domingo, agosto 17, 2025

Afra lança EP ‘Casa Azul’

Um passeio solar que reinterpreta afetos e celebra recomeços. Após um hiato de dois anos, AFRA retorna à cena com o lançamento de Casa Azul, EP autoral que acaba de chegar às plataformas digitais. O trabalho marca uma virada artística na trajetória da cantora, compositora e multiartista carioca, que ressurge com sonoridade amadurecida e produção 100% independente.
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Inspirado por um momento íntimo de recomeço — quando Afra voltou a morar na casa azul de sua mãe após uma separação -, o disco homenageia a força das mulheres pretas de sua família e os ciclos de cura que a ancestralidade permite. “Essa casa representa um refúgio. Só posso estar aqui hoje, conquistando o que conquistei, porque minha mãe, minha avó e minha bisavó vieram antes. Pra comunidade preta, ter esse lugar pra onde voltar ainda é um feito raro”, afirma.

Casa Azul foi concebido a partir de composições feitas por Afra ao violão e produzidas em colaboração com os músicos Mateus Latgé – da premiada banda Tereza e atualmente na produtora S de Samba – e Nixon Silva. A sonoridade do disco passeia com leveza entre o afropop, a MPB e o samba, com sotaque contemporâneo e influências de artistas como Liniker, Luedji Luna e Alabama Shakes. “É um passeio solar”, define Afra. “Um som que mais aquece do que queima.”
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A faixa de abertura, Fiz Um Samba é um hino ao amor preto e sapatão, narrando o encontro com sua ex-mulher. Já Tudo Vai Mudar é uma homenagem ao sobrinho da artista, que havia acabado de completar dois anos quando a faixa foi composta – e que hoje está prestes a fazer três. Só Pra Dizer traz uma abordagem mais contida e íntima, nascida do desejo de reafirmar o afeto mesmo em meio a conflitos. Com letra direta e melodia suave, a faixa transforma o “só” em um “muito” – um lembrete de que gestos simples também podem carregar profundidade e cuidado. Logo depois, A Beleza É Você Menina atualiza o clássico de Bebeto com uma leitura afetiva sobre autoimagem e autoestima de mulheres negras. O EP se encerra com a faixa-título, que presta tributo à mãe de AFRA – que também aparece no videoclipe, filmado ao amanhecer na praia do Leme, sob direção de Laís Dantas (banda Tuyo).

Na nova fase, Afra se reconhece como artista completa: “É um retorno com mais maturidade e profissionalismo. Hoje eu me vejo como a artista que sempre fui, mesmo antes de ter consciência disso.” Com mais de 150 mil reproduções no Spotify, a cantora segue expandindo sua trajetória de forma afetiva, política e musical.
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Nas próximas semanas, Casa Azul ganha ainda duas live sessions que serão lançadas no YouTube e no Instagram da artista.
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Com passagens por festivais como Suburbia e UneVersos, onde dividiu palco com Letrux, Mulamba e Alice Güel, Afra surgiu na cena da nova MPB em 2019. Suas canções, que celebram o amor em suas diversas formas, já integraram trilhas de webséries como Esconderijo e Retorno de Saturno, somando elogios da crítica e centenas de milhares de plays nas plataformas digitais.

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Afra e a mãe – foto: Laís Dantas

FAIXA A FAIXA POR AFRA
Fiz Um Samba
A faixa começa com uma citação de Lucidez, do Jorge Aragão, e se transforma em um festivo afropop. A música conta a história de como eu e minha ex-mulher — na época, minha esposa — nos conhecemos. Ela me viu em um samba, mas eu não a vi. Depois, me adicionou no Instagram e, um ano depois, nos esbarramos. Foi um encontro de almas. Nenhuma de nós queria se envolver com mais ninguém, mas ali estávamos: totalmente apaixonadas. Disse a ela que o tempo tinha nos maturado para que nos encontrássemos no momento certo. É uma celebração do amor preto e sapatão.
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A Beleza É Você Menina
Essa versão foi uma ideia do Mateus. Ele sugeriu que resgatássemos músicas antigas e déssemos a elas um frescor atual — eu topei na hora. Gravamos a voz na casa da mãe dele, em Niterói, e fui me envolvendo cada vez mais com a letra. Hoje, vejo essa canção como uma homenagem a mim mesma. É como se eu me lembrasse da beleza que carrego. Crescer como uma mulher preta, grande e sapatão trouxe muitos atravessamentos, que afetaram meu modo de me enxergar. Hoje, reafirmo: a beleza sou eu. Quanto mais me conheço e me preencho, mais me amo. É um movimento sem volta.

Tudo Vai Mudar
Uma homenagem singela ao meu sobrinho, por quem sou devotamente apaixonada. O Mateus apareceu com a melodia pronta e me pediu para escrever a letra. A primeira versão começava com o sobrinho dele cantando “Tudo Va Cambiar”. Aquela voz de criança me lembrou muito o meu sobrinho — então decidi mudar a letra para expressar esse amor. Estou sendo tia pela primeira vez. Lembro de pensar, ao saber que minha cunhada estava grávida, que tudo ia mudar: meu irmão deixaria de ser apenas filho e se tornaria pai; eu deixaria de ser só filha, e me tornaria tia; minha mãe passaria a ser avó. E tudo realmente mudou. Quando finalizamos a gravação, senti que a música pedia uma participação especial. Pedi à minha cunhada que me enviasse áudios de WhatsApp com meu sobrinho falando qualquer coisa. Hoje, toda vez que ouço o “Oi, tia Afa” no meio da música, eu sorrio. Acho que esse sorriso é a única coisa que nunca vai mudar.
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Só Pra Dizer
Essa faixa fala de coisas simples nas palavras, mas profundas na ação. Surgiu após uma briga com minha ex-mulher — então, minha esposa — e da vontade de expressar tudo o que sentia, além do desentendimento: o amor, o carinho, tudo o que nossa relação me proporcionava. A certeza de um amor onde o “só” se fazia cheio de “muito”.
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Casa Azul
Quando eu estava na faculdade, compus uma música para minha mãe no Dia das Mães. Era simples, até meio boba, retratando nosso cotidiano. Mas acabou ficando conhecida entre colegas e professores — o Mateus, inclusive, era um grande entusiasta dela. Quase 20 anos depois, senti que era hora de uma nova homenagem, com mais maturidade. Quis escrever uma música que realmente representasse minha mãe — essa mulher que sempre esteve comigo em todos os momentos possíveis. Uma mulher de quem sou fã. Que, até hoje, está disposta a me acolher no colo, se for preciso.

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Capa do EP ‘Casa Azul’ • Afra • Selo Independente / dist. Tratore • 2025

EP ‘Casa Azul’ • Afra • Selo Independente / dist. Tratore • 2025
Canções / compositores
1. Fiz um samba (Afra)
2. A beleza é você menina (Afra)
3. Tudo vai mudar (Afra)
4. Só pra dizer (Afra)
5. Casa azul (Afra)
– ficha técnica –
Afra: voz e violão | Mateus Latgé: baixo e cavaquinho | Nixon Silva: guitarra | Produção musical: Mateus Latgé e Nixon Silva | Direção artística do EP: Afra, Mateus Latgé e Laís Dantas | Direção artística do clipe: Afra e Laís Dantas | Direção de fotografia: Laís Dantas | Iluminador cênico: Jon V Thomas | Produção executiva: Bárbara Viana | Stylist: Faby Pernambuco | Figurino: GAH | Hair & makeup: Marina Alves | Still: João Latgé | Locação: S de Samba | Assessoria de imprensa: Sarah Martins / Bianco Assessoria | Selo: Independente | Distribuição digital: Tratore | Formato: EP digital | Ano: 2025 | Lançamento: 8 de agosto | ♪Ouça o EP: clique aqui | ♩Assista o clipe ‘Casa Azul’: clique aqui.
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> Siga: @afrasg

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Afra e a mãe – foto: Laís Dantas
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Afra – foto: Laís Dantas
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Afra – foto: João Latgé

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Série: Discografia da Música Brasileira / Canção / EP digital.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske


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