“Eu sei que ler, ouvir, dizer poesia hoje, neste tempo de tanto desapego, tanta correria é uma tarefa ‘quixotesca’. É como provocar o mundo, ofender o mundo, pois vivemos como se não coubesse mais o silêncio as delicadezas, mas cabem e isso me comove e me atrai.”
– Maria Bethânia em “Bethânia e as palavras”. Caderno de Poesias.

Grande Sertão: Veredas – de João Guimarães Rosa
Maria Bethânia lê DIADORIM, trechos de GSV – assista o vídeo abaixo

“Aquele lugar, o ar. Primeiro, fiquei sabendo que gostava de Diadorim – de amor mesmo amor, mal encoberto em amizade. Me a mim, foi de repente, que aquilo se esclareceu: falei comigo. Não tive assombro, não achei ruim, não me reprovei – na hora. Melhor alembro.”

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“O nome de Diadorim, que eu tinha falado, permaneceu em mim. Me abracei com ele. Mel se sente é todo lambente – “Diadorim, meu amor…” Como era que eu podia dizer aquilo?”

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“E como é que o amor desponta.”

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“Coração cresce de todo lado. Coração vige feito riacho colominhando por entre serras e varjas, matas e campinas. Coração mistura amores. Tudo cabe.”

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“E eu – como é que posso explicar ao senhor o poder de amor que eu criei? Minha vida o diga. Se amor ? … Diadorim tomou conta de mim.”

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“E de repente eu estava gostando dele, num descomum, gostando ainda mais do que antes, com meu coração nos pés, por pisável; e dele o tempo todo eu tinha gostado. Amor que amei – daí então acreditei.”

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“Um Diadorim só para mim. Tudo tem seus mistérios. Eu não sabia. Mas, com minha mente, eu abraçava com meu corpo aquele Diadorim- que não era de verdade. Não era?”

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“Diadorim deixou de ser nome, virou sentimento meu”

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“Aquilo me transformava, me fazia crescer dum modo, que doía e prazia. Aquela hora, eu pudesse morrer, não me importava.”

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“Diz-que-direi ao senhor o que nem tanto é sabido: sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando; mas, quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois.”

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“Tudo turbulindo. Esperei o que vinha dele. De um aceso, de mim eu sabia: o que compunha minha opinião era que eu, às loucas, gostasse de Diadorim, […] no fim de tanta exaltação, meu amor inchou, de empapar todas as folhagens, e eu ambicionando de pegar em Diadorim, carregar Diadorim nos meus braços, beijar, as muitas demais vezes, sempre.”

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“Abracei Diadorim, como as asas de todos os pássaros”

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“Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a
gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.”

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“amor é a gente querendo achar o que é da gente.”

Maria Bethânia | Grande Sertão Veredas (DIADORIM)
Trechos do livro ‘Grande Sertão Veredas’, de Guimarães Rosa da leitura “Bethânia e as palavras”. Extraído do DVD “Caderno de Poesias”.

O DVD
:: Maria Bethânia – Caderno de Poesias …. Quitanda | Biscoito Fino.

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