Ana Paula Dias no solo 'Bombordo ou Uma Ilha para o Esquecimento' - foto Antonio Filho
Espetáculo ‘Bombordo ou Uma Ilha para o Esquecimento’ propõe reflexões sobre memória, luto e a arte de seguir em frente a partir da história de uma mulher e sua mãe com Alzheimer que estão à deriva em alto mar
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A jornada de uma mãe e uma filha na fronteira entre o esquecimento, a dor e a redescoberta da própria essência é tema de Bombordo ou Uma Ilha para o Esquecimento, segundo monólogo autoral da atriz e professora Ana Paula Dias. O espetáculo tem sua temporada de estreia no espaço ºAndar, de 17 de maio a 8 de junho 2025, com apresentações aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h.
Navegando entre o íntimo e o universal, o espetáculo convida o público a uma jornada sensorial e emocional, onde o mar se transforma em metáfora para as paisagens internacionais do protagonista — e da própria atriz em cena.
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O que era para ser uma fuga transforma-se em um espelho. Uma mulher parte em uma viagem solitária de veleiro, determinada a deixar para trás um cotidiano sufocante e as cicatrizes de um amor perdido. Mas, no último momento, ela se vê obrigada a levar consigo sua mãe, que sofre de Alzheimer — uma presença que embaralha ainda mais os limites entre passado e presente, entre cuidadora e dependente.
Enquanto navega por mares gelados, a protagonista luta contra os esquecimentos da mãe: perguntas repetidas, histórias truncadas, a incapacidade de ponderar até mesmo o barco que as abriga. Aos poucos, porém, percebe que não está apenas lembrando por duas — ela também é confrontada com suas próprias fugas de memória. A morte do pai, enterrada sob camadas de negação. As dores de um rompimento amoroso que ela tenta apagar com distâncias geográficas. O medo de viver, disfarçado de aventura.
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O mar, antes símbolo de liberdade, torna-se uma armadilha. As coordenadas se perdem, os dias se repetem, e a viagem revela seu verdadeiro propósito: uma travessia para dentro de si mesma. Mãe e filha reencenam gestos esquecidos — amarrar sapatos, fazer nós, contar histórias —, enquanto a protagonista enfrenta a pergunta que a assombra: O que mais eu escolhi não lembrar?
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Com uma narrativa não linear e atmosferas que oscilam entre o poético e o claustrofóbico, Bombordo questiona: O que escolhemos lembrar? O que não podemos evitar esquecer? A direção e dramaturgia exploram a técnica Meisner, priorizando a escuta, a verdade do momento e a presença física como eixos da narrativa.
Sobre Ana Paula Dias
Especializada na técnica Meisner desde 2011 — uma das primeiras e poucas profissionais certificadas no Brasil —, Ana Paula Dias é fundadora da Be True , onde ministra cursos e desenvolve sua pesquisa baseada na técnica, sobre presença, escuta e verdade cênica . Além de atuar em produções audiovisuais como atriz e preparadara de elenco, Ana Paula criou e atuou em webséries, assim como aconteceu, escreveu e protagonizou outros espetáculos que refletem seu compromisso com temas humanos essenciais, como seu primeiro monólogo, Vazio (2015).
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Em Bombordo, ela aprofunda sua investigação artística sobre o poder da presença: “O teatro é o lugar onde a vida é vivida em tempo real. Essa peça fala sobre perdas, mas também sobre a força de estar presente — mesmo quando tudo parece desmoronar”, reflete.
Ficha Técnica
Criação e atuação: Ana Paula Dias | Colaboradores/propositores: Anayan Moretto, Telma Fernandes, Victoria Moliterno, Julio Dojcsar | Dramaturgia: Ana Paula Dias | Cenário: Julio Dojcsar | Figurino e designer gráfico: Victoria Moliterno | Iluminação: Telma Fernandes | Trilha sonora: Ale Martins | Fotos: Antonio Filho | Produção executiva e assistência de figurino: Marcelo Leão | Assessoria de imprensa: Pombo Correio | Produção: Anayan Moretto | Realização: Be True e ºANDAR
Sinopse
O que começa como uma fuga solitária de veleiro torna-se uma viagem involuntária ao passado quando a protagonista se vê obrigada a levar consigo sua mãe, que sofre de Alzheimer. Enquanto lida com os esquecimentos repetitivos da mãe, ela é confrontada com suas próprias memórias soterradas: a morte do pai, um amor perdido e o medo de viver plenamente. Em um barco que é ao mesmo tempo abrigo e prisão, mãe e filha reencenam gestos cotidianos, revelando como o passado insiste em habitar o presente
Serviço
Bombordo ou Uma Ilha para o Esquecimento
Temporada: 17 de maio a 8 de junho de 2025
Dias/horários: Aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h
Onde: ºANDAR – Rua Dr. Gabriel dos Santos, 30, 2ºandar, Santa Cecília, São Paulo
Entradas: R$ 35,00 / R$ 50,00/ R$ 75,00
Vendas no Sympla e na bilheteria (sujeito a lotação)
Classificação indicativa: 12 anos
Lotação: 50 lugares
Duração: 50 minutos
Mais informações: @betrueart / @anadias1980 / @o.andar
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