Contra a fama *
Ser famoso não é bonito.
Não nos torna mais criativos.
São dispensáveis os arquivos.
Um manuscrito é só um escrito.

O fim da arte é doar somente.
Não são os louros nem as loas.
Constrange a nós, pobres pessoas,
Estar na boca de toda a gente.

Cumpre viver sem impostura.
Viver até os últimos passos.
Aprender a amar os espaços
E a ouvir o som da voz futura.

Convém deixar brancos à beira
Não do papel, mas do destino,
E nesses vãos deixar inscritos
Capítulos da vida inteira.

Apagar-se no anonimato,
Ocultando nossa passagem
Pela vida, como à paisagem
Oculta a nuvem com recato.

Alguns seguirão, passo a passo,
As pegadas do teu passar,
Porém não deves separar
Teu sucesso de teu fracasso.

Não deves renunciar a um mín-
Imo pedaço do teu ser,
Só estar vivo e permanecer
Vivo, e viver até o fim.

1956
.

Быть знаменитым некрасиво.
Не это подымает ввысь.
Не надо заводить архива,
Над рукописями трястись.

Цель творчества – самоотдача,
А не шумиха, не успех.
Позорно, ничего не знача,
Быть притчей на устах у всех.

Но надо жить без самозванства,
Так жить, чтобы в конце концов
Привлечь к себе любовь пространства,
Услышать будущего зов.

И надо оставлять пробелы
В судьбе, а не среди бумаг,
Места и главы жизни целой
Отчеркивая на полях.

И окунаться в неизвестность,
И прятать в ней свои шаги,
Как прячется в тумане местность,
Когда в ней не видать ни зги.

Другие по живому следу
Пройдут твой путь за пядью пядь,
Но пораженья от победы
Ты сам не должен отличать.

И должен ни единой долькой
Не отступаться от лица,
Но быть живым, живым, и только,
Живым и только – до конца.

1956
– Boris Pasternak (Борис Пастернак), no livro “Poesia da recusa”. [organização e tradução Augusto de Campos]. Coleção signos 42. São Paulo: Editora Perspectiva, 2006.
* O original russo não tem título.

§

O dom da poesia
(Fragmento)

Deixa a palavra escorregar,
Como um jardim o âmbar e a cidra,
Magnânimo e distraído,
Devagar, devagar, devagar.

1917
.

Давай ронять слова,
Как сад – янтарь и цедру,
Рассеянно и щедро,
Едва, едва, едва.

1917
– Boris Pasternak (Борис Пастернак). fragmento “O dom da poesia”. [tradução Augusto de Campos]. em “Poesia Russa Moderna”. [Tradução Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman]. São Paulo: Perspectiva, 2001.

§

Hamlet
O murmúrio cessou. Subo ao tablado.
Apoiado ao umbral da porta,
Procuro distinguir no eco apagado
Os desígnios da minha sorte.
A penumbra da noite me devassa
Por trás de mil binóculos iguais.
Se for possível, Abba, meu pai,
Afasta de mim essa taça.
Amo a Tua obstinada trama
E aceito o papel que me foi dado.
Mas agora representam outro drama.
Ao menos dessa vez, deixa-me de lado.
Mas a ordem das cenas foi prevista
E a estrada chega fatalmente ao fim.
Estou só. Tudo afunda em farisaísmo.
Viver não é passear por um jardim.

1957(?)
.

Гамлет
Гул затих. Я вышел на подмостки.
Прислонясь к дверному косяку,
Я ловлю в далеком отголоске,
Что случится на моем веку.
На меня наставлен сумрак ночи
Тысячью биноклей на оси.
Если только можно, Aвва Oтче,
Чашу эту мимо пронеси.
Я люблю Твой замысел упрямый
И играть согласен эту роль.
Но сейчас идет другая драма,
И на этот раз меня уволь.
Но продуман распорядок действий,
И неотвратим конец пути.
Я один, все тонет в фарисействе.
Жизнь прожить — не поле перейти.

1957(?)
– Boris Pasternak (Борис Пастернак). “Hamlet | Гамлет”. [tradução Augusto de Campos]. em “Poesia Russa Moderna”. [Tradução Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman]. São Paulo: Perspectiva, 2001.

§

Ser famoso não é bonito.
Ser famoso não é bonito.
Não nos torna mais criativos.
São dispensáveis os arquivos.
Um manuscrito é só um escrito.
O fim da arte é doar somente.
Não são os louros nem as loas.
Constrange a nós, pobres pessoas,
Estar na boca de toda a gente.
Cumpre viver sem impostura.
Viver até os últimos passos.
Aprender a amar os espaços
E a ouvir o som da voz futura.
Convém deixar brancos à beira
Não do papel, mas do destino,
E nesses vãos deixar inscritos
Capítulos da vida inteira.
Apagar-se no anonimato,
Ocultando nossa passagem
Pela vida, como à paisagem
Oculta a nuvem com recato.
Alguns seguirão, passo a passo,
As pegadas do teu passar,
Porém não deves separar
Teu sucesso de teu fracasso.
Não deves renunciar a um mín-
Imo pedaço do teu ser,
Só estar vivo e permanecer
Vivo, e viver até o fim.

1956-1960
.

Быть знаменитым некрасиво.
Быть знаменитым некрасиво.
Не это подымает ввысь.
Не надо заводить архива,
Над рукописями трястись.
Цель творчества – самоотдача,
А не шумиха, не успех.
Позорно, ничего не знача,
Быть притчей на устах у всех.
Но надо жить без самозванства,
Так жить, чтобы в конце концов
Привлечь к себе любовь пространства,
Услышать будущего зов.
И надо оставлять пробелы
В судьбе, а не среди бумаг,
Места и главы жизни целой
Отчеркивая на полях.
И окунаться в неизвестность,
И прятать в ней свои шаги,
Как прячется в тумане местность,
Когда в ней не видать ни зги.
Другие по живому следу
Пройдут твой путь за пядью пядь,
Но пораженья от победы
Ты сам не должен отличать.
И должен ни единой долькой
Не отступаться от лица,
Но быть живым, живым, и только,
Живым и только – до конца.

1956-1960
– Boris Pasternak (Борис Пастернак). “Ser famoso não é bonito.| Быть знаменитым некрасиво.” [tradução Augusto de Campos]. em “Poesia Russa Moderna”. [Tradução Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman]. São Paulo: Perspectiva, 2001.

§

Definição de poesia
Um risco maduro de assobio.
O trincar do gelo comprimido.
A noite, a folha sob o granizo.
Rouxinóis num dueto-desafio.
Um doce ervilhal abandonado.
A dor do universo numa fava.
Fígaro: das estantes e flautas –
Geada no canteiro, tombado.
Tudo o que para a noite releva
Nas funduras da casa de banho,
Trazer para o jardim uma estrela
Nas palmas úmidas, tiritando.
Mormaço: como pranchas na água,
Mais raso. Céu de bétulas, turvo.
Se dirá que as estrelas gargalham,
E no entanto o universo está surdo.

1917
.

Определение Поэзии
Это – круто налившийся свист,
Это – щелканье сдавленных льдинок.
Это – ночь, леденящая лист,
Это – двух соловьев поединок.
Это – сладкий заглохший горох,
Это – слезы вселенной в лопатках,
Это – с пультов и с флейт – Figaro
Низвергается градом на грядку.
Всё. что ночи так важно сыскать
На глубоких купаленных доньях,
И звезду донести до садка
На трепещущих мокрых ладонях.
Площе досок в воде – духота.
Небосвод завалился ольхою,
Этим звездам к лицу б хохотать,
Ан вселенная – место глухое.

1917
.– Boris Pasternak (Борис Пастернак). “Definição de poesia | Определение Поэзии”. [tradução Haroldo de Campos]. em “Poesia Russa Moderna”. [Tradução Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman]. São Paulo: Perspectiva, 2001.

§

Poesia
Poesia, minha voz, enrouquece
De juras sobre ti: estertor,
Não pose melíflua de cantor.
Vagão de terceira no verão,
Pareces. Subúrbio e não refrão.
Abafas como Iamskaia*: és maio,
Chevardin**, o reduto noturno,
Onde nuvens exalam seus guais
e se vão, cada qual por seu turno.
E em dobro, pela trama dos trilhos, ––
Arrabaldes não são estribilhos, ––
Se rojam das estações à casa,
Não cantando, formas hebetadas.
Renovos que a chuva põe nos cachos
Até de manhã, num fio contínuo,
Pingam seus acrósticos do alto
Enquanto lançam bolhas de rimas.
Poesia, quando sob a torneira
Um truísmo é um balde de folha
Vazio, mais o jato se despeja.
Eis o branco da página: jorra!

1922
.

Поэзия
Поэзия, я буду клясться
Тобой и кончу, прохрипев:
Ты не осанка сладкогласца,
Ты — лето с местом в третьем классе,
Ты — пригород, а не припев.
Ты — душная, как май, Ямская,
Шевардина ночной редут,
Где тучи стоны испускают
И врозь по роспуске идут.
И в рельсовом витье двояся,—
Предместье, а не перепев,—
Ползут с вокзалов восвояси
Не с песней, а оторопев.
Отростки ливня грязнут в гроздьях
И долго, долго, до зари,
Кропают с кровель свой акростих,
Пуская в рифму пузыри.
Поэзия, когда под краном
Пустой, как цинк ведра, трюизм,
То и тогда струя сохранна,
Тетрадь подставлена,— струись!

1922
.– Boris Pasternak (Борис Пастернак). “Poesia | Про Эти Стихи”. [tradução Haroldo de Campos]. em “Poesia Russa Moderna”. [Tradução Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman]. São Paulo: Perspectiva, 2001.
* Em muitas cidades russas, havia um bairro chamado Iamskaia Sloboda (arrabalde dos cocheiros), geralmente pobre e abafado.

** Chevardinó é o nome da aldeia onde, em 24 de agosto de 1812, teve início a batalha de Borodinó, decisiva para o desfecho da campanha de Napoleão contra a Rússia.

§

A morte do poeta
Não queríamos crer – delírio!
Mas dois, três, todos, incessantes,
O repetiam. Ajustados no trilho
Do instante, estacavam os domicílios
De burocratas e comerciantes.
Áreas e árvores, e no alto sobre os galhos
Corvos no fumo do sol fogo
Ralhavam como esposas-gralhas:
Que não metessem o nariz no pecado
As tolas! Todas ao diabo!
Mas nos rostos, um úmido descomposto
Como nas pregas de uma rede rota.
Um dia inócuo, inócuo, mais inócuo
Que uma dezena de teus dias passados.
No vestíbulo, a turba se coloca
Em fila, premida por um disparo.
Como um jorro de lúcios e de bremas
Achatados, cuspidos das maremas
Pelo estouro de um petardo entre caniços,
Como um suspiro de tiros não-fictícios.
O leito armado sobre a maledicência,
Você dormia, agora plácido, em paz.
Vinte e dois anos, belo, e a pré-ciência
De tudo isto em teu poema quadriparte*.
Você dormia, rosto preso ao travesseiro,
Dormia, a plenas pernas, a plenos tornozelos,
Penetrando de novo, de um só golpe,
No fábulário das legendas jovens.
E penetrando da maneira mais direta
Porque nele você entrava de um salto.
Teu disparo parecia um Etna
Sobre encostas de covardes e de fracos.

1930
.

Смерть поэта
Не верили, считали – бредни,
Но узнавали от двоих,
Троих, от всех. Равнялись в строку
Остановившегося срока
Дома чиновниц и купчих,
Дворы, деревья, и на них
Грачи, в чаду от солнцепека
Разгоряченно на грачих
Кричавшие, чтоб дуры впредь не
Совались в грех, да будь он лих.
Лишь бы на лицах влажный сдвиг,
Как в складках порванного бредня.
Был день, безвредный день, безвредней
Десятка прежних дней твоих.
Толпились, выстроясь в передней,
Как выстрел выстроил бы их.
Как, сплющив, выплеснул из стока б
Лещей и щуку минный вспых
Шутих, заложенных в осоку,
Как вздох пластов нехолостых.
Ты спал, постлав постель на сплетне,
Спал и, оттрепетав, был тих,-
Красивый, двадцатидвухлетний.
Как предсказал твой тетраптих.
Ты спал, прижав к подушке щеку,
Спал,- со всех ног, со всех лодыг
Врезаясь вновь и вновь с наскоку
В разряд преданий молодых.
Ты в них врезался тем заметней,
Что их одним прыжком достиг.
Твой выстрел был подобен Этне
В предгорьи трусов и трусих.

1930
.– Boris Pasternak (Борис Пастернак). “A morte do poeta | Смерть поэта”. [tradução Haroldo de Campos]. em “Poesia Russa Moderna”. [Tradução Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman]. São Paulo: Perspectiva, 2001.
* Alusão ao poema “A Nuvem de Calças”, composto de um prólogo e quatro partes, escrito por Maiakóvski em 1915, quando ele tinha 22 anos.

§

Sobre estes versos
Pelas calçadas trituro
Meio a meio, vidro e sol.
Abro no frio para o sótão,
Dou de ler aos cantos úmidos.
A água-furtada recita
À neve, por esquadrias.
Pula-pulando às cornijas
Penas, cenas, bizarrias.
Varre o fim, cobre o início,
Meses a fio, a nortada.
Me lembro que o sol existe!
E a luz, como está mudada!
Natal – pequenina pega,
E a tardinha dissoluta
Mostrou-me e à minha dileta
Quanta coisa que era oculta.
Cache-nez, rosto escondido,
Grito aos meninos lá fora:
Queridos (pelo postigo)
Que milênio soa agora?
Quem à porta rompe em rumo
Da furna, poeira só,
Enquanto eu com Byron fumo
E viro a taça com Poe?
Darial* me serve de abrigo –
De inferno, arsenal, paiol.
E embebo a vida no vinho.
Lábios. Tremor. Lermontov.

1917
.

Про Эти Стихи
На тротуарах истолку
С стеклом и солнцем пополам,
Зимой открою потолку
И дам читать сырым углам.
Задекламирует чердак
С поклоном рамам и зиме,
К карнизам прянет чехарда
Чудачеств, бедствий и замет.
Буран не месяц будет месть,
Концы, начала заметет.
Внезапно вспомню: солнце есть;
Увижу: свет давно не тот.
Галчонком глянет Рождество,
И разгулявшийся денек
Прояснит много из того,
Что мне и милой невдомек.
В кашне, ладонью заслонясь,
Сквозь фортку крикну детворе:
Какое, милые, у нас
Тысячелетье на дворе?
Кто тропку к двери проторил,
К дыре, засыпанной крупой,
Пока я с Байроном курил,
Пока я пил с Эдгаром По?
Пока в Дарьял, как к другу, вхож,
Как в ад, в цейхгауз и в арсенал,
Я жизнь, как Лермонтова дрожь,
Как губы в вермут окунал.

1917
– Boris Pasternak (Борис Пастернак). “Sobre estes versos | Про Эти Стихи”. [tradução Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman]. em “Poesia Russa Moderna”. [Tradução Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman]. São Paulo: Perspectiva, 2001.
* Desfiladeiro que constitui verdadeira entrada para o Cáucaso.

§

Ah, se eu antes soubera desta sina
Ah, se eu antes soubera desta sina,
Quando me preparava para a estreia,
Que há morte nestas linhas, – assassinas!,
Como um golpe de sangue na traqueia.
Os folguedos desta busca de avessos
Eu deixaria, inúteis, de uma vez –
Já tão remoto o esforço do começo,
Tão temeroso o primeiro interesse.
Mas a velhice é Roma. Não lhe peça
Que venha com estórias de ninar.
Ela exige do ator mais que uma peça,
Uma entrega total, um naufragar.
Quando o verso é um ditado do mais íntimo,
Ele imola um escravo em cena aberta.
E aqui termina a arte, o pano fecha,
Ao respirar da terra e do destino.

1932
.

О, знал бы я, что так бывает
О, знал бы я, что так бывает,
Когда пускался на дебют,
Что строчки с кровью – убивают,
Нахлынут горлом и убьют!
От шуток с этой подоплекой
Я б отказался наотрез.
Начало было так далеко,
Так робок первый интерес.
Но старость – это Рим, который
Взамен турусов и колес
Не читки требует с актера,
А полной гибели всерьез.
Когда строку диктует чувство,
Оно на сцену шлет раба,
И тут кончается искусство,
И дышат почва и судьба.

1922
– Boris Pasternak (Борис Пастернак). “Ah, se eu antes soubera desta sina | О, знал бы я, что так бывает”. [tradução Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman]. em “Poesia Russa Moderna”. [Tradução Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman]. São Paulo: Perspectiva, 2001.

§

Minha irmã vida
Minha irmã vida hoje se desborda,
Desfaz-se contra todos como chuva.
Ó gente de berloques que rabuja
E ferroa polida feito cobra!
Os bem-postos terão razões aos centos,
Mas de tuas razões quem não rirá?
Olhos e relvas roxas na tormenta
E o horizonte odora a resedá.
Quando em maio, você, estrada afora,
Lê horários de trem. – ramais floridos,
Mais grandeza que nos Livros de Horas
Há nisto, e os olhos quedos, absorvidos.
Quando apenas o ocaso reverbera
Sitiantes à beira-ferrovia,
Percebi que a estação não era esta
E o sol-posto de mim se condoía.
Três salpicos de sino: o trem se afasta.
– Não é aqui! se desculpa, aos rechaços.
No vagão, odor de noite queimada.
Dos degraus a estepe cai para os astros.
Piscapiscando, a amada, olhos mortiços,
Fata-morgana sonhava lá fora.
O coração borrifa os passadiços
E expulsa para a estepe as portinholas.

1917
.

Сестра моя – жизнь
Сестра моя – жизнь и сегодня в разливе
Расшиблась весенним дождем обо всех,
Но люди в брелоках высоко брюзгливы
И вежливо жалят, как змеи в овсе.
У старших на это свои есть резоны.
Бесспорно, бесспорно смешон твой резон,
Что в грозу лиловы глаза и газоны
И пахнет сырой резедой горизонт.
Что в мае, когда поездов расписанье
Камышинской веткой читаешь в купе,
Оно грандиозней святого писанья
И черных от пыли и бурь канапе.
Что только нарвется, разлаявшись, тормоз
На мирных сельчан в захолустном вине,
С матрацев глядят, не моя ли платформа,
И солнце, садясь, соболезнует мне.
И в третий плеснув, уплывает звоночек
Сплошным извиненьем: жалею, не здесь.
Под шторку несет обгорающей ночью
И рушится степь со ступенек к звезде.
Мигая, моргая, но спят где-то сладко,
И фата-морганой любимая спит
Тем часом, как сердце, плеща по площадкам,
Вагонными дверцами сыплет в степи.

1917
– Boris Pasternak (Борис Пастернак).. [tradução Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman]. em “Poesia Russa Moderna”. [Tradução Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman]. São Paulo: Perspectiva, 2001.

§

De 1905
Tédio de tudo.
Só tu continuas, sem desgaste.
Os dias passam,
Os anos também passam,
Milhares de anos em lufada.
Onde te escondes?
No assomo branco das ondas?
No aroma branco das acácias?
Acaso
Não és tu, mar,
Que os esmagas
Em migalhas e migalhas de nada?
Sobre redes múltiplas, danças.
Saltimbanco
De arrulho de fonte,
Madeixa em torno da orelha,
A torrente titila a popa, quase.
És o conviva das crianças.
Mas com voz de tempestade respondes.
Quando os longes
Te chamam para casa!
Espaço de antedilúvio
Raiva e regouga de espuma.
A ressaca no ágil arrasto
Satânica
Arruína os trabalhos.
Tudo por si mesmo desfaz-se
E uiva
Numa ceva de lama
Batendo estacas a esmo.
O vórtice das cores repele
A uma voz
O pano insosso das velas.
Aproxima-se a muralha da procela.
Cada vez mais o céu liquido
Desce
Oblíquo
E rola
Tocando o fundo com suas gaivotas.
Como a névoa galvânica
Das grossas
Nuvens revoltas,
Navios que balouçam
Avançam pesados para o porto.
Relâmpagos de perna azul
Saltam feito rãs no paul.
Os cordames
Para um lado e para outro
Atiram gâmbias soltas.
Agora tudo ronca e ressona.
Caranguejos grimpam como ganchos.
Para o núcleo
De um sol todo de chumbo
Flores, cabeças miúdas, pendem.
E o mar imerso em seu marulho.
A uma versta e meia de Tênder
O encouraçado,
Massa cinzenta,
Borrifa-se de borbulhas laranja.
O sol desolado fechou-se.
Elétrico inflama-se o “Potiômkin”.
Da cozinha ao convés
Sobe uma zoada de moscas.
Tresanda a carne podre…
No mar embutia-se a noite.
A luz resmungou até de madrugada
E se extinguiu na alva ainda fosca.
Torrões de maretas matutinas
Deslizam,
Navalhas de mercúrio.
Os pés do colosso se abalam.
Mirando-as de cima
Respira o corpanzil de aço
E se anima.
Depois da prece,
A faxina:
Lavar o convés, polir a couraça.
À hora do repasto,
Ninguém ao caldeirão.
Marinheiros calados
Passam a água e pão. Súbito uma voz:
– Cada qual no seu posto!
Todos à coberta
Para os turnos de guarda!
Bilioso de raiva
O dólmã vocifera:
– Atenção
E os setecentos homens
Debaixo do trovão.
– Descontentes?
Que come, à panela.
Quem não come, à verga.
Para frente! –
A maruja faz: Ah!
E todos, turba-multa,
Lançam-se da popa
Até a bateria.
– Alto!
Basta!
Berra em sobressalto
O feroz apóstolo da sopa.
Parte dos fugitivos estaca.
E ele investe
De través:
– Chega de negaças!
Contramestre,
A lona!
Guardas,
Ao cerco!
Acuada no encerro dos canhões
A chusma aguarda
Atônita
A hora da punição.
Corações se aceleram
E um deles:
– Irmãos,
Não suporto!
Às armas, vamos!
(Cabelos revoltos)
Fogo nos covardes!
Camaradas,
Viva a liberdade!
Passos e aço se alastram
Da coberta ao porão,
A revolta revoa.
Farfalha
À altura dos traquetes.
Então feito uma acha
Ardente
Lá embaixo
Traça um arco.
– Estes não nos escapam!
Agora, agarrem
– Alto! –
Os miseráveis!
Rá-tá-tá-tá…
No alvo em disparada
O pincel certeiro de uma salva.
Rá-tá-tá-tá…
Balas saltam
De ponte a ponte.
Sobre as vagas
Rá-tá-tá-tá…
Sobre os corpos
Que vogam.
– Ele ainda está a bordo?! –
Rajadas n`água e no ar.
As queixas te amolam?
Ora! (Rajadas)
Pelos pés, da amurada,
Catapum!
Para o mar.
Que nade até Porto-Artur!*
Mas na casa das máquinas
Estavam intranqüilos.
Como ia a coisa pelo tombadilho?
Então,
Sombra sobre as caldeiras,
Gigante
Avança
Matiuchenko
E grita para as grades do inferno:
– Stiepa!
Nós os pegamos!
O maquinista emerge.
Ambos
Se abraçam.
– Agora vamos ter que andar sem ama…
– Quanto a isto, sossegue!
Os presos,
A ferros.
Os outros,
Ao mar, e bala no couro.
Stiepa,
Um instante:
Temos um mecânico-ajudante?
– Sim! Temos um.
– Isto é bom! Que venha logo para a ponte!
Passou-se o dia.
Na outra manhã,
Envolto num velário de fumo,
Um marujo,
Porta-voz em punho,
Ordena aos marujos:
– Levantem âncora! –
A voz se evola
Na bruma espessa.
O couraçado ruma para Odessa.
Costados maciços
(Borrões de laranja)
Flamam.

1926
.

Девятьсот пятый год
Морской мятеж
Приедается все,
Лишь тебе не дано примелькаться.
Дни проходят,
И годы проходят
И тысячи, тысячи лет.
В белой рьяности волн,
Прячась
B белую пряность акаций,
Может, ты-то их,
Море,
И сводишь, и сводишь на нет.
Ты на куче сетей.
Ты курлычешь,
Как ключ, балагуря,
И, как прядь за ушком,
Чуть щекочет струя за кормой.
Ты в гостях у детей.
Но какою неслыханной бурей
Отзываешься ты,
Когда даль тебя кличет домой!
Допотопный простор
Свирепеет от пены и сипнет.
Расторопный прибой
Сатанеет
От прорвы работ.
Все расходится врозь
И по-своему воет и гибнет,
И, свинея от тины,
По сваям по-своему бьет.
Пресноту парусов
Оттесняет назад
Одинакость
Помешавшихся красок,
И близится ливня стена.
И все ниже спускается небо
И падает накось,
И летит кувырком,
И касается чайками дна.
Гальванической мглой
Взбаламученных туч
Неуклюже,
Вперевалку, ползком,
Пробираются в гавань суда.
Синеногие молньи
Лягушками прыгают в лужу.
Голенастые снасти
Швыряет
Туда и сюда.
Все сбиралось всхрапнуть.
И карабкались крабы,
И к центру
Тяжелевшего солнца
Клонились головки репья.
И мурлыкало море.
В версте с половиной от тендра,
Серый кряж броненосца
Оранжевым крапом
Рябя.
Солнце село.
И вдруг
Электричеством вспыхнул “Потемкин”.
Со спардека на камбуз
Нахлынуло полчище мух.
Мясо было с душком…
И на море упали потемки.
Свет брюзжал до зари
И забрезжившим утром потух.
Глыбы
Утренней зыби
Скользнули,
Как ртутные бритвы,
По подножью громады,
И, глядя на них с высоты,
Стал дышать броненосец
И ожил.
Пропели молитву.
Стали скатывать палубу.
Вынесли в море щиты.
За обедом к котлу не садились
И кушали молча
Хлеб да воду,
Как вдруг раздалось:
– Все на ют!
По местам!
На две вахты!
И в кителе некто,
Чернея от желчи,
Гаркнул:
– Смирно! –
С буксирного кнехта
Грозя семистам.
– Недовольство?!
Кто кушать – к котлу,
Кто не хочет – на рею.
Bыходи!
Вахты замерли, ахнув.
И вдруг, сообща,
Устремились в смятеньи
От кнехта
Бегом к батарее.
– Стой!
Довольно! –
Вскричал
Озверевший апостол борща.
Часть бегущих отстала.
Он стал поперек.
– Снова шашни!!!-
Он скомандовал:
– Боцман,
Брезент!
Караул, оцепить!-
Остальные,
Забившись толпой в батарейную башню,
Ждали в ужасе казни,
Имевшей вот-вот наступить.
Шибко бились сердца.
И одно,
Не стерпевшее боли,
Взвыло:
– Братцы!
Да что ж это!
И, волоса шевеля:
– Бей их, братцы, мерзавцев!
За ружья!
Да здравствует воля! –
Лязгом стали и ног
Откатилось
К ластам корабля.
И восстанье взвилось,
Шелестя,
До высот за бизанью,
И раздулось,
И там
Кистенем
Описало дугу.
– Что нам взапуски бегать!
Да стой же, мерзавец!
Достану! –
Трах-тах-тах…
Вынос кисти по цели
И залп на бегу.
Трах-тах-тах…
И запрыгали пули по палубам,
С палуб,
Трах-тах-тах…
По воде,
По пловцам.
– Он еще на борту!!! –
Залпы в воду и в воздух.
– Ага!
Ты звереешь от жалоб!!! –
Залпы, залпы,
И за ноги за борт
И марш в Порт-Артур.
А в машинном возились,
Не зная еще хорошенько,
Как на шканцах дела,
Когда, тенью проплыв по котлам,
По машинной решетке
Гигантом
Прошел
Матюшенко
И, нагнувшись над адом,
Вскричал:
– Степа!
Наша взяла!
Машинист поднялся.
Обнялись.
– Попытаем без нянек.
Будь покоен!
Под стражей.
А прочим по пуле и вплавь.
Я зачем к тебе, Степа, –
Каков у нас младший механик?
– Есть один.
– Ну и ладно.
Ты мне его наверх отправь.
День прошел.
На заре,
Облачась в дымовую завесу,
Крикнул в рупор матросам матрос:
– выбирай якоря! –
Голос в облаке смолк.
Броненосец пошел на одессу,
По суровому кряжу
Оранжевым крапом
Горя.

1926
.– Boris Pasternak (Борис Пастернак). De 1905 – “Tédio de tudo. | Девятьсот пятый год”. [tradução Haroldo de Campos]. em “Poesia Russa Moderna”. [Tradução Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman]. São Paulo: Perspectiva, 2001.
* O ataque dos japoneses a Porto-Artur iniciara-se em fevereiro de 1904, e a praça forte redeu-se depois de quase um ano; a revolta do encouraçado Potiômkin teve lugar em junho de 1905.

***

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Boris Pasternak (Борис Пастернак)

BREVE BIOGRAFIA DE BORIS PASTERNAK
Boris Pasternak nasceu em 10 de fevereiro de 1890, filho de uma pianista e de um pintor retratista, Rosa Kaufan e Leonid Pasternak.

Educado numa família culta, teve uma formação clássica: literatura, música e línguas estrangeiras. Embora a família se mantivesse distanciada da política, aos 15 anos, ainda adolescente, assistiu à revolução de 1905, quando levou uma chibatada numa manifestação.

Fez estudos universitários em Direito e Filosofia, destacando-se suas leituras de Bergson, Husserl, dos neo-kantianos, da Bíblia e do pensamento cristão.

Foi com essa bagagem que estreou como poeta, ganhando notoriedade antes mesmo da revolução, como poeta lírico simbolista, na linhagem de Alexandre Blok e de Andrei Biely.

Em 1917, no fragor do ano revolucionário, quando “o quotidiano se tornava história”, empolgado pela efervescência ambiente, já que até “as árvores, os caminhos e as estrelas participavam dos comícios”, escreveu Minha irmã, a vida, obra celebrada pelos contemporâneos. Marcado pelos valores da filosofia idealista e do cristianismo, Pasternak aproximava-se da revolução vendo-a como transição necessária, de “um mundo de tormentos” para um “mundo harmonioso”, nas palavras de um estudioso de sua obra (M. Aucouturier). O “mundo novo” que se descortinava assinalaria o advento da Justiça, validando-se em seu nome os sacrifícios que fossem necessários e até mesmo eventuais crueldades.

Sua família disso não estava convencida. Em 1921, como muitos outros intelectuais, os pais e duas filhas – irmãs de Pasternak – partiram para o exílio.

Ao longo dos anos 1920, no quadro da Nova Política Econômica/NEP, de relativa abertura no campo das artes e da cultura, o Poeta teria trajetória controvertida, celebrado e criticado por “brancos” e “vermelhos”. Ao se referir às provações provocadas pela Revolução – “nós somos os filhos dos anos terríveis da Rússia” – emitia sinais que pareciam contraditórios aos radicais de ambos os lados. Em seu poema a Lênin, figurado como determinado a tudo para conseguir seus objetivos: “ele só tinha a história como amiga”, alguns viram em supostos elogios notas críticas, dissonantes.

Em certos momentos, alguns de seus heróis pareciam deslocados, incapazes de se adaptarem ao mundo novo que emergia. Quanto aos revolucionários, assumiam, às vezes, características despóticas.

Entre 1925-1927, quando se comemoraram na União Soviética os 20 anos da revolução de 1905, dois poemas, “1905” e “O tenente da marinha Schmidt”, mostraram um claro viés romântico revolucionário. Entretanto, os membros da Associação Russa de Escritores Proletários, a RAPP, entre outros, continuavam criticando Pasternak como “individualista burguês”, incapaz de se situar – e de se integrar – numa sociedade proletária.

Como outros simpatizantes da revolução, como eram chamados os intelectuais não filiados ao partido comunista nem militantes políticos, o Poeta abordou os anos 1930 com uma visão cada vez mais crítica da revolução e do socialismo soviético. Defendia o primado da intuição e a independência da arte face ao poder: “a arte precisa de um salvo-conduto”. Entretanto, a violência revolucionária parecia-lhe, e a muitos outros, como necessária para dar fim a um mundo injusto e cruel.

A revolução pelo alto, empreendida desde fins dos anos 1920, sob liderança de Stálin, representou para ele um desabamento de referências. É verdade que a dissolução das organizações de escritores “proletários” lhe daria uma trégua. Na nova União dos Escritores, fundada em 1934, chegou mesmo a assumir postos de direção, viajando ao exterior, em 1935, representando a cultura soviética. Por outro lado, chegou a interceder, mais de uma vez, diretamente junto a Stálin, para salvar dos campos de concentração intelectuais renomados, como foi o caso de O. Mandelstam e de N. Punin. Foi de Stálin, aliás, que ganharia o apelido de “habitante das nuvens”, o que o salvou da prisão, solicitada pela polícia política.

No contexto do acirramento dos expurgos, na segunda metade dos anos 1930, refugiou-se nas traduções, tornando-se um conhecido – e celebrado – tradutor de Shakespeare e de Goethe. Permaneciam, porém, ambivalências, quanto ao fato de ter elogiado a Constituição de 1936 e assinado – contra sua vontade – um manifesto em apoio ao assassinato de M. Tukhatchevski e I. Iakir, oficiais generais do Exército Vermelho.

A explosão da Segunda Guerra Mundial foi, para ele, como para muitos outros, uma libertação, ensejando a possibilidade de trabalhar para a “pátria socialista em perigo”.

Foi depois do fim da guerra, em 1946, que se lançou na elaboração de Doutor Jivago. Sob crescentes ataques, insultado como “reacionário”, como “emigrado interior” e “homem atrasado”, mesmo entrevendo o retorno de tempos sombrios, o Poeta manteve-se sereno, dedicado à obra de sua vida – uma autobiografia romanceada.

Documentos posteriormente publicados evidenciam que chegaram a ser cogitadas contra ele medidas extremas, como a privação da cidadania soviética e o exílio. Salvaram-no duas mortes naturais: a de A. Jdanov, ideólogo e chefe dos comunistas, em agosto de 1948; e a do próprio tirano, Stálin, em março de 1953.

No quadro do “degelo” que se seguiu, o Poeta sentiu-se em condições de propor a publicação de sua obra em começos de 1956. Mas em longa carta a ele dirigida, uma comissão de escritores o fez ver que era tarefa impossível, pois o romance questionava valores considerados essenciais pela Ordem vigente. Segundo eles, não se tratava de propor emendas. Em seu conjunto, Pasternak punha em questão a própria revolução, seus paradigmas e objetivos, as referências básicas da militância comunista. Enquanto a revolução era apresentada como feita por “fanáticos” insensíveis, Jivago, o herói principal, metáfora do próprio Pasternak, aparecia como um homem pronto ao sacrífico, ao dever. Condenado como “orgulhoso e egocêntrico”, “satanicamente arrogante”, a recusa inapelável condenava o autor ao silêncio.

Não contavam com a decisão do Poeta – inaudita então – de contrabandear a obra para o exterior, onde foi entregue ao editor comunista italiano G. Feltrinelli. Todas as pressões do mundo, acionadas, não foram capazes de impedir a publicação do romance, primeiro na Itália, em novembro de 1957. Pouco depois, em Paris, Londres e Nova York.

Armou-se o escândalo internacional. Instrumentalizaram-se as consciências em toda a parte. O livro tornou-se rapidamente uma arma na Guerra Fria. No meio do redemoinho, em outubro de 1958, Pasternak foi agraciado com o Prêmio Nobel. Na União Soviética, cobriam-no de insultos. Na Europa ocidental e nos Estados Unidos, era celebrado como vítima heróica. O Poeta, acusado de “porco”, “fascista” e de “emigrado interno branco”, acabou sendo excluído da União dos Escritores.

Pressionado e humilhado, foi salvo por um câncer no pulmão que o matou em 30 de maio de 1960.

Uma primeira edição de suas Obras Completas apareceu nos Estados Unidos no ano seguinte. Mas o romance só seria publicado na União Soviética em 1988. Foi preciso esperar seu centenário, em 1990, para que suas obras, em cinco volumes, fossem publicadas na terra onde nascera.

Numa longa trajetória, Pasternak terá ido da aceitação, ora eufórica, ora reservada, da revolução, a uma rejeição definida, embora não sectária, dos ideais revolucionários. Fixou-se, no entanto, na memória das gentes, como personificação da luta multissecular do artista contra o Estado.
Fonte: Excerto do texto do professor história contemporânea da UFF Daniel Aarão Reis. in: Cia das Letras.

Obras em português
:: O doutor Jivago. Boris Pasternak. [tradução Aurora Fornoni Bernardini e Sônia Branco]. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
:: O doutor Jivago. Boris Pasternak. [tradução de Augusto Abelaira; tradução dos poemas por David Mourão-Ferreira; prefácio de Aquilino Ribeiro]. Lisboa: Livraria Bertrand, 1959.

Antologia (participação)
:: Poesia Russa Moderna. [Tradução Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman]. São Paulo: Perspectiva, 2001.
:: Poesia da recusa. [organização e tradução Augusto de Campos]. Coleção signos 42. São Paulo: Editora Perspectiva, 2006.

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Olga Ivinskaja e Boris Pasternak

© Obra em domínio público

© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske em colaboração com José Alexandre da Silva







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