Juliana Amaral acaba de completar 50 anos de vida, 30 deles dedicados às artes, em especial, à canção. Seu percurso artístico e profissional se destaca por um trabalho de refinado acabamento técnico, visual, cênico e musical. Seus projetos são estruturados de maneira que seus elementos — arranjos, sonoridade, roteiro, cenário, figurinos, iluminação, movimentação cênica, produção, materiais gráficos — dialoguem, formando um amálgama único.
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Quinto disco solo de Juliana Amaral, Cartas de Marear é o primeiro com repertório formado somente por canções autorais inéditas. Realizado quase inteiramente por mulheres (incluindo equipe técnica), Juliana divide com 8 artistas a composição, os arranjos, a execução e a produção das 12 faixas, num processo de criação compartilhado.

encontro e potência
Cartas de Marear investe no diálogo profundo e livre entre mulheres vindas de lugares diversos de São Paulo, que trazem em seus corpos e vozes diferentes memórias, histórias e afetos. Artistas mulheres que, em seus trabalhos, têm na palavra-canção seu fundamento e seu desconforto, desenvolvidos de diferentes maneiras: na relação profunda e transcendente com a música; na construção de um discurso cênico e musical a partir de um corpo à disposição; na busca por uma gestualidade significativa nos limites da música; no entendimento do fazer artístico como um ato político fundamental para a constituição e manutenção do capital simbólico de nossa coletividade.
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A reunião delas neste projeto, de modo livre e colaborativo, traça um panorama poético e musical que pode iluminar a importante reflexão sobre como é possível resistir/reexistir, individual e coletivamente, num mundo ameaçado não só pela falência da democracia, mas também da própria humanidade.

ponto de partida
Desde abril de 2019, Juliana Amaral publica em suas redes sociais uma série de textos e autorretratos chamada Cartografia ou um corpo que res/existe: um registro poético sobre o tempo impresso em seu corpo, as memórias, dores e desejos que ele contém, e a necessidade de decolonizá-lo, redimensionando seu gesto como forma de resistência artística e política.
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Os textos são parte da pesquisa artística de Juliana, que investiga, musical e tecnicamente, possibilidades e percursos vocais no enfrentamento com condicionantes históricas, políticas e sociais; a gestualidade que resulta deste embate e encruzamento; e quais os novos caminhos que se abrem para sua composição e sua performance vocal e cênica.
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Os textos das Cartografias são o repositório poético inicial para a composição do repertório do álbum Cartas de Marear.

processo de composição
Tendo os textos como ponto de partida, os procedimentos composicionais foram variados, sempre calcados no diálogo entre as artistas convidadas e Juliana. Há canções que foram feitas diretamente sobre os textos em prosa, com pequenos ajustes de prosódia. Em outras, as artistas verteram o texto original em poema de versos livres, para então compor a melodia/harmonia. Há faixas que combinam palavras ou versos cantados sobrepostos à leitura de trechos em prosa, em estrutura polifônica e/ou contrapontística feita com vozes e instrumentos. Outras ainda se inspiraram em alguma das Cartografias para compor um poema próprio, que então foi cancionado. Nas canções em que fez letra e música, Juliana Amaral investiu na improvisação corpo-vocal sobre os textos para compor e arranjar as canções.
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direção musical
A direção musical do álbum é de Juliana Amaral. Os arranjos foram propostos por cada compositora, contando com as instrumentistas envolvidas no projeto. Cada faixa absorveu e se ajustou às características do trabalho das diferentes artistas — instrumentos, performance e linguagem — promovendo um diálogo afetuoso e poético entre elas.
gravação e lançamento
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As gravações têm engenharia de som de Florencia Saravia-Akamine, responsável também pela mixagem e masterização do álbum. A produção fonográfica e o lançamento dos singles e do álbum é do Selo Circus.

direção de arte, desenho gráfico
O Estúdio Risco — coletivo de arquitetura e design que Juliana Amaral integra como artista gráfica ao lado de Humberto Pio (arquiteto e cenógrafo) e Marcelo Dacosta (arquiteto e fotógrafo) — é responsável pela identidade visual do projeto e pela cenografia dos espetáculos. Ao longo do processo de criação do disco, o coletivo costurou manualmente um parangolé de 5m de diâmetro em forma de rosa dos ventos, para compor o figurino-cenário do espetáculo, que Juliana irá vestir e manipular nos shows. As fotos de capa e divulgação foram feitas em uma laje, com a mesma rosa dos ventos riscada no chão, ponto firmado.
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Este projeto foi contemplado pela 6ª edição do Edital de Apoio à Música da Cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura.

revistaprosaversoearte.com - 'Cartas de marear' álbum de Juliana Amaral
Capa do álbum ‘Cartas de Marear’ • Juliana Amaral • Selo Circus Produções / distribuição Tratore • 2024

DISCO ‘CARTAS DE MAREAR’ • Juliana Amaral • Selo Circus Produções / distribuição Tratore • 2024
Canções/ compositores
1. Dançar nunca foi opção (Talita del Collado e Juliana Amaral)
2. Palavras justas (Lua Bernardo e Juliana Amaral)
3. Ponto encruza (Larissa Oliveira e Juliana Amaral)
4. Mapa-movimento (Erica Navarro e Juliana Amaral)
5. Súbito (Erica Navarro e Juliana Amaral)
6. Cartografia 22 (Juliana Amaral)
7. Trabalho (Juliana Amaral)
8. Corpo continente (Thaís Nicodemo e Juliana Amaral)
9. Meu corpo é feito de água (Erica Navarro e Juliana Amaral)
10. Lâmina (Juliana Amaral)
11. Meu corpo não esquece (Juliana Amaral)
12. Ritos de passagem (Martinha Soares, Naloana Lima, Naruna Costa e Juliana Amaral)
– ficha técnica –
Juliana Amaral (voz – fx. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10; vozes – fx. 11, 12) | Erica Navarro (violoncelo – fx. 1, 6, 12; violoncelos – fx. 4, 5, 8, 9; rabecão – fx. 1; sansula – fx. 9; taças – fx. 9; violão – fx. 10) | Larissa Oliveira (flugelhorn – fx. 3) | Lua Bernardo (contrabaixo acústico – fx. 2, 3; flautas – fx. 2) | Talita del Collado (samplers – fx. 1; vaso – fx. 1; violão – fx. 1; percussões – fx. 2, 12) | Thais Nicodemo (piano – fx. 3, 4, 5, 6, 8, 9; piano preparado – fx. 7, 9; taças – fx. 9) |Clarianas: Naruna Costa, Naloana Lima e Martinha Soares (vozes fx. 2, 12) | Direção artística, arregimentação e direção musical: Juliana Amaral | Arranjos: Talita del Collado (fx. 1) | Lua Bernardo (fx. 2) | Coletivo (fx. 3, 10) | Erica Navarro (fx. 4, 5) | Juliana Amaral (fx. 6, 7, 11) | Thais Nicodemo (fx. 8) | Erica Navarro e Thais Nicodemo (fx. 9) | Produção: Talita del Collado (fx. 1) | Lua Bernardo (fx. 2) | Direção técnica, gravação, mixagem e masterização: Florencia Saravia-Akamine | Gravado Associação Cultural Cachuera!, por Florencia Saravia-Akamine, assistentes Bruno dos Reis e Julia Möller, de 15 de novembro de 2023 e 29 de janeiro de 2024 | Gravado Flap Studios, por Florencia Saravia-Akamine, assistente Fernando Lauletta, de 13 de novembro de 2023, 22 de janeiro de 2024, 5, 7, 20 e 21 de fevereiro de 2024  | Foto de capa: Marcelo Dacosta | Direção de arte: Humberto Pio (Estúdio Risco) | Projeto gráfico: Estúdio Risco || Uma realização da CIRCUS produções culturais fonográficas – Direção de produção: Guto Ruocco | Gerente Selo Circus: Khadija Alves | Produção executiva: Lucas de Avelar || Assessoria de imprensa: Rogério Cavalcante / Circus Produções | Selo: Circus Produções Culturais e Fonográficas | Distribuição digital: Tratore | Formato: CD / Digital e físico | Ano: 2024 | Lançamento: 27 de março  | ♪Ouça o álbum: clique aqui.
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** Este projeto foi contemplado pela 6ª edição do Edital de Apoio à Música da Cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura.
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>> Siga: @julianamaral@circusproducoesoficial
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Série: Discografia da Música Brasileira / MPB / Canção / Álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske
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