Lançado nas plataformas digitais pela Mills Records, em 2021, o álbum autoral CANCIÓN NECESARIA — da intérprete e autora argentina Cecilia Stanzione junto ao instrumentista e compositor brasileiro Mário Sève — tem arte gráfica de Elifas Andreato e conta com as participações de Ney Matogrosso e do lendário bandoneonista portenho Walter Ríos.
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A música da dupla foi revelada no CD físico CANCIÓN NECESARIA, eleito no sul do país entre os 10 melhores álbuns de 2011. Em 2017, o registro em vídeo das gravações do CD foi lançado no DVD SAMBA ERRANTE, produzido pela Cineviola. O CD e DVD foram distribuídos pelo selo Núcleo Contemporâneo (SP).
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A partir de 2009, a cantora de Buenos Aires e o saxofonista e flautista carioca mergulharam em uma fértil parceria, mesclando diversos gêneros brasileiros e sul-americanos — sambas, tangos, choros, milongas, modinhas, zambas e chamamés.
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O repertório da dupla estreou em 2011 no ciclo “MP, A e B — Argentina e Brasil”, realizado no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro. Idealizada e dirigida por Cecilia e Mario, a série integrou ainda diversos outros artistas dos dois países, como Aca Seca, Carlos Aguirre, Walter Rios y Oscar Giunta, Hernan Rios, Sérgio Santos, Benjamim Taubkin e Cristovão Bastos. Cecilia e Mário tem circulado por outras cidades da América do Sul — como Lima, Belo Horizonte, São Paulo, Santos, Porto Alegre e Fortaleza — e sua música vem sendo repercutida também na imprensa de diferentes cantos do país. Em abril de 2022, uma nova versão do espetáculo CANCIÓN NECESARIA foi apresentada nas redes, em Concerto Virtual premiado pelo Programa Ibermúsicas.
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Cecilia Stanzione integrou como primeira voz o grupo de Chango Farías Gómez “La Manija”, entre os anos 1997 e 2003, apresentando-se no “Buenos Aires en Porto Alegre”, “Tocar la vida” e “Encuentro de brujos” com Peteco Carabajal. Posteriormente começou seu projeto como solista, resultando no CD “Cada Silencio” (Imaginary South/2006), que inclui temas de sua autoría, e arranjos do aclamado músico uruguaio Daniel Maza. Em julho de 2011, apresentou-se junto a Elomar Figueira Melo no espetaculo “Aires del Tango”. Foi intérprete dos temas principais dos filmes “Apasionados” de Juan José Jusid, “Hermanas” de Julia Solomonoff e “No debes estar aquí”, coprodução espanhola de Jacobo Rispa. Foi dubladora, autora e compositora em filmes do legendario Manuel García Ferré. Realizou direção vocal dos musicais “Pingo argentino” con Enrique Pinti e “Cabaret”, em Buenos Aires. Foi preparadora vocal da versao 2009 do programa de sucesso da TV argentina, ‘Operacion Triunfo’, do canal TELEFE. Apresentou-se em dois concertos com o violonista argentino Matias Arriazu no Festival Internacional de Tango no CCBB-RJ/2013. Escreveu os livros infantis “El Viaje de Riku y Otros Viajes” (Ed. Dunken/2015) e “Fondo Azul” (Ed. Dunken/2016) com participação nas Bienais de Frankfurt, Rio de Janeiro e Buenos Aires. É autora de letras para canções de Joyce Moreno, Helio Delmiro, Moacyr Luz e Cristovão Bastos, além de Mário Sève.
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Mário Sève é integrante do Nó em Pingo D´Água, Aquarela Carioca e do grupo de Paulinho da Viola. É mestre e doutor em música, com diversos livros e artigos publicados. Foi diretor artístico do Centro de Referência da Música Carioca. É autor dos livros “Vocabulário do Choro” (Lumiar / 1999), “Songbook do choro”, volumes 1, 2 e 3 (Ed. Irmãos Vitale / 2011) e “Choro Duetos – Pixinguinha e Benedito Lacerda’, volumes 1 e 2 (Ed. Irmãos Vitale / 2010 e 2011). Idealizou e dirigiu as séries “Encontros Virtuais” (2015) e “A Paixão Segundo Catulo” (2016) para os CCBBs do Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. Gravou os CDs “Bach & Pixinguinha” (N. Contemporâneo / 2001), com Marcelo Fagerlande, “Choros, por que sax?” (B. Fino / 2004), com Daniela Spielmann, “Pixinguinha + Benedito” (N. Contemporâneo / 2005), com David Ganc, “Casa de todo mundo” (N. Contemporâneo / 2007), Mário Sève (Kuarup / 2019) e Ouvindo Paulinho da Viola (Kuarup / 2022). Tocou e gravou também com Ivan Lins, Ney Matogrosso, Macalé, Alceu Valença, Leila Pinheiro, Moraes Moreira entre outros.

“É um disco raro, histórico mesmo. A cantora argentina Cecilia Stanzione e o compositor e instrumentista carioca Mário Sève são protagonistas de uma história fantástica e um disco raro. Canción Necesaria é o título do álbum que acaba de sair no Brasil. Melodias dele, letras dela em espanhol, ritmos das culturas de ambos, tudo com um quase misterioso sentido único, integração perfeita sublinhada pela emoção à flor da pele. Coisas de arrepiar”. (Juarez Fonseca, Aldeia, ABC, RS, que elegeu o CD entre os 10 melhores de 2011).
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“É animador ver aumentar as parcerias com países latino-americanos. Quem mais ganha são os brasileiros, que ainda interagem pouco com a rica diversidade musical do continente… O 1º álbum da dupla, produzido por Sève, reúne belas composições de sua autoria, letradas em espanhol pela intérprete”. (Carlos Callado, Folha de São Paulo).
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“A cantora e o instrumentista promovem um diálogo entre as tradições brasileira e argentina, com elegância e sem abrir do calor”. (Leonardo Lichote, O Globo, RJ).
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“Esse encontro entre Brasil e Argentina foi das coisas mais bonitas da música nos últimos tempos. O CD inteiro é uma beleza.” (Luiz Antonio Simas, escritor e pesquisador)
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“(…) un album senza pecche, firmato a quattro mani da cima a fondo e declinato preva-lentemente in spagnolo. “Canción necesaria” è un affascinante itinerario in undici tappe dal Rio de la Plata alla Baia de Guanabara. Oltre al resto, Cecilia Stanzione e Mário Sève sfiorano modinha, milonga, fado e ritmi meticci. La loro empatia artistica, nata sul web tre anni or sono, si è trasformata in una collaborazione complice e inevitabile. Anzi “necessaria”, come dice il titolo di un disco dal valore assoluto e incondizionato”. (Antonio Forni, Musibrasil, Itália).

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revistaprosaversoearte.com - 'Canción Necesaria' - um álbum de Cecilia Stanzione e Mário Sève
Capa do álbum ‘Canción Necesaria’• Cecilia Stanzione & Mário Sève • 2021

DISCO ‘CANCIÓN NECESARIA’ • Cecilia Stanzione & Mário Sève • Mills Records • 2021
Canções / Compositores:
1. Una milonga (Mário Sève e Cecilia Stanzione)
2. Samba errante (Mário Sève e Cecilia Stanzione)
3. Retrato (Mário Sève e Cecilia Stanzione)
4. Justo ahora (Mário Sève e Cecilia Stanzione) | Participação especial: Ney Matogrosso
5. Canción necesaria (Mário Sève e Cecilia Stanzione) | Participação especial: Walter Ríos
6. Nunca te vi (Mário Sève e Cecilia Stanzione)
7. Madrugada sin ella (Mário Sève e Cecilia Stanzione)
8. Onde (Mário Sève e Cecilia Stanzione)
9. Piedra o barrilete (Mário Sève e Cecilia Stanzione)
10. Perfume de violetas (Mário Sève e Cecilia Stanzione)
11. Curumim (Mário Sève)
12. Zamba para sus manos (Mário Sève e Cecilia Stanzione)
13. Roda gigante (Mário Sève e Cecilia Stanzione)
– ficha técnica –
Cecilia Stanzione (voz – fx. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 12, 13; bombo leguero – fx. 11, 12; unhas – fx. 11) | Mário Sève (sax soprano – fx. 1, 4, 5, 6, 7, 9; sax tenor – fx. 3; flauta – fx. 2, 8, 13; flauta em sol – fx. 12; pifes – fx. 11; flautim – fx. 13) | Gabriel Geszti (piano- fx. 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8, 12, 13; acordeão – fx. 1, 4, 10; bandolim – fx. 13) | Rene Rossano (violão de aço – fx. 1, 9, 12; violão – fx. 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 13; baixolão – fx. 1, 4, 5, 7, 8, 12, 13; charango – fx. 12) | Dôdo Ferreira (contrabaixo acústico – fx. 2, 3, 6)
Márcio Almeida “Hulk” (cavaquinho – fx. 7, 8) | Martin Lima (bandoneón – fx. 2) | Lui Coimbra (violoncelo – fx. 1; rabeca – fx. 11, 12) | Celsinho Silva (cajon – fx. 2, 6; pratos – fx. 2, 6; soroban – fx. 2; pandeiro – fx. 7, 8, 13; tamborim- fx. 7; reco-reco- fx. 7; ganzá – fx. 7; atabaques, caxixis e triângulo – fx. 13) | Marcos Esguleba (cuíca – fx. 7) | Coro (fx. 7): Muiza Adnet e Lui Coimbra | Coro (fx. 13): Gabriel Geszti, Rene Rossano, Celsinho Silva e Jeanne Duarte || Participação especial: Ney Matogrosso (voz – fx. 4) / Walter Ríos (bandoneón – fx. 5) || Direção musical: Mário Sève | Arranjos: Mário Sève (fx. 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9); Gabriel Geszti (fx. 1, 10); Rene Rossano (fx. 9, 12) || Gravação: Sergio Lima Netto / Estudio Araras – Araras/RJ // — Oscar Gimenez /Fort Studio – bandoneon de Walter Ríos, em Buenos Aires // — Paulo Brandão / Brand Studio – voz de Ney Matogrosso, no Rio de Janeiro | Mixagem: Sergio Lima Netto / Estudio Araras e Mário Sève / La Casa | Masterização: Carols Mills / Mills Records |Capa/arte: Elifas Andreato | Fotos: Cláudia Elias
Selo: Mills Records
Ano: 2021
Formato: Digital
#* Ouça o álbum no Spotify.
** Edição original
Álbum ‘Canción Necesaria’ • Cecilia Stanzione & Mário Sève • CD • Selo Núcleo Contemporâneo • Catalogo: NC037 • 2011.
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DVD “SAMBA ERRANTE” • Mário Sève & Cecilia Stanzione • 2017
– ficha técnica –
Direção: Jeanne Duarte e Mario de Aratanha
Direção musical: Mário Sève
Capa: Elifas Andreato
Produção: Cineviola
Distribuição: Núcleo Contemporâneo.
Ano: 2017.
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FERREIRA, Mauro. DVD ‘Samba errante’ acerta ao religar os ritmos do Brasil aos da Argentina. In: G1/Globo, 13.2017. Disponível no link. (acessado em 4.5.2023)
FONSECA, Juarez. Trabalho que mescla música brasileira e argentina sai em DVD. In: Zero Hora, 12.2.2017. Disponível no link. (acessado em 4.5.2023).

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A inusitada história ou estória de “Canción Necesaria” 

O texto a seguir é de Angela de Almeida/Verbo Virtual (abril/maio, 2011).
revistaprosaversoearte.com - 'Canción Necesaria' - um álbum de Cecilia Stanzione e Mário Sève Píntame un retrato sin mi rostro
Apenas imagina cómo puedo ser
(…)
Píntame al pie de una montaña
y del otro lado píntate
Ahora borrarás las flores, la montaña y el resplandor
Tan solo quedará tu amor, perdurará
Así me sentiré desde hoy…
(…)
De “Retrato, de Mário Sève e Cecilia Stanzione
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Inexorável como seu título, intenso e singular como sua história, Canción Necesaria, de Cecilia Stanzione e Mário Sève, é um disco que não poderia ter vindo ao mundo antes do alvorecer do século XXI, da massificação da internet e da explosão das redes sociais. Nada menos que onze entre as onze canções do CD foram criadas febril e remotamente pela letrista e cantora argentina e pelo músico, compositor e arranjador brasileiro (ela em Buenos Aires, ele no Rio de Janeiro) através de interfaces de comunicação e relacionamento, como o MySpace, o Skype e o correio eletrônico. Algumas delas, como a canção-título, antes mesmo que um viesse a conhecer de perto o rosto do outro.
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Em meados de 2008, MySpace mantinha ainda sua posição de liderança no ranking das redes sociais mais populares do planeta. Na comunidade musical, reinava ainda absoluto. Era o ponto de encontro de músicos, intérpretes, compositores e aficionados dos quatro cantos do mundo. Campeão de visitações, hoje com 1964 seguidores, Mário Sève disponibilizara em sua página, a íntegra de Casa de Todo Mundo, seu primeiro CD como compositor, lançado no ano anterior. Curiosa, a ponto de ser contemplada pelo site com o emblema correspondente, conferido aos que praticam um número excepcional de visitações, Cecilia Stanzione era uma navegante contumaz, sim, mas que apenas ocasionalmente se detinha com mais vagar nos perfis que visitava. Ao entrar no perfil de Sève, entretanto, algo inesperado e inédito aconteceu: “Quando ouvi a primeira música do disco dele, era como se estivesse ouvindo uma música que há muito tempo eu desejava ouvir”, resume. E, pela primeira vez, se pôs a escutar, uma a uma, todas as faixas armazenadas em uma página do MySpace. Isto feito, Cecilia não pensou duas vezes: disparou o pedido para ser adicionada entre os amigos do autor daquela “canção necessária”.
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Aceito o convite, do outro lado da rede, algo desconcertantemente parecido se passaria o mais novo amigo de Cecilia Stanzione ao fazer sua primeira visita à página da colega: “Quando entrei no perfil dela, eu fiquei realmente assustado. Era uma voz que eu queria ouvir há muito tempo. Uma voz que eu idealizava e que, de repente, se materializou na minha frente.” Dias depois, ainda debaixo do impacto causado pelo registro vocal da intérprete portenha, a melodia do tango que empresta título ao disco surpreendia Mário Sève em plena rua. A partir daí, a troca de correspondências entre os dois começou a se intensificar, em progressão geométrica.
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Ao receber pelo correio o CD Cada Silencio, lançado por Cecilia em 2006, e descobri-la, também, letrista, Sève, que ansiava ter uma canção de sua autoria gravada pela voz que por tanto tempo idealizara, quis fazer com que o tango composto naquela tarde casual chegasse até a sua musa. Ofereceu-se para enviar por e-mail uma gravação. Mas, para a sua surpresa, a musa dispensou a gravação. Em lugar dela, pediu a partitura da canção.
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Deu-se, então, fenômeno semelhante ao que havia ocorrido ao tomarem conhecimento da música um do outro através do MySpace. Recebida a partitura por e-mail, Cecilia Stanzione, que desde o nascimento de sua filha Maia, em 2004, não escrevia uma linha, sentou-se ao piano e, em questão de minutos, tinha pronta a letra de Canción Necesaria.
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Daí pra frente, não pararam mais. E, tal qual a primogênita, boa parte das parcerias brotaria assim, como num jato. “Era uma conexão muito assustadora”, define Sève. “Eu nunca tinha experimentado isso. Era como se as músicas já existissem e eu escrevesse letras que tivessem sido feitas antes de vir à luz”, completa Stanzione.
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Foi assim com Perfume de Violetas. Enviada pelo Skype, a letra não chegou sequer a ser propriamente lida pelo autor da canção; ao tomar os versos nas mãos, o músico carioca começou imediatamente a cantarolar a toada con aire de fado registrada na nona faixa do disco. Foi assim, também, com Retrato, que abre este press release. Composta em sua honra e recebida horas antes, a melodia da valsa brasileira dormiu atracada na cabeça de Cecilia; no meio da noite, ela acordava com a letra feita, de cabo a rabo. A criação de Madrugada sin Ella, único caso em que a letra retrata um ponto de vista masculino, envolve outro episódio digno de nota: “O Mário enviou o samba, me telefonou em seguida e disse uma frase que se encaixava perfeitamente na métrica da primeira frase melódica da música; eu me apropriei da frase e desenvolvi a letra como se fosse ele quem estivesse falando”, conta a letrista.
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Somente no final de 2008, cerca de cinco meses após o primeiro contato pelo MySpace, os autores de Canción Necesaria viriam, enfim, a se conhecer pessoalmente, quando Mário Sève esteve em Buenos Aires para gravar a participação de um bandeonista argentino numa das faixas de Chão Aberto, CD da cantora Carol Saboya integralmente dedicado à sua obra.
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Em dezembro daquele mesmo ano, Mário Sève e Cecilia Stanzione subiriam ao palco juntos pela primeira vez ao lado de ninguém menos que Guinga, no último show da série Raros Encontros, promovida pelo Centro Municipal de Referência da Música Carioca, então sob a direção do próprio Sève.
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Os dois encontros breves nas cidades-sede dos protagonistas da nossa história serviriam para reafirmar a força da conexão artística estabelecida entre eles e corroborar a parceria, que manteria seu caráter remoto até agosto de 2009, quando Cecilia Stanzione mudou-se com armas, filha e bagagens para o Rio de Janeiro.

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Unidade: uma arte necessária
Fruto de meses de uma troca intensa de influências, conhecimentos e gostos musicais entre a argentina Cecilia Stanzione e o brasileiro Mário Sève, Canción Necesaria forma um painel casual e despretensioso da diversidade da música produzida nos países de seus criadores. Do tango à bossa, da milonga à modinha, do chamamé ao choro-canção, da zamba ao samba, são doze os gêneros percorridos nas onze faixas do CD.
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Conferir unidade a uma antologia desta natureza não era uma tarefa fácil. Mas se impunha como uma “arte necessária”, sob pena de o disco virar uma espécie de ‘tango do crioulo doido’.
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Uma das chaves para operar este fino equilíbrio entre unidade e diversidade pode ser creditada, sem sombra de dúvida, à paixão e à entrega com que tanto Sève quanto Stanzione se lançam na música que fazem. “Eu não me considero um compositor de samba, de choro, nem de nenhum tipo de gênero em especial. Mas me vejo fazendo a música do meu coração em cada canção que eu crio”, sintetiza Mário. “E a Cecilia é uma intérprete que canta com a alma, além de ter muita personalidade e pleno domínio vocal.”
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A outra, cuidaram de arranjar: cercar-se de músicos com quem tinham especial afinidade, estavam habituados a trabalhar, e que haviam, inclusive, se juntado a eles em concerto realizado pela dupla em Lima em outubro de 2009.
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A instrumentação básica, presente em quase todas as faixas do disco, tem à frente o brasileiro Gabriel Geszti (piano e acordeão), parceiro constante de Mário; o argentino Rene Rossano (violão, baixolão, charango e bandolim) – hoje radicado no Rio, mas que havia tocado com Cecilia na agrupación de Chango Farias Gomez, tido como o “Piazzolla do folklore argentino”, da qual, por sete anos, ela foi a principal solista –; além, é claro, do próprio Sève (saxes, flautas e flautim). A eles se somaram, em participações mais ou menos pontuais, Lui Coimbra (violoncelo, rabeca e vocal); Celsinho Silva (percussão); Dôdo Ferreira (contrabaixo acústico); Muíza Adnet (vocal); Martin Lima (bandoneon); Márcio Almeida (cavaquinho); e Marcos Esguleba (cuíca).
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Com sete arranjos assinados por Mário Sève, dois por Gabriel Geszti (Uma Milonga e Perfume de Violetas), um por Rene Rossano (Zamba para sus Manos), e um 11º criado coletivamente no ato da gravação (não por acaso, Roda Gigante, que encerra o disco), Canción Necesaria conta ainda com duas participações pra lá de especiais: a de Ney Matogrosso, que honra a ascendência argentina com uma performance arrebatadora, em duo com Cecilia Stanzione, em Justo Ahora, um chamamé, gênero tradicional da terra natal de seu avô (a província de Corrientes, ao Norte da Argentina); e a de Walter Ríos, uma lenda viva do tango argentino que derrama sobre a faixa-título o brilho virtuoso de seu bandoneon.
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Por fim, impossível deixar observar que as sessões de gravação do CD que eterniza o encontro de Cecilia Stanzione e Mario Sève não fugiram à regra que marcou o processo de criação de seu repertório. Exceção feita às participações de Matogrosso e Ríos, registradas no Rio de Janeiro e em Buenos Aires, respectivamente, toda a base de Canción Necesaria foi gravada praticamente de prima em um único e exíguo fim de semana no Estúdio Araras, instalado no município de mesmo nome na região serrana do Rio. Como se técnico, músicos e demais profissionais envolvidos na gravação estivessem diante do inexorável; de algo que precisava ser feito. E que, talvez por isso, mesmo desconhecendo o porquê, sabiam exatamente o quê e como fazer.
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Todo el tiempo me has sabido, me conoces desde siempre,
has guardado en tus entrañas el antídoto a mi muerte.
Qué me importa si no existes, si mi mente te inventó
Esa imagen reveló mi voz.
Da “Canción Necesaria”, de Mário Sève e Cecilia Stanzione.
>> Texto: Angela de Almeida/VERBO VIRTUAL (abril/maio, 2011)

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Leia também: Mário Sève lança álbum com capa de Elifas Andreato dedicado aos 80 anos de Paulinho da Viola..
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:: Mário Sève na rede: Youtube | Instagram | Facebook | Spotify.
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>> Foto (capa da matéria): ©Claudia Elias
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Série: Discografia da Música Brasileira / MPB / Música latino-americana.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske







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