FAPERJ, 2023).
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A atividade ainda conta com Walmir Thomazi Cardoso, historiador da Ciência e professor da Pós-graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia da UFRJ.

14h
ENTRE CÉU E TERRA
Com o coletivo Tenonderã Ayvu (Eduardo Duwe e Roberto Wera Veríssimo), Geraldo Karaí Moreira e Flávio Capi (do coletivo XiloCeasa)
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Esta apresentação traz a visão dos corpos celestes pelo olhar dos Guarani Mbya, etnia indígena espalhada por algumas regiões do Brasil, como a sudeste e sul, e Argentina, Paraguai e Uruguai. Além dessa parte, o público presente poderá conferir a contação de história sobre os irmãos Kuaray (Sol) e Jaxy (Lua), a astronomia Guarani e a impressão de gravuras relacionadas à visão do céu praticada por esse povo.
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A conversa conta com Eduardo Duwe, autor de documentários, ensaios, vídeos experimentais e instalações audiovisuais; Roberto Wera Veríssimo liderança Guarani Mbya e coordenador do coletivo Tenonderã Ayvu; Geraldo Karaí Moreira, líder espiritual Guarani Mbya; e Flávio Capi, artista plástico, arte-educador e integrante do coletivo XiloCeasa.

16h
TERRITÓRIO EM TRÂNSITO
Com Manoel Lima, Márcia Poty Vidal e Maria Inês Ladeira
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Aqui, a relação dos Guarani com a terra e suas vivências pelos territórios que habitam e nos quais se deslocam há séculos – Paraguai, Argentina, Uruguai e regiões sul e sudeste do Brasil – é descrita por lideranças residentes em aldeias de São Paulo. O ponto de vista da pesquisa etnológica também será abordado.
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Nesta mesa-redonda participam Márcia Poty Vidal, Guarani Mbya que nasceu e vive na Terra Indígena Tenondé Porã, localizada em Barragem, bairro do extremo sul de São Paulo; Maria Inês Ladeira, antropóloga com doutorado em Geografia Humana pela USP; e Manoel Lima, liderança Guarani Mbya, nascido na aldeia de Pinhal (PR) e foi cacique da aldeia do bairro Barragem, onde ainda reside.

17/9, domingo:
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14h
SONS DO CÉU E DA TERRA
Com Edson Nunes
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Por ocasião do lançamento de Os cânticos que alegram os anjos – Mborai nhe’e vy’aa (2.ed. 2023) e Sobre animais – Mymba regua (2023), Edson Nunes, organizador e tradutor das obras, fala sobre a relação dos Guarani Mbya com a palavra dirigida ao céu e à terra. Nunes é da aldeia Sapukai, em Angra dos Reis (RJ), vive atualmente em Cananéia (SP), e também é escritor e desenhista.
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16h
ENTRE TERRA E CÉU
Com Walmir Damasceno dos Santos
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Neste momento, o destaque será para as singularidades do trânsito entre céu e terra no candomblé banto, também conhecido como candomblé de Congo-Angola. Além disso, uma reflexão sobre as diferenças quando comparadas à dualidade entre mundo celeste e mundo terreno, típica da tradição judaico-cristã.
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Walmir Damasceno dos Santos é jornalista, coordenador do Instituto Latino-Americano de Tradições Bantu e Taata Nkisi Katuvanjesi (líder) da Comunidade Tradicional de Terreiro de Candomblé Centro Africana Inzo Tumbansi – Kongo Angola.

19/9, terça-feira:
18h às 21h
ABSTRAÇÃO E MATERIALIDADE
Com Betty Fuks e Lucia Santaella
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Esta conversa traz o lugar instável da linguagem a partir da tradução e da semiótica, refletindo sobre aspectos como a vocação para o exílio, a exploração da linguagem verbal e da escritura infinita. A atividade contará com a presença da Betty Fuks, psicanalista, editora da revista Trivium e escritora de livros dedicados à psicanálise; e da Lucia Santaella, professora de programas da Pós-Graduação da PUC-SP e uma das principais pensadoras de comunicação, mídia e semiótica no Brasil.
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As pessoas participantes ainda poderão aproveitar o debate que será relacionado à obra Les Êtres Lettres (Os seres letras), da Betty Leirner, poeta e artista suíço-brasileira, que estará presente neste encerramento do 12º Transfusão.

Agenda virtual
13 a 15 de setembro, das 19h às 21h
Inscrições abertas até 12/09: aqui
350 vagas
Plataforma: Zoom
Será disponibilizada tradução em Libras

13/9, quarta-feira
19h às 21h
A CÉU FECHADO: A TERRA SOB A TERRA
Com Adriano Sampaio e Alessandro Luís Lopes de Lima
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O objetivo é mostrar espaços naturais e culturais subterrâneos de São Paulo, mostrando um mapa fluvial e as nascentes da cidade, além de vestígios de refúgios de pessoas escravizadas em antigos quilombos.
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Adriano Sampaio, permacultor e ativista pela água, fazendo intervenções em nascentes urbanas e na aldeia Itakupe, localizada na TI Jaraguá, dos Guarani Mbya que vivem nessa região de São Paulo, e Alessandro Luís Lopes de Lima, arqueólogo, cientista social e doutorando do Museu Nacional/UFRJ, são os convidados.

14/9, quinta-feira
19h
TERRITÓRIO ENTRE TERRAS
Com Anacleta Pires da Silva e Dayanne da Silva Santos
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A conversa com Anacleta Pires da Silva e Dayanne da Silva Santos, autoras negras que escreveram o livro Terra de Encantados, obra que investiga a luta pela permanência no Território Quilombola Santa Rosa dos Pretos, no Maranhão, abordará a relação ancestral com a terra por parte das comunidades quilombolas. A resistência na defesa do meio ambiente, as práticas agrícolas, a cosmovisão e as expressões culturais de comunidades como essa serão abordadas neste encontro.
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Anacleta Pires da Silva é quilombola, educadora, defensora dos direitos humanos, lavradora, coureira, poeta, compositora, instrumentista e cantora nascida e criada no Território Quilombola de Santa Rosa dos Pretos (MA). E Dayanne da Silva Santos é mãe, educadora popular, socióloga, de terreiro e coordenadora do Coletivo Encontros Marginais.

15/9, sexta-feira
19h
CÉU E TERRA POR ESCRITO
Com Berthold Zilly e Maurício Santana Dias
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Berthold Zilly e Maurício Santana Dias, tradutores da Divina comédia, de Dante Alighieri, Os sertões, de Euclides da Cunha, e de Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, falam sobre a representação literária de céu e terra em obras da literatura ocidental, principalmente da literatura brasileira.
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Berthold Zilly traduziu para o alemão autores como Machado de Assis, Lima Barreto, Euclides da Cunha e Raduan Nassar. Atualmente dedica-se à tradução do romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.
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Já o Maurício Santana Dias é crítico literário e professor de Literatura Italiana na Faculdade de Letras da USP. Entre os autores que traduziu do italiano para o português estão Dante Alighieri e Maquiavel.

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Programação gratuita
Tel.: (11) 3672-1391 | 3868-4128
Agende sua visita e confira as medidas de segurança para se proteger da Covid-19 pelo site do museu.
Algumas atividades continuam on-line e com programação pelos sites do museu ou +Cultura
Acessibilidade: rampa de acesso, elevador, piso podotátil e banheiro adaptado; videoguia em Libras e réplicas táteis.

SOBRE A CASA GUILHERME DE ALMEIDA
Inaugurada em 1979, a Casa Guilherme de Almeida, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, e gerenciada pela Poiesis, está instalada na residência onde viveu o poeta, tradutor, jornalista e advogado paulista Guilherme de Almeida (1890-1969), um dos mentores do movimento modernista brasileiro. Seu acervo é constituído por uma significativa coleção de obras, gravuras, desenhos, esculturas, pinturas, em grande parte oferecidas ao poeta pelos principais artistas do modernismo brasileiro, como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Emiliano Di Cavalcanti, Lasar Segall e Victor Brecheret. Hoje, o museu oferece uma série de atividades gratuitas relacionadas a todas as áreas de atuação de Guilherme de Almeida, da literatura traduzida ao cinema, passando pelo jornalismo e pelo teatro. Trata-se da primeira instituição não acadêmica a manter um Centro de Estudos de Tradução Literária no país.

SOBRE A POIESIS
A Poiesis – Organização Social de Cultura desenvolve e gere programas e projetos, além de pesquisas e espaços culturais, museológicos e educacionais, voltados para a formação complementar de estudantes e do público em geral. A instituição trabalha com o propósito de propiciar espaços de acesso democrático ao conhecimento, de estímulo à criação artística e intelectual e de difusão da língua e da literatura.







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